É comum ouvirmos histórias de pessoas que esfriaram na fé ou que se desviaram enquanto cursavam teologia. Até mesmo entre os ministros do Evangelho fieis e tementes a Deus, ouvimos testemunhos sobre o quanto suas crenças, até então vivas e vigorosas, enfrentaram pesados ataques nos tempos de seminário. Isso porque, lamentavelmente, o pensamento ateu (que é o fundamento do chamado “liberalismo teológico”) encontrou espaço justamente lá, onde as pessoas vão aprofundar seus conhecimentos nas Sagradas Escrituras, preparando-se para um futuro ministério pastoral, missionário ou evangelístico. Será que isso faz sentido? As escolas teológicas evangélicas são o que deveriam ser? E, se não são, como deveriam ser os seminários de teologia?
Cremos que, antes de qualquer outra coisa, deveriam ser locais de reverente estudo das Escrituras, onde a inerrância bíblica jamais fosse questionada. Considerando que a Bíblia é a Palavra viva de um Deus infalível, nossa postura diante dela precisa ser semelhante à de uma criança que, de coração aberto, recebe uma novidade. Nos seminários, todos os estudos de grego, hebraico, história, geografia e outras disciplinas serviriam tão-somente para que alunos e professores buscassem aprofundar sua compreensão acerca do que o Senhor, nas Escrituras, pretendeu nos revelar.
Os seminários também deveriam ser espaços ideais para o crescimento da piedade, sendo os alunos constantemente incentivados às práticas devocionais, orações individuais e em grupos, e mortificação do pecado. Seriam ambientes de refúgio, livres da má influência da mídia (sobretudo da TV), onde os computadores somente serviriam para propósitos santos. Lugares onde a sensualidade não passaria sequer pelos portões de entrada dos campi. Os internos encontrariam todas as condições propícias à busca da santidade, não de modo legalista, mas como forma de se agradar a um Deus digo de toda adoração. Buscar-se-ia tudo que é puro, honroso e bom, por meio de estudos, reuniões de culto, testemunhos, palestras, etc, para que a glória de Deus se manifestasse na vida de todos.
Além disso, deveriam ser ocasiões para que os alunos conhecessem mais de perto o sofrimento do próximo. Os trabalhos em hospitais, presídios, asilos e periferias, bem como as visitas às regiões mais carentes do país (como o sertão nordestino, Amazônia, Vale do Jequitinhonha e outros) seriam frequentes, para que os futuros ministros
exercitassem a compaixão, essencial no cristianismo. E toda essa obra se faria com o propósito primário de se levar o Evangelho aos mais sofridos, sendo a assistência material e psicológica, necessariamente, submetidas à espiritual (pois de que adiantaria cuidar do corpo e não se importar com o destino eterno da alma?).
Enfim, os seminários seriam ambientes onde todo desconhecimento bíblico, superficialidade, amor pelo mundo, indisciplina, soberba, egoísmo e males semelhantes cairiam por terra, esmagados pelas armas do Evangelho. Lugares destinados à formação de santos, pelo poder e para a glória de Deus. Quem se matriculasse num curso de teologia evangélica e nele permanecesse até a graduação, de lá sairia cheio de amor por Cristo e ansioso para ganhar almas. Que bênção, se a realidade fosse assim! Mas sabemos que não é. Clamemos, então, ao Senhor da Seara, para que erga verdadeiras
escolas a serviço do Seu Reino, onde o Espírito Santo aja poderosamente, transformando homens e mulheres comuns em verdadeiros discípulos. A Sua graça pode operar esse milagre, mesmo em tempos tão difíceis como os dias atuais!