terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Igrejas pobres, de pouca força, amadas pelo Senhor

Os capítulos 2 e 3 de Apocalipse contêm sete cartas do Senhor Jesus, endereçadas às sete igrejas da Ásia menor. Sete igrejas locais dos tempos do apóstolo João, figuras da Igreja de Cristo em todas as épocas e lugares. Mensagens úteis para os crentes de ontem, hoje e sempre. Uma das muitas lições extraídas daquelas cartas refere-se a questões financeiras e de posição social da noiva do Cordeiro. Vale a pena meditarmos nesse tema, sobretudo nos dias atuais. 

O que temos visto por toda parte são denominações ditas “evangélicas” enriquecendo-se, construindo templos suntuosos, ocupando espaço cada vez maior na TV, recebendo a visita de políticos de destaque (inclusive presidentes da República e governadores de Estado), promovendo eventos grandiosos e cerimônias cheias de pompa. Em época de eleições, os principais candidatos aos cargos mais elevados vão até os cultos a fim de pedir o voto do povo de Deus, inclusive aqueles políticos cujas propostas chocam-se violentamente com os valores bíblicos. Pastores e outros líderes têm ocupado cargos importantes na política. E muitos evangélicos regozijam-se ao verem essas coisas. 

Entretanto, das sete igrejas mencionadas no Apocalipse, duas recebem somente elogios do Senhor Jesus, e nem uma única repreensão. Esmirna e Filadélfia. Para a primeira, Cristo diz: “Conheço a tua tribulação, a tua pobreza (mas tu és rico)”. E para esta última, “tens pouca força, entretanto guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome”. Esmirna, a igreja pobre, e Filadélfia, a que tem pouca força. Ambas agradaram ao Senhor, pois apesar de suas limitações (ou, talvez, por causa delas) souberam esperar somente em Deus e n’Ele depositar toda a confiança. Não possuíam nenhum tesouro além de Cristo. 

O desejo de prosperar traz consigo um grande perigo, que é o de alguém desenvolver em seu íntimo o amor pelas riquezas e glórias desse mundo. “Ninguém pode servir a dois senhores”, diz a Palavra de Deus. Mas existem igrejas inteiras desprezando o alerta bíblico. Não percebem, mas seu coração está mudando e o anelo por conquistas materiais toma a cada dia o lugar do Senhor Jesus. Sim, estão desentronizando o Filho de Deus e erguendo um trono ao deus Mamom. Edifícios grandes e imponentes, grupos de louvor famosos, muitas luzes e efeitos visuais, multidões! Isso contagia, todos querem também prosperar individualmente, ter muito conforto e sucesso. 

Mas algo essencial foi esquecido. A alegria advinda da certeza da salvação. O prazer em visitar um irmão e conversar animadamente sobre as coisas do Reino de Deus. A graça de reunir toda a família à mesa e saborear o alimento com o coração grato, louvando ao Senhor e reconhecendo Sua maravilhosa provisão. O júbilo em ver aquele amigo de infância, outrora tão endurecido em relação ao Evangelho, converter-se verdadeiramente e tornar-se um irmão em Cristo. A oração fervorosa e persistente em favor dos familiares e amigos ainda não alcançados pela mensagem da cruz. “Bem-aventurados (mais que felizes) os que têm fome e sede de justiça”. A Igreja contemporânea, em sua quase totalidade, parece ter perdido essa incomparável bem-aventurança. 

Igreja, é hora de darmos um basta nisso tudo. O retorno à simplicidade do Evangelho precisa ser uma prioridade absoluta para nós, e essa simplicidade abrange necessariamente todo o nosso modo de ser e viver, como indivíduos e como Corpo de Cristo. Temos que abandonar essa bobagem de querermos ser “grandes”, conquistando espaço na mídia e poderio político. É tempo de confessarmos nosso amor pelo dinheiro, nos arrependermos de nossas alianças com os poderosos desse mundo e reaprendermos a ser crentes. Precisamos deixar de imitar a cultura Pop e voltarmos nossos olhos para os nossos irmãos do passado, pequenos, humildes, anônimos e santos, que sabiam servir a Deus. E, sobretudo, atentarmos para o exemplo do nosso bendito Senhor Jesus, que mesmo sendo Rei dos reis e Senhor dos senhores nunca deixou de ser manso e humilde de coração.

Um comentário:

  1. A Paz, irmão Antônio Batalha! Obrigado pelas palavras. Já acessei seu Blog, e pude perceber que é, sim, uma bênção! Que Deus continue abençoando-o e usando-o como instrumento para a edificação de muitos irmãos!

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