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segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Você sabe o que é marxismo cultural?

O termo parece complicadíssimo, mas trata-se de algo bastante presente na nossa realidade, um assunto que nós, crentes em Jesus Cristo, precisamos conhecer. Pois afeta a cada um de nós, nossas famílias, igreja e toda a sociedade em que vivemos. Podemos dizer, sem exagero nenhum, que o marxismo cultural é um dos mais terríveis instrumentos do diabo nesta geração. Você sabe o que isso significa?

A palavra “marxismo” basicamente significa o mesmo que “comunismo”, ou “socialismo”. Aqueles dentre nós com idade em torno de 40 anos ou mais certamente se lembram de ouvir falar em países comunistas, como a União Soviética, Romênia, Polônia, Alemanha Oriental, China, Cuba, etc. Neles as pessoas não desfrutavam de liberdade nenhuma, nem sequer podiam sair de lá sem autorização do governo. Religiões eram perseguidas, ou até proibidas. As pessoas dispunham apenas do básico para sobreviver, não havia possibilidade de ascensão social, por mais que alguém se empenhasse no trabalho ou nos estudos. Na política não existiam eleições nem oposição, o Partido Comunista governava sozinho, com mão forte.

O comunismo foi implantado primeiramente na Rússia, em 1917, e de lá alcançou diversos países, sempre com o uso da força (guerrilhas, invasões, derrubadas de governos). Há cerca de 30 anos atrás, os países comunistas foram à falência. Hoje existem eleições livres em quase todas aquelas nações, as pessoas podem ir e vir, abrir seus próprios negócios, manifestar suas opiniões, cultuar a Deus livremente. Parecia que o pesadelo comunista havia chegado ao fim. Mas, ao contrário do que muitos imaginam, o marxismo continua vivo e forte, com uma nova aparência cuidadosamente planejada para confundir.

No início do Século passado, alguns anos depois dos comunistas chegarem ao poder na Rússia, um político e filósofo italiano muito inteligente (e perigoso) chamado Antônio Gramsci concluiu que as táticas para implantação do comunismo estavam erradas. Em todos os lugares, o que se fazia era tentar convencer operários e camponeses (a parte pobre da população) a lutar contra os governantes e os grandes empresários (os ricos). Gramsci afirmava que isso não funcionaria, pois os cidadãos comuns não estavam prontos a abraçar uma luta violenta em prol de uma ideologia chamada marxismo. Segundo ele, primeiro era necessário mudar a cultura da população, e só depois dar o grande golpe, isto é, implantar a ditadura marxista.

Cultura é o nosso modo de viver, falar e se vestir, nossos gostos, crenças e valores. Nos países europeus ou de colonização europeia, por influência do cristianismo, a cultura valorizava a família e a religião. Isso era ensinado às crianças nas escolas, em casa e nos meios de comunicação. Gramsci entendia que os comunistas precisavam destruir esses valores e construir outros, radicalmente diferentes. A batalha deveria ser travada principalmente nas salas de aula, na música, cinema, teatro, livros, revistas, nas rádios, etc. Para o comunismo triunfar, era preciso lutar contra a fé em Deus e também contra a família tradicional (formada por marido, esposa e filhos). Ao mesmo tempo, dividir a sociedade entre “opressores” e “oprimidos”, incitando o segundo grupo a rebelar-se contra o primeiro (exemplo: filhos contra pais, mulheres contra homens, etc).

Por volta dos anos de 1960, os marxistas começaram a perceber que a proposta de Gramsci (e de seus sucessores da chamada “Escola de Frankfurt”) fazia sentido. Desde então, professores, músicos, escritores, atores, autores de novelas e outros profissionais socialistas passaram a divulgar valores contrários aos do cristianismo, usando linguagem simples para que todos pudessem entender e assimilar. Essa “nova cultura”, o marxismo cultural, inclui: desprezo pelo casamento e pela virgindade, desconstrução dos papeis do homem e da mulher na família, incentivo ao uso de drogas e álcool, promoção da libertinagem sexual, da rebeldia contra os pais e autoridades, do aborto, etc. Trata-se de uma autêntica lavagem cerebral, que faz das crianças, adolescentes e jovens suas vítimas preferenciais.

Hoje muitos pensam que o comunismo é coisa do passado, por causa da derrocada econômica dos países socialistas. Mas basta observarmos com atenção as letras das músicas de sucesso, o conteúdo das novelas, filmes e minisséries e os temas presentes nos livros adotados nas escolas para percebermos profundas mudanças na cultura brasileira. Até em igrejas, sobretudo as mais liberais, o discurso não é o mesmo que se ouvia num passado recente. Sem se dar conta, o povo deste país tem trocado, dia após dia, os valores cristãos pelos do marxismo cultural. A tolerância às práticas e estilos de vida que mais afrontam a Bíblia cresce rapidamente, e desta forma o Brasil, assim como várias outras nações do planeta, abre caminho para ser tomado de assalto pelos marxistas. Que nós tenhamos consciência dessa terrível ameaça e nos apeguemos aos valores eternos do Evangelho de Cristo, a única mensagem apta a salvar nosso país!

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

A história de um crente que se desviou no Seminário

Aos dezesseis anos, Jonas vivenciou uma genuína experiência de novo nascimento. Foi num acampamento promovido pela igreja durante o carnaval. Na segunda-feira, por volta de sete e meia da manhã, orando com os irmãos antes do café, o rapaz que até então não se interessava pelo Evangelho e frequentava os cultos por puro hábito foi tomado por uma forte convicção de seus pecados e de sua dependência da graça divina. Trêmulo e profundamente comovido, clamou pelo perdão de Deus e entregou a vida a Cristo.

Por dois anos consecutivos, Jonas viveu o primeiro amor. Tornou-se assíduo participante da Escola Bíblica Dominical, evangelizou amigos, vizinhos, colegas de escola e parentes. Logo passou a sonhar com o ministério pastoral, expôs seu desejo aos pastores da igreja, e, assim que concluiu o ensino médio, prestou vestibular para Teologia, tendo sido aprovado em primeiro lugar no exame. No dia exato em que completou dezoito anos, o jovem iniciou os estudos num dos Seminários Teológicos mais respeitados do Brasil.

Logo na primeira semana um acontecimento transformou de modo radical a vida de Jonas. No auditório, com a presença dos alunos do primeiro ao último período, foi ministrada pelo diretor do Seminário, um renomado doutor em Teologia, a aula inaugural com o tema “Os Novos Rumos do Cristianismo”. Ali, durante uma hora e meia, o palestrante expôs ao ridículo as principais doutrinas bíblicas do Evangelho que compunham a fé do calouro Jonas, em especial o tema da ressurreição de Cristo. As palavras do experiente teólogo destruíram irremediavelmente o sonho de um rapaz que acreditava em Deus com a simplicidade de uma criança.

Ele não dormiu naquela noite, e mal pode dormir durante duas semanas. Pensou em abandonar o Seminário – deveria tê-lo abandonado e buscado aconselhamento com algum pastor da sua igreja – mas, num misto de orgulho e vergonha, decidiu permanecer ali. Expôs suas dúvidas a alguns professores, os quais, gentilmente, explicaram que aquela crise era “normal”, confessaram terem vivido situações semelhantes e, por fim, acolheram o talentoso aluno. Incentivado por seus mestres e colegas, Jonas mergulhou fundo nos estudos, devorando livros de autores como Rudolf Bultmann e Paul Tillich. Graduou-se em Teologia, fez mestrado, doutorado e tornou-se professor na mesma instituição teológica onde se formou. Jamais exerceu o pastorado ou qualquer outro ministério em igreja.

Ao longo de vinte e cinco anos, Jonas construiu uma carreira brilhante como acadêmico. Lecionou a dezenas de turmas, tendo propagado, com argumentos ainda mais firmes e contundentes, o mesmo ensino que arruinou sua fé quando ainda era um calouro assistindo à aula inaugural do curso de Teologia. Contribuiu decisivamente para que centenas de seus alunos deixassem de crer na veracidade dos relatos bíblicos (alguns vieram a rejeitar o cristianismo e tornaram-se agnósticos ou ateus convictos). Mas uma grave enfermidade interrompeu-lhe a jornada acadêmica e, em apenas um mês, tirou-lhe a vida.

No leito do hospital evangélico, Jonas viveu a terceira experiência decisiva de sua vida. Durante o horário de visitas, alguém bateu à porta do apartamento doze, a esposa do paciente abriu e ali entrou um rapaz de apenas dezoito anos, carregando uma Bíblia nas mãos. Depois de pedir permissão para se aproximar, o jovem leu o texto bíblico de Romanos 8:31-39 e passou a anunciar as boas-novas de Cristo com alegria contagiante. Então, durante a exposição, a graça de Deus tomou o coração de Jonas com vigor idêntico ao do dia de sua conversão. Compreendeu que, no Calvário, foi pago o preço de todos os seus pecados. E chorou abundantemente, glorificando ao Senhor de todo coração.

No dia seguinte, diante da esposa e filhos, Jonas, com voz ofegante e quase sem forças, declarou arrepender-se de toda a sua trajetória como professor de Teologia. Lamentou por ter sido instrumento de incredulidade perante os seus ex-alunos, engrandeceu o Nome de Cristo Jesus e afirmou solenemente que o Filho de Deus veio ao mundo, morreu na cruz a fim de salvar pecadores, ressuscitou dentre os mortos e em breve voltará à terra. Exortou toda a família a crer no Evangelho e a não permitir que ninguém lhes roube a fé. Em seguida, dirigiu algumas palavras de amor a cada um de seus entes queridos e passou a dar graças ao Deus Pai, Filho e Espírito Santo, até seu último fôlego de vida.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Cristãos fãs de Nietzsche?

Dentre as muitas aberrações produzidas pelo liberalismo teológico, uma merece destaque por sua absoluta incoerência. São os cristãos professos que amam os escritos do filósofo alemão Friedrich Nietzsche. Pois o famoso pensador do Século XIX, natural de Roecken, na Saxônia, foi um dos mais ferrenhos críticos do cristianismo em todos os tempos. Não do falso cristianismo, ou de qualquer desvio teológico, mas do puro Evangelho de Jesus Cristo, tal como revelado nas Escrituras.

As ideias de Nietzsche a respeito do homem e de Deus são o extremo oposto dos ensinos de Cristo, em especial das chamadas “bem-aventuraças” (Mateus 5:3-12). Para o filósofo, que se autodeclarava ateu, mais que felizes são os fortes, os poderosos, os que sabem se impor. Friedrich Nietzsche não considerava a mansidão e a humildade como virtudes, e sim fraquezas, debilidades. Dizia que o cristianismo era “religião da decadência”. Revoltava-se contra a doutrina bíblica da queda do homem em Adão.

Nietzsche considerava a compaixão como a principal fraqueza do homem, negava a existência de pecado, céu, inferno e a necessidade de salvação. Afirmava que “o Evangelho morreu na cruz”. Segundo a ética de Nietzsche, “bom” é o que produz poder ao homem, “mau” é tudo o que o enfraquece, e “felicidade” é a sensação de que o poder cresce. Apregoava como meta para a humanidade o surgimento do “super-homem”, ou “além-do-homem”: com o desenvolvimento dos indivíduos mais dotados e fortes (e o perecimento dos mais fracos), chegar-se-ia a esse modelo ideal de ser humano, desprovido de “debilidades” - sobretudo, dos valores cristãos.

Como alguém pode conciliar esses valores com os da Palavra de Deus, a qual ensina que a verdadeira sabedoria está em prostrar-se diante do Senhor, honrá-Lo, servi-Lo, amá-Lo sobre todas as coisas, doar-se em favor dos irmãos, dedicar-se ao cuidado pelos menores e mais carentes desse mundo, mortificar as paixões da carne, subjugar o orgulho, considerar-se um peregrino e forasteiro na terra, viver na esperança do retorno de Cristo em glória, almejar a vida eterna? Se alguém tiver uma explicação plausível, por favor nos mostre.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Curso de Teologia reconhecido pelo MEC

É possível que alguém genuinamente convertido ao Evangelho, disposto a servir ao Senhor, necessite de um diploma de Bacharel em Teologia reconhecido pelo MEC. Não por mera vaidade, mas para seguir determinada carreira, em especial a de professor em escolas e seminários. Talvez um curso “livre” não será aceito nestas situações específicas, e, ao que parece, os programas de validação de créditos oferecidos por algumas faculdades teológicas em breve deixarão de existir. Para os cristãos prestes a iniciar um curso com o aval do Ministério da Educação convém observar alguns detalhes importantíssimos antes de optarem por essa ou aquela instituição de ensino.

Atentem para a grade curricular proposta. É indispensável que as disciplinas das áreas de Teologia Sistemática e Teologia Bíblica predominem, e não as matérias relacionadas às ciências humanas. Algumas palavras e expressões são especialmente perigosas, por serem indícios de currículos excessivamente ecumênicos e liberais, por exemplo: “ecumenismo”, “inter-religioso”, “fenomenologia da religião”, “ciências da religião”, “estudo das religiões”, etc.

Observem os textos de apresentação do curso, disponíveis no site da faculdade. O discurso é típico de uma instituição evangélica? Há alguma menção a Cristo, igreja, piedade, testemunho, evangelismo ou a alguma linha teológica clara (batista, presbiteriana, etc)? Bom sinal. Mas se ao invés disso a mensagem tem conteúdo neutro, podendo referir-se a qualquer ambiente teológico ou religioso, cuidado. Talvez a preocupação única seja a formação de cientistas da religião, não servos do Deus Triúno revelado nas Escrituras.

Atentem para os professores desses cursos, identifiquem o pensamente teológico deles. Ouçam opiniões de ex-alunos e de alunos do último período. Algumas instituições de ensino são ligadas a igrejas específicas, e nesses casos torna-se muito mais fácil descobrir a identidade teológica dominante. Fujam das faculdades vinculadas a denominações participantes de movimentos ecumênicos, como o Conic – Conselho Nacional de Igrejas Cristãs, porque muitos alunos perderam a fé ali, influenciados por mestres ateus ou agnósticos!

Procurem de antemão conhecer e identificar os desvios presentes na teologia de autores como Friedrich Schleiermacher, Rudolf Bultmann, Paul Tillich, Gustavo Gutiérrez, e o caráter nocivo das teologias liberal, neo-ortodoxa e da libertação, entre outras. Leiam textos e assistam a vídeos de ministros piedosos com mensagens de alerta contra esses descaminhos teológicos. Entendam os pressupostos e ideologias sobre os quais esses movimentos se apoiaram, porque neles há muito de Karl Marx, Nietchze, Heidegger e outros pensadores não cristãos.

Orem constantemente, roguem a Deus por misericórdia, busquem a santificação e a intimidade com o Senhor com quebrantamento, humildade e humilhação. Lembrem-se de que o aprofundamento nos estudos teológicos levou muitos intelectuais brilhantes à heresia e incredulidade, por isso é indispensável que se curse Teologia com temor e tremor. Entendam que o objeto do labor teológico é o Alto e Sublime, o Todo-Poderoso Senhor do universo, e que toda vaidade e orgulho devem ser subjugados desde o primeiro dia de Seminário. Que o Senhor lhes ajude e dê graça!

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Justiça social sim; socialismo não!

A Palavra de Deus, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, constantemente denuncia a opressão dos ricos contra os pobres e desfavorecidos, mostrando-nos o quanto o Senhor abomina esse pecado. Só para citar dois exemplos, em Isaías 1:23-24 lemos: “Os teus príncipes são rebeldes e companheiros de ladrões; cada um deles ama o suborno e corre atrás de recompensas. Não defendem o direito do órfão, e não chega perante eles a causa das viúvas. Portanto, diz o Senhor, o SENHOR dos Exércitos, o Poderoso de Israel: Ah! Tomarei satisfações aos meus adversários e vingar-me-ei dos meus inimigos”. E em Mateus 23:14: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque devorais as casas das viúvas e, para o justificar, fazeis longas orações; por isso, sofrereis juízo muito mais severo!”.

A Bíblia também nos chama a termos grande compaixão pelos necessitados, abrirmos mão do materialismo e opulência, exercermos socorro e misericórdia, dividirmos nossos bens com aqueles que nada possuem (principalmente os de mesma fé). Eis algumas passagens que demonstram isso: “Quem tiver duas túnicas, reparta com quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo” (Lucas 3:11); “Lembrai-vos dos encarcerados, como se presos com eles; dos que sofrem maus tratos, como se, com efeito, vós mesmos em pessoa fôsseis os maltratados” (Hebreus 13:3); “Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é a raiz de todos os males” (1Timóteo 6:9-10); “Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o coração, como pode permanecer nele o amor de Deus?” (1João 3:17).

A igreja que fecha os olhos à injustiça, não se preocupa em ir até os oprimidos e anunciar-lhes a salvação em Cristo Jesus, peca. A igreja que não oferece aos excluídos o alimento, roupa, medicamentos, consolo e apoio em outras áreas (educação, lazer saudável, etc), o quanto for possível, deixa de cumprir o seu papel neste mundo. Porque o cristianismo não se limita aos cultos nos templos, às reuniões de estudo bíblico, ao Batismo e Ceia do Senhor, mas, além de tudo isso – que é primordial – vai até onde estão a fome, a escassez, a doença, a dor, o desespero, e leva o amor prático junto com a Palavra de Deus. Ser crente é amar a Deus acima de tudo, e também amar ao órfão, à viúva, ao pobre e ao estrangeiro; isso está claramente expresso nas Escrituras.

Porém, há quem confunda as coisas, e pense que socorrer os pobres e excluídos significa abraçar o socialismo, os partidos políticos e movimentos populares de esquerda. Imaginam que o chamado bíblico ao exercício da compaixão e misericórdia deve ser cumprido por meio de uma aliança com os marxistas contemporâneos. Mesmo sabendo que o marxismo, desde o seu nascimento, defende o ateísmo e rejeita enfaticamente as doutrinas cristãs mais básicas e essenciais, como a queda do homem, a universalidade do pecado e a salvação conquistada por Cristo. Mesmo cientes de que os esquerdistas, desde Karl Marx, desprezam a lei moral de Deus, eterna e imutável. Os cristãos socialistas existem, e aparentemente acreditam que o socialismo é a única opção para quem não deseja ser um aliado dos ricos opressores deste mundo.

Uma vez aliados dos grupos e partidos de esquerda, os cristãos socialistas passam a aderir às causas defendidas pelo marxismo, como a legalização do aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a adoção da “ideologia de gênero” nas escolas (que, na prática, significa explicar a crianças pequenas como são realizadas as mais diversas formas de relação sexual, e também convencê-las a questionar sua própria identidade sexual, para que cada uma “descubra” se é homo, hetero ou bissexual), a absoluta igualdade de papéis (não só de direitos, mas de papéis!) entre o homem e a mulher, a eutanásia e outras bandeiras incompatíveis com os valores do Reino de Deus. Tornam-se simpatizantes de governantes que a cada dia empenham-se mais em destruir o cristianismo no Brasil. E o mais impressionante, passam a criticar fortemente os cristãos conservadores e defensores dos padrões bíblicos de comportamento!

Você, que lê este texto, se identifica com a descrição acima? Pondere, então, no seguinte. A compaixão que você sente pelos oprimidos e necessitados é correta, seu empenho em levantar recursos para promover melhorias nas condições de vida nas periferias e sertões é muitíssimo nobre, sua indignação diante da exploração sofrida por milhões de brasileiros é justa. Porém, você há de convir que grande parte das reivindicações da esquerda chocam-se frontalmente com a Palavra de Deus, e não há consenso possível entre esta e aquelas. Sendo assim, reflita e responda honestamente para si mesmo: você realmente crê nas Escrituras? Acredita nos milagres descritos no Novo Testamento? No iminente retorno de Cristo à terra como justo juiz? Você crê que há dois, e somente dois destinos possíveis para os mortos; o céu (para os crentes nascidos de novo) e o inferno (para o restante da humanidade)? Ou tudo isso lhe parece um monte de estórias fantasiosas? Quem sabe você não tem fé alguma no Deus invisível e seu engajamento em movimentos sociais é a sua tentativa pessoal de fazer justiça e dar sentido à sua própria existência? Pense nisso e, se for o caso, arrependa-se, creia no Evangelho e volte-se para Cristo!

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Curso de teologia com registro no MEC: um perigo!

Uma das maiores preocupações dos aspirantes ao ministério pastoral é escolher um curso de teologia reconhecido pelo MEC. Muitos seminários têm se empenhado em alcançar esse reconhecimento, e, quando o conseguem, divulgam o fato como quem exibe um troféu. No entanto, o que aparenta ser um selo de qualidade pode, na verdade, se tornar uma perigosa cilada para os futuros teólogos. 

O Brasil é um Estado laico, portanto não há neste país uma religião oficial e todas as crenças devem ser igualmente respeitadas. Isso traz diversas implicações necessárias, entre as quais destacamos duas. Primeiramente, o Ministério da Educação não possui em seus quadros nenhum profissional destinado a avaliar a espiritualidade e a coerência doutrinária existentes (ou não) em determinado curso. Segundo, o MEC exigirá dos seminários que buscam credenciamento uma grade curricular ecumênica nos cursos de teologia. 

Por conseguinte, o reconhecimento pelo Estado não significa que um curso teológico seja bíblico, cristocêntrico e apto a desenvolver a piedade nos alunos. Ao contrário, demonstra apenas que o currículo engloba o estudo das mais diversas religiões, excluindo-se o caráter confessional do seminário. Pois o teólogo formado ali deve possuir condições de servir em qualquer igreja (evangélica, católica romana, etc), ou mesmo no espiritismo, budismo, umbanda ou outra religião não cristã. 

Não bastasse isso, há outro fator agravante nesses cursos, que é a presença de professores adeptos do liberalismo teológico. A teologia liberal anda de mãos dadas com o ecumenismo, um não sobrevive sem o outro. Portanto, além de estudar os sistemas religiosos mais avessos à fé cristã, o aluno aprenderá a desenvolver uma leitura crítica da Bíblia, negando tudo que se refere ao sobrenatural, como os milagres de Jesus, Sua ressurreição e segunda vida. Muitos alunos perdem a fé nos seminários, alguns tornam-se ateus, pois seus professores os ensinam a duvidar da Palavra de Deus. 

Uma das maiores carências da igreja de Cristo hoje são os pastores piedosos, tementes a Deus, conhecedores das Escrituras, fiéis à doutrina dos apóstolos. Estes estão em falta, mais do que em gerações passadas, e tais qualidades nada têm a ver com o reconhecimento do MEC. Estudar ciências humanas e fenomenologia da religião durante três ou quatro anos não é o caminho para a formação do ministro segundo o coração do Senhor. A igreja quer líderes santos, mas os cursos credenciados pelo Estado produzem intelectuais frios e ecumênicos. 

Você, prezado irmão, possui um chamado de Deus, confirmado pela sua igreja local? Seu coração arde quando você se lembra que bilhões em todo o mundo vivem longe de Cristo, sem salvação? Deseja servir como pastor, diácono, missionário, evangelista ou outra função, dedicando-se inteiramente à causa do Evangelho? Então reveja seus planos de ingressar num curso reconhecido pelo MEC. Antes, procure uma escola teológica apegada à sã doutrina, com professores ortodoxos, que defendam enfaticamente a infalibilidade e suficiência das Escrituras. Não queira somente um diploma avalizado pelo governo, isso não tem valor algum perante o Senhor! Que Deus o(a) abençoe e dirija em sua escolha!

terça-feira, 23 de junho de 2015

Precisamos uns dos outros

A Reforma Protestante foi, sem dúvida, uma das mais grandiosas provas do amor de Deus para com o Seu povo em todos os tempos. A redescoberta das Sagradas Escrituras, o renascimento da doutrina da salvação pela graça mediante a fé, o retorno da suficiência de Cristo e o renovado entendimento acerca da glória de Deus trouxeram luz numa era de trevas, marcada pelo domínio tirânico do papado. Os chamados “Cinco Solas” foram uma acertada síntese de tudo que a Noiva do Cordeiro mais necessitava para recuperar sua saúde espiritual. Naturalmente, os reformadores divergiam entre si em alguns pontos teológicos secundários, mas existia unidade no que tange às questões fundamentais. 

Porém, logo na geração seguinte, as divergências teológicas passaram a ganhar uma importância desproporcional. Disputas em torno de detalhes como a presença do corpo físico de Cristo na Ceia ou a doutrina da predestinação levaram os irmãos a dividir-se como se fossem rivais. No Século XVII, os puritanos britânicos e os pietistas de língua alemã sofreram forte oposição dentro de suas próprias igrejas (Anglicana e Luterana, respectivamente). Os pentecostais foram vistos com antipatia pelos cessacionalistas no Século XX. E hoje, nas redes sociais, é comum a troca de insultos e provocações entre calvinistas e arminianos, como se o Evangelho fosse propriedade exclusiva de um grupo somente. 

A Bíblia exorta-nos, sim, a zelarmos pela sã doutrina e a não misturarmos nosso culto ao Senhor com a adoração aos ídolos. O significado prático disso se resume em três pontos: primeiro, a fé cristã não compactua com formas de religião que rejeitam o senhorio de Jesus Cristo (budismo, islamismo, judaísmo, etc); segundo, nossa fé não admite um “cristianismo mesclado”, seja com a palavra do homem (catolicismo romano, adventistas do sétimo dia, testemunhas de Jeová, etc) ou com religiões obviamente não cristãs (espiritismo afro-brasileiro, espiritismo kardecista, etc); terceiro, não admitimos um “cristianismo” maculado pelos valores mundanos (liberalismo teológico, teologia da prosperidade). Decerto não deixaremos de amar, respeitar e conviver com as pessoas adeptas de tais crenças; só não podemos, de maneira nenhuma, incorporar a religiosidade delas à nossa fé. 

O problema é que muitos confundem zelo doutrinário com o desprezo aos irmãos em Cristo que pensam diferente. Servos do Senhor, verdadeiramente convertidos e genuinamente transformados pelo poder de Deus, são deixados de lado, simplesmente por terem opiniões diversas a respeito da idade certa para o batismo, a contemporaneidade ou não de dons como o de línguas, a eleição dos salvos e outros temas. Cada grupo se isola do outro, e irmãos os quais passarão a eternidade juntos, chegam ao cúmulo de trocarem insultos e zombarem uns dos outros, por causa do orgulho presente em seus corações. Isso é pecado e ofende ao Senhor, além de contribuir para o enfraquecimento da Igreja Cristã, por quem o Filho de Deus morreu na cruz. Que loucura, pensar que os membros de outras denominações – tão cristãs quanto a nossa – não têm nada a nos ensinar! 

Na verdade temos muito a aprender uns com os outros e precisamos viver em comunhão. Cada igreja mantém um entendimento parcial do Evangelho e nossa tendência é focarmos numa só doutrina bíblica, justamente por não assimilarmos todas as verdades expressas nas Escrituras. Alguns, priorizando o estudo bíblico e a correta exegese, negligenciam o conhecimento experiencial de Deus. Outros, dedicadíssimos à oração, não estudam a Bíblia com profundidade. Existem os que vivenciam o agir sobrenatural do Senhor com frequência, mas, supervalorizando as experiências, acabam por dar ouvidos ao que não deviam. E há irmãos muitíssimo hábeis em detectar uma heresia, porém, diante de uma situação de sofrimento, não se permitem clamar fervorosamente pelo socorro do Senhor. Qual dos filhos de Deus possui uma compreensão perfeita do cristianismo, e qual mantém uma visão cem por cento equivocada? A resposta, logicamente, é: nenhum. 

A história comprova que os períodos mais produtivos da Igreja, aqueles nos quais as bênçãos espirituais foram mais abundantes e o agir de Deus, mais claramente manifesto, coincidem com as épocas em que os crentes autênticos se uniram. Nos tempos apostólicos, quando “era um o coração e a alma” dos cristãos; na Reforma Protestante, que uniu multidões em torno das doutrinas centrais da fé cristã; ou nos Grandes Avivamentos do Século XVIII, tempo em que o importante era converter-se e viver uma vida de santidade; em todas aquelas ocasiões, as vaidades pessoais caíram e o testemunho do povo de Cristo foi notório. Por isso, nós, que somos a Igreja de hoje, precisamos nos arrepender, mudarmos nossa postura e nos unirmos outra vez, valorizando o essencial do Evangelho e respeitando nossas diferenças, que não precisam desaparecer para vivermos como irmãos. Certamente o Todo-Poderoso espera isso de nós. Que Ele nos ajude a colocarmos em prática!

domingo, 31 de maio de 2015

Quem rejeita Jesus Cristo, também rejeita Deus, o Pai

O capítulo 10 de Lucas nos conta a respeito do envio de setenta discípulos, incumbidos de anunciar nas cidades de Israel a vinda do Reino de Deus, com grande poder e sinais. Naquela ocasião, depois de repassar uma série de instruções aos setenta, o Senhor Jesus disse algo tremendo sobre as consequências da mensagem do Evangelho na vida de quem a ouve: “Quem vos der ouvidos ouve-me a mim; e quem vos rejeitar a mim me rejeita; quem, porém, me rejeitar, rejeita aquele que me enviou” (Lc 10:16). 

A primeira afirmação do Mestre não traz polêmica nenhuma. Quem ouve ao anúncio das Boas-Novas feito pela Igreja está acolhendo ao próprio Cristo. A segunda afirmação, porém, é assustadora: rejeitar a pregação do Evangelho significa dizer “não” ao Senhor Jesus. E, mas terrível ainda é a terceira afirmação dita por Ele: quem O rejeita como Filho de Deus, Senhor e Salvador também está rejeitando o próprio Deus. Em outras palavras, o Todo-Poderoso não aceita o culto de quem não crê em Seu Filho unigênito! De fato, a impossibilidade de salvação fora de Cristo é claramente expressa em muitas outras passagens bíblicas, como João 14:6, João 3:35-36, Marcos 16:15-16, Atos 4:11-12, Mateus 10:32-33, etc. 

No entanto, algumas denominações parecem ser regidas por outra “bíblia”. E no “livro sagrado” delas a chamada ao arrependimento de pecados e fé em Jesus Cristo é algo supérfluo, até mesmo indesejável em certos casos. Melhor é deixar que cada um creia naquilo que quiser, já que todas as religiões são igualmente “boas”, e todos somos “irmãos” e “filhos de Deus”. E, para evidenciar sua disposição ecumênica, tais igrejas promovem celebrações com a presença de líderes de religiões não cristãs. Não veem mal nenhum em cultuar ao Senhor lado a lado com pessoas que consideram Jesus um simples profeta, ou mesmo um impostor. Cristo morreu na cruz para salvar todo mundo, não é mesmo? Deus, o Pai, não rejeitará alguém só porque tal pessoa viveu e morreu negando o Seu Filho unigênito, certo? 

Essa mentalidade pseudo-cristã e bizarra ficou evidente num episódio na cidade alemã de Speyer Rhineland em 10 de novembro de 2013, na Igreja Memorial da Reforma, templo considerado um monumento à Reforma Protestante. Ali foi promovido um concerto inter-religioso cristão e muçulmano, e o ato de abertura foi o cântico de chamada à oração proferido pelo imã muçulmano(o mesmo entoado nas mesquitas, os locais de culto do Islamismo. Líderes evangélicos e membros daquela igreja se fizeram presentes, além de uma orquestra de músicos profissionais, num evento grandioso do ponto de vista humano. De repente, uma mulher chamada Heidi Mund, erguendo uma bandeira da Alemanha na qual apareciam os dizeres “Jesus Cristo é o Senhor” surgiu na galeria, proclamando o senhorio de Cristo sobre aquele país e repetindo a famosa frase de Martim Lutero: “Aqui estou eu, e não posso fazer outra coisa”. Em resposta, os organizadores do evento a expulsaram do lugar, já que a mensagem dela não lhes era conveniente. 

Quem agiu mal nessa história? A manifestante cristã não pode ser condenada por ter repudiado tamanha afronta ao bendito Nome de Cristo. O líder muçulmano foi à cerimônia como convidado, e não é razoável esperar dele uma postura bíblica, uma vez que ele próprio não crê na mensagem do Evangelho. Errada é a Igreja Evangélica da Alemanha, seus pastores e demais membros presentes, porque têm as Escrituras nas mãos e, no entanto, julgam-se no direito de promover uma celebração imoral num templo cristão, desprezando por completo os ensinos da Bíblia sobre o senhorio de Jesus Cristo, simplesmente para agradar homens. Errados são os que, embora não creiam sinceramente em nenhum dos pontos mais elementares do cristianismo, ainda assim permanecem no ministério pastoral, e, pior, influenciam negativamente congregações inteiras. Errados são os que, de tão frios espiritualmente, não podem mais reconhecer uma heresia ou mesmo uma blasfêmia. 

O evento, afinal, aconteceu. A mulher que gritava “Jesus Cristo é o Senhor da Alemanha” foi retirada, e o concerto prosseguiu. Entretanto, a questão fundamental é: Deus aceitou aquele culto? O Pai de Jesus Cristo Se alegrou com a realização de um evento no qual cristãos professos se uniram em oração com muçulmanos, os quais consideram o Filho somente um profeta (aliás, um profeta menor que Maomé)? O Altíssimo foi honrado quando pessoas, em tese, cristãs, disseram, não com palavras, mas através de atitudes, que crer na mensagem bíblica da salvação consumada na cruz pelo Senhor afinal não é algo tão importante assim? Evidentemente não! Vem então outra pergunta: será que a intenção dos adeptos do ecumenismo, ao buscarem a comunhão com religiosos das mais diversas crenças sem chamá-los ao arrependimento e fé no Salvador, é realmente cumprir a vontade de Deus?

terça-feira, 31 de março de 2015

Aos seguidores de Karl Barth

Karl Barth foi um dos maiores teólogos do Século XX. As obras do famoso pastor suíço natural da Basileia, considerado o pai da “neo-ortodoxia” protestante, têm influenciado gerações de obreiros e estudiosos de teologia há quase cem anos, desde a publicação da clássica “Carta aos Romanos”, de 1919. Este Blog não segue as ideias de Barth, aliás, discordamos de várias delas, por divergirem do entendimento cristão reformado tradicional em que cremos. Mas nutrimos por ele grande respeito e o consideramos um servo de Deus, o qual amou a Cristo, reconhecendo-O como único Senhor e Salvador. 

Entretanto, constatamos que muitos dos seguidores de Karl Barth da atualidade têm falhado naquilo que o mestre suíço tinha como seus pontos fortes. Pois grande parte dos barthianos contemporâneos desprezam algumas das lições mais importantes que se percebe na trajetória de vida de Barth. Esta é a razão de ser da presente postagem, um texto dirigido especialmente a tais pessoas. E é com temor que o fazemos, reconhecendo que entre elas há doutores e doutoras em teologia, homens e mulheres dotados de notório conhecimento acadêmico. E que muitos dos tais são pessoas amabilíssimas, corretas, cheias de virtudes de caráter. Por isso convidamos você, que hoje segue os passos de Karl Barth, a ler este texto, pois o Senhor, que fala através de iletrados e até de jumentas, pode ter algo a lhe dizer. 

Primeiramente, recordemos o início da carreira de Barth. O então jovem pastor da Basileia era um adepto do liberalismo teológico, socialista, filiado a um partido político de esquerda. Mas então experimentou um grande desgosto ao ver diversos de seus mestres apoiarem abertamente a política bélica do imperador alemão da época. Logo depois veio a Primeira Guerra Mundial e a sensação de perplexidade diante dos horrores experimentados na culta Europa, justamente quando se cria ter a humanidade atingido níveis excelentes em conhecimento e civilidade. Tudo aquilo fez Karl Barth rever suas ideias, voltando-se para Cristo e as Escrituras. 

Em segundo lugar, consideremos a relação de Barth com as Escrituras. Embora formado num ambiente acadêmico no qual reinava o liberalismo, onde todo o conteúdo bíblico que não pudesse ser comprovado cientificamente era descartado, o teólogo Suíço passou a reconhecer o livro sagrado como a testemunha de Cristo, o meio através do qual Deus nos fala eficazmente. Sua postura diante da Bíblia era de temor e reverência, se comparada à da maioria daquela geração. Prova disso foi a sua reação diante do programa de demitoligização do alemão Rudolf Bultmann (pelo qual se propunha desconstruir todos os “mitos” bíblicos, isto é, milagres e eventos sobrenaturais). O ceticismo e a crítica aberta de Bultmann às Escrituras causaram o rompimento definitivo e irreversível entre os dois teólogos. 

Finalmente, vale lembrar qual era o entendimento dele a respeito do significado de teologia. Barth considerava um absurdo que se transformasse a teologia em ciências da religião. A partir do estudo sobre o pensamento de Anselmo de Canterbury, Karl Barth elaborou a Teologia da Palavra, afirmando que esta não pode ser feita objetiva e friamente, mas somente tendo em conta a revelação feita por Deus em Cristo, a qual é recebida por graça mediante a fé. Disse também que só se pode fazer teologia com oração e em obediência. E que apenas por meio da fé, jamais da razão humana, é possível compreender a Deus e Sua revelação. 

É verdade que Barth não compartilhava do entendimento tradicional dos cinco Solas, a essência da fé cristã evangélica reformada. Não reconhecia a inerrância bíblica, negava a condenação eterna dos incrédulos e outros pontos importantes na teologia de precursores como Lutero e Calvino. Porém, seus escritos e experiências mostram um homem desiludido com socialismo e política, decepcionado com o liberalismo teológico, desgostoso com o “academicismo” e o tratamento frio e racional dado às Escrituras nos seminários, disposto a crer na Bíblia e obedecê-la, humilde e reverente diante da majestade de Deus e de Seu Filho Jesus Cristo. São estas características que nos levam a respeitar Karl Barth, ainda que dele discordemos em diversas questões. 

Aos barthianos de hoje, muitos dos quais demonstram uma confiança tremenda nos partidos de esquerda e nos ideais socialistas, amam a teologia liberal, têm um prazer incrível nos debates sociológicos e filosóficos em torno da religião praticados nas universidades, criticam a Bíblia com uma tranquilidade assustadora (especialmente quando estão ministrando aulas nos seminários teológicos), apoiam uma série de práticas simplesmente incompatíveis com a mensagem bíblica (aborto, “casamento gay”, etc) não demonstrando nenhuma disposição em sujeitar-se aos padrões de Deus contrários à cultura vigente, nossa exortação é que mirem-se no exemplo de Karl Barth. Pois o pastor da Basileia, embora sujeito a imperfeições e falhas como qualquer ser humano, soube humilhar-se diante da mão poderosa do Senhor, e essa foi a sua força e o seu principal ensino. E que, considerando a peregrinação de Barth, do liberalismo rumo à ortodoxia, não tomem o caminho inverso, nem mesmo se detenham onde ele parou; antes, caminhem ainda mais que ele em direção à fé cristã bíblica ensinada por Cristo e divulgada pelos apóstolos. Que o Senhor os abençoe!

quinta-feira, 26 de março de 2015

O Credo Apostólico na mente de um liberal

O Credo Apostólico é um dos documentos mais essenciais da fé cristã. Cada uma de suas declarações trata de pontos perfeitamente corretos e absolutamente inquestionáveis para todos nós que cremos e confessamos a Jesus Cristo como Senhor. Seu conteúdo é puramente bíblico, por isso nenhum cristão adepto de uma teologia ortodoxa, fundada na Palavra de Deus, sequer cogita a possibilidade de duvidar das verdades ali contidas. 

Para os adeptos do liberalismo e neoliberalismo teológico, a coisa não é bem assim. Embora as denominações dirigidas por homens seguidores dessas correntes teológicas adotem o Credo Apostólico (algumas o incluem na liturgia do culto), a verdade é que os teólogos de cunho liberal ou neoliberal não creem nas palavras daquela clássica profissão de fé. Nesta postagem nós tentamos decifrar o que se passa na mente de um deles quando recita o Credo. Não com base em “achologia”, mas no que muitos deles deixam transparecer. O resultado seria mais ou menos este: 

– Creio em Deus Pai Todo Poderoso, Criador do céu e da terra. 
(“Mas não um Pai presente, que Se revela com clareza! Também não aquele Criador narrado em Gênesis. Pois tem o Big Bang, a Evolução das espécies...”). 

– E em Jesus Cristo, Seu Filho unigênito, nosso Senhor. 
(“Não existem provas sobre isso. Quem será o Jesus histórico, se retirarmos os mitos sobre Ele que estão na Bíblia?”). 

– O qual foi concebido pelo Espírito Santo. Nasceu da Virgem Maria. 
(“Isso é um mito. Onde já se viu ser concebido dessa forma?!!!”). 

– Padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado. 
(“Isso pode até ser verdade, mas não há provas históricas suficientes”). 

– Desceu ao Hades, ressuscitou no terceiro dia. 
(“Outro mito”). 

– Subiu ao céus, está assentado à direita de Deus Pai Todo Poderoso. 
(“Isso não pode ser verificado historicamente”). 

– De onde virá para julgar os vivos e os mortos. 
(“Não podemos ter certeza quanto a esse futuro retorno de Jesus à terra. E certamente não haverá julgamento nenhum, pois, se Deus é amor, não pode condenar ninguém”). 

– Creio no Espírito Santo. 
(“Não temos condições de saber exatamente quem ou o que é o Espírito Santo”). 

– Na santa Igreja universal, na comunhão dos santos. 
(“Não somente a comunhão da Igreja. Precisamos incluir os budistas, espíritas, judeus, muçulmanos, esotéricos, etc. Não há religiões certas ou erradas”). 

– Na remissão dos pecados. 
(“De todos os seres humanos. Deus salva a todos”). 

– Na ressurreição do corpo, na vida eterna, amém. 
(“Não se pode comprovar a ressurreição do corpo. Deve haver uma vida eterna, mas não temos condições de saber como será”). 

E então, alguém deseja ser pastoreado por um líder com esses pensamentos e valores? É essa a teologia que queremos na nossa igreja? Pense nisso, caro(a) leitor(a)!

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

A segunda vinda de Cristo

A Palavra de Deus nos assegura que o Senhor Jesus voltará à terra como justo juiz, a fim de levar consigo os crentes redimidos por Ele próprio, e conceder aos incrédulos o merecido castigo por terem rejeitado o Salvador e a salvação eterna conquistada na cruz. A igreja espera ansiosa pelo Noivo e pelas Bodas do Cordeiro, enquanto o mundo perdido segue adiante, mergulhado em sua própria iniquidade, ignorando a ira de Deus, Sua justiça e juízo que infalivelmente se manifestarão. Sobre o dia e hora da segunda vinda de Cristo a Bíblia é clara: não sabemos quando será, pois Ele virá como o ladrão, sem avisar, surpreendendo a muitos. Qualquer especulação a respeito de datas não procede de Deus, mas é pura vaidade humana.
 
No entanto, as Escrituras nos informam a respeito dos sinais indicadores da volta do Senhor, para estarmos atentos e cientes de que, acontecendo todas aquelas coisas, o Rei estará às portas. Com base nas palavras do Mestre extraídas do Sermão do Monte das Oliveiras (Mateus 24 e 25, Marcos 13, Lucas 21), tem-se a impressão de que o cumprimento está muitíssimo próximo. Basta observarmos os fatos bem ao nosso redor. Ainda que vários dos sinais previstos tenham ocorrido em diversas outras épocas (alguns nunca deixaram de acontecer), precisamos ter em mente duas coisas. Uma, que eles são como as dores de parto; o espaço entre um acontecimento e outro diminuirá progressivamente, e a intensidade aumentará quanto mais se aproxima aquele Dia. A segunda é que na iminência do retorno de Cristo todos os sinais se verificarão, e não um ou alguns deles.
 
Um dos sinais é a proliferação de falsos mestres. Heresias não são um mal exclusivo desta época, mas sempre existiram. O diferencial é a imensa quantidade de enganadores presentes em toda parte nos dias atuais. Não é exagero dizermos que a esmagadora maioria das denominações cristãs estão contaminadas por falsas doutrinas. Homens ímpios e totalmente despreparados para o ministério lideram igrejas imensas, escrevem livros “best sellers” e apresentam programas na TV. Teólogos liberais, influenciados pelo ateísmo e humanismo, predominam nos seminários. A abominável “teologia da prosperidade” deixou marcas em praticamente todas as denominações cristãs! Além disso, têm sido cada vez mais frequentes os casos de líderes envolvidos em escândalos graves, alguns de forma reiterada.
 
Guerras e rumores de guerras são outro sinal. A humanidade sempre foi marcada por conflitos armados, mas no Século XX estes assumiram proporções mundiais. Também a partir do século passado as grandes potências passaram a intervir nos conflitos dos quatro cantos do planeta. Cada vez mais raras são as guerras localizadas, ignoradas pelos países não envolvidos, e mais frequentes a cada dia são as de alcance global. Além disso, há uma zona de conflito especialmente relevante para o calendário de Deus, abrangendo Israel e territórios vizinhos. No longo período entre o ano 70 e 1948, os judeus foram dispersos pelo mundo e viveram sem um território próprio, mas o surgimento do novo Estado de Israel fez da terra prometida aos descendentes de Abraão uma zona de tensão constante, oscilando entre guerras e rumores de guerras, que agora provocam reações em todo o globo terrestre.
 
A multiplicação da iniquidade é outra evidência clara. Em todas as épocas a maldade, consequência da queda do homem, se fez presente, mas o crescimento alarmante de toda sorte de torpezas tem ultrapassado as piores expectativas. O mais triste é que as pessoas não mais pecam às escondidas, tentando ocultar sua podridão, como antes faziam. Existe hoje uma diversidade de movimentos esquerdistas em defesa do aborto, perversões sexuais, uso de entorpecentes, eutanásia e outras aberrações, além de movimentos contrários à família, ao povo judeu (sim, o antissemitismo está de volta!) e à liberdade religiosa. A banalização do sexo ilícito domina a mídia, não poupando nem mesmo crianças. Crimes brutais cometidos por pais contra filhos e filhos contra pais – outrora raríssimos – acontecem quase todos os dias. E, na mesma rapidez com que a iniquidade se multiplica, ocorre o esfriamento do amor no coração de quase todos cristãos professos. Tanto o amor a Deus quanto o amor ao próximo sumiram das igrejas.
 
Terremotos, epidemias, fome e sinais no céu também apontam para o iminente retorno de Cristo. A fome, um tormento constante nas nações em crise, resiste a todo avanço tecnológico e crescimento econômico mundial. Epidemias teimam em surgir e ressurgir, mesmo com a evolução da medicina (ebola, dengue e quantas mais!). Grandes terremotos, tsunamis, etc, que aconteciam com menor frequência, são cada vez mais comuns, basta lembrar as devastações ocorridas no Haiti e na região da Indonésia. E sinais no céu, antes quase ausentes, já começam a surgir, como se deu na Rússia e em outros lugares há cerca de um ano.
 
Por fim, o aumento da perseguição ao cristianismo em todo o planeta é um fato incontestável. Seja nos países pobres, mergulhados em guerras civis, como Iraque, Somália e Sudão, ou nas prósperas nações do Hemisfério Norte, como Estados Unidos, Suécia e Reino Unido, os servos de Deus têm enfrentado dias difíceis. A diferença é que, naqueles (pobres), a oposição é cruel e desmedida, baseada na violência física, ao passo que nestas últimas (prósperas) os ataques à fé cristã bíblica revestem-se de uma roupagem de legalidade (por exemplo, usa-se o argumento do “Estado laico” para inviabilizar a pregação do Evangelho). A tendência inequívoca é que os cristãos, dentro em breve, sejam, pública e ostensivamente, perseguidos e odiados de todos por causa do Nome de Cristo.
 
De fato, não sabemos o dia e a hora da segunda vinda do Senhor Jesus. Entretanto, os acontecimentos mundiais indicam a iminência do grande Dia. Nosso papel, como crentes, não é fazer alarde ou sensacionalismo, muito menos tentar descobrir o que a própria Bíblia mantém em oculto. Antes, cabe-nos rejeitar toda forma de cristianismo barato e herético, vigiar, arrepender-nos de nossos pecados, buscar a santificação, orar mais intensamente, desprezar os atrativos mundanos, viver em profunda reverência e temor a Deus. Por isso, querido irmão, querida irmã, se você anda sonolento, frio em sua fé, tolerante ao pecado, desinteressado pelas coisas do Reino de Deus, é hora de despertar! Lembre-se da parábola das dez virgens (todas elas representam a igreja visível, ou seja, os cristãos professos): cinco delas subiram com o Noivo para as Bodas do Cordeiro, porque tinham reserva de azeite (fé, santidade, caminhada com Deus), mas as outras cinco ficaram de fora. Pense consigo mesmo, em qual desses dois grupos você está?

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Aos luteranos, com amor

A doutrina da salvação pela graça de Deus mediante a fé em Cristo é um ponto central do Evangelho. Quando Martim Lutero, lendo a Carta de Paulo aos Romanos, compreendeu esta verdade bíblica, foi de tal modo transformado a ponto de dedicar a própria vida no propósito de divulgá-la a quantos pudesse. Sem dúvida, a Reforma Protestante surgiu e se espalhou sob esse fundamento. Até hoje, se um luterano for chamado a resumir suas convicções religiosas em pouquíssimas palavras, dirá que é salvo por graça, pela fé somente.
 
Mas, lamentavelmente, os luteranos, em sua imensa maioria, perderam a noção do significado desta palavra: graça. A teologia liberal, surgida no Século XVIII, e o neoliberalismo teológico, dominante no Século XX, relegaram ao desprezo outro fundamento da Reforma, a crença na autoridade e suficiência das Escrituras. A fé evangélica luterana foi pervertida pelo humanismo. Passou-se a crer na salvação universal de todos os seres humanos, e a duvidar da existência de um castigo eterno para os incrédulos. Ensinos contrários à Palavra de Deus, formulados por homens falhos e seduzidos pelas ciências humanas, desconstruíram por completo a compreensão acerca da graça divina.
 
Por isso existem tantos luteranos que bebem (muita) cerveja, frequentam bailes e festas pra lá de mundanas, iniciam a vida sexual ainda solteiros com suas namoradas, aprovam o aborto, não veem nada de errado nos “casamentos gays”, repudiam os conceitos bíblicos de liderança masculina e submissão feminina, toleram vocabulário torpe, consomem arte (cinema, música, literatura, etc) escandalosamente anticristã, consideram lícito o divórcio por incompatibilidade de temperamentos, namoram e até se casam com pessoas não crentes, passam meses sem frequentar uma única reunião da igreja... E têm certeza de que são salvos pela graça. Como se graça fosse sinônimo de licença para pecar reiteradamente sem arrependimento.
 
A passagem bíblica de Mateus 19:16-26 ilustra muito bem o que é graça. Certa vez, um jovem religioso muito rico afastou-se, triste, do Senhor Jesus, por recusar-se a abrir mão das riquezas que possuía a fim de seguir o Mestre. Então, Jesus, vendo aquilo, disse aos discípulos que dificilmente um rico entraria no Reino dos Céus. Isso lhes trouxe grande surpresa. “Sendo assim, quem pode ser salvo?”, foi a pergunta dos discípulos, que possivelmente consideravam aquele jovem rico um exemplar seguidor da lei. Então, o Senhor, fitando-lhes, respondeu: “Isto é impossível aos homens, mas para Deus tudo é possível”. Dentre as lições contidas ali, percebe-se que: 1) o abismo entre o homem e Deus, consequência do pecado, é intransponível para nós; 2) só a graça de Deus pode nos levar de volta à Sua santa presença; 3) essa graça é preciosíssima e precisa ser recebida por nós mediante uma entrega total a Deus. Àquele jovem rico tão apegado ao dinheiro, o Senhor ordenou a renúncia a todos os bens materiais. Será que hoje Jesus não exige coisa alguma da nossa parte? Nem mesmo que abramos mão de um estilo de vida oposto a todos os padrões morais bíblicos?
 
Nossa salvação é, sim, gratuita, porque nós jamais a poderíamos comprar, e nem mesmo nossos melhores e maiores esforços nos fariam merecedores desse dom. É de graça para nós, pois Cristo pagou o preço em nosso lugar. Por isso somos salvos pela graça. Porém, graça não significa que Deus tornou-Se imoral. Não implica autorização para desprezarmos todos os Seus mandamentos. Nem é um salvo-conduto que nos isenta de termos um coração regenerado. Se Jesus nos comprou com Seu precioso sangue, então somos propriedade d’Ele. Por conseguinte, é o Senhor quem dita o nosso modo de viver, e não a sociedade, a cultura ou nossos desejos pecaminosos. Se somos d’Ele, nós O servimos. E, ainda assim, nossa salvação continua sendo pela graça, pois nosso serviço sempre estará aquém da vontade do Senhor, e, contudo, Ele não nos rejeita.
 
Quem entende o que é graça torna-se grato. Na cruz, Cristo foi moído por nossos pecados. Cientes disso, nós só podemos amá-Lo com todo nosso coração, e esse amor é demonstrado mediante uma firme disposição em honrá-Lo. Honrar a Cristo é obedecê-Lo alegremente, procurando fazer tudo o que Lhe agrada. Em outras palavras, é buscar a santidade. Por outro lado, quem entende o que é graça passa a odiar o pecado que levou o Senhor à cruz. Nosso Salvador somente precisou suportar aquelas terríveis dores e beber o amaríssimo cálice da ira do Pai porque nós pecamos. Logo, gratos a Ele, passamos a repudiar o pecado com todas as nossas forças.
 
Prezado amigo luterano, prezada amiga luterana, pondere nestas palavras. Reveja seu entendimento sobre a graça de Deus. Aqui não há nenhum convite a uma busca da salvação por obras (a qual seria um insulto ao nosso Salvador), nem ao legalismo (igualmente, um insulto ao nosso Salvador). Tudo que foi dito refere-se ao modo como alguém salvo precisa receber essa maravilhosa graça. Leia nos quatro Evangelhos e nas epístolas do Novo Testamento qual é o padrão do Senhor para a sua vida e compare com as condutas que você tem adotado e os valores aos quais tem aderido. Em seu viver diário, você tem buscado – mesmo com falhas – obedecer à Palavra de Deus? Honestamente, alguém consegue perceber que você é cristão, ou cristã, somente observando o seu modo de falar, agir, vestir-se, os lugares frequentados por você e as suas companhias? Se a sua resposta for não, arrependa-se! Peça ao Senhor um coração novo, transformado, sedento por santidade e avesso ao pecado! Deus é poderoso para lhe restaurar completamente, fazendo de você uma nova criatura, pela Sua incomparável graça!

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Carta a um estudante de Teologia

Prezado irmão e amigo,
 
Este já é o seu quinto período no seminário, e faz algum tempo que venho sentindo desejo de lhe escrever, mas hoje me senti compelido a fazer isso. Nós não temos tido muitas oportunidades de nos encontrarmos pessoalmente, pois você precisou mudar de cidade para estudar Teologia, e é nítido que o curso tem consumido seu tempo e suas forças. Por isso, sinto uma alegria especial cada vez que recebo um e-mail seu, ou uma mensagem de celular. Sei de seu amor pelos irmãos, e, de nossa parte, saiba que a recíproca é verdadeira.
 
Sou leitor assíduo do seu Blog e sempre visito a sua página no Facebook, ambos repletos de citações de teólogos famosos, vídeos curtos e textos de sua própria autoria. Percebo a impressionante evolução no seu conhecimento e imagino quão dedicado aluno você é. Então me lembro de você há três ou quatro anos atrás, da fé singela e fervorosa que o levava a dedicar-se por inteiro ao serviço no Reino de Deus, do cristianismo prático o qual era a marca da sua vida. E, preocupado, rogo ao Senhor que o livre do esfriamento na fé.
 
Sim, meu irmão, eu me preocupo com você. Sei que os seminários hoje estão tomados pela teologia liberal e neoliberal, e que, por exigência do MEC, seguem uma linha ecumênica, tendo-se tornado autênticas escolas de ciências da religião, de cunho puramente humanista. A faculdade onde você estuda não é das piores nesse sentido, pelo que ouço falar, mas ainda assim está inserida no mesmo contexto, caso contrário nem teria aval do Ministério da Educação. Logo, você tem aprendido a ler a Bíblia sob a perspectiva do método crítico, duvidando da veracidade da Palavra de Deus. Você tem sido incentivado a questionar tudo que ultrapassa o mísero entendimento humano, como a concepção de Jesus por obra do Espírito Santo, Seus milagres e Sua ressurreição. Enfim, sua fé tem sido bombardeada todos os dias!
 
Percebo, pelas postagens no seu Blog e no Face, que você não aderiu às ideias dos teólogos mais liberais e críticos, e que não se tornou um defensor do ecumenismo ou da teologia da libertação, o que já é uma graça enorme. Mas ainda assim temo que o fascínio pelo conhecimento venha substituir a sua antiga fé. Aprofundar-se no estudo da Palavra é algo bom – aliás, é uma ordem bíblica – desde que isso se reverta em mais amor a Deus, amor pelos irmãos e santidade pessoal. Lutero, Calvino, John Owen, Jonathan Edwards, Wesley, Spurgeon, Martyn-Lloyd Jones e John Stott são exemplos de teólogos que souberam transformar o conhecimento adquirido em instrumento para a glória de Deus. Agora me responda, meu amigo: seus professores do seminário falam de Jesus com temor, reverência e amor comparável ao desses santos que acabo de citar?
 
Lembre-se que o próprio Senhor Jesus disse: “Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele” (Mc 10:15). O Evangelho não pode ser encarado como um mero ramo do conhecimento, uma matéria a ser debatida por acadêmicos; não! É poder de Deus, graça, salvação, vida eterna! Temos que recebê-lo com grande alegria, desfrutar desse tesouro e compartilhá-lo com quantos pudermos, pois o Senhor espera isso de nós! Você vivia isso intensamente, por isso quis estudar Teologia e não Medicina, Direito ou Engenharia. Eu o ouvi dizer, com lágrimas nos olhos, de seu anelo por dedicar a vida em prol do Reino. Isso foi um dia antes da sua viagem de mudança, nunca vou me esquecer daquele momento. Como eu me alegrei com sua disposição em abraçar o ministério pastoral!
 
Não, não penso que você esteja se desviando ou tornando-se incrédulo, como muitos teólogos se tornaram. Mas também não acredito que eu esteja exagerando ou imaginando coisas, pois o risco de esfriamento espiritual é real para jovens seminaristas expostos a um sem-número de aberrações pretensamente chamadas “teologias”. Por isso, querido irmão, medite com carinho nestas palavras e busque manter aceso o primeiro amor, a fé simples que agrada a Deus, guardando sua mente de toda sutil armadilha do inimigo. Observe atentamente se aquela alegria que você sentia em cantar louvores, ouvir uma mensagem e orar com os irmãos continua presente. Verifique se a sede em manter comunhão com Deus e receber a direção d’Ele ainda está viva em seu coração. Se tais coisas estão minguando em sua vida, clame, humilhe-se, busque ao Senhor com todas as forças, até que Ele as restaure!
 
Que Deus o abençoe com toda sorte de bênçãos!
 
Seu irmão e amigo.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Iniquidades nos Gideões Missionários em Camboriú

O rapper evangélico Juninho Lutero foi ousado ao gravar uma canção denunciando gravíssimos pecados que ocorreriam anualmente no Congresso dos Gideões Missionários, evento que atrai multidões de crentes pentecostais para a pequena Camboriú/SC. A letra do rap afirma que há pastores negociando um espaço no púlpito, pelo preço de cinquenta mil reais; que algumas cantoras gospel adquirem o direito de cantar no palco prostituindo-se com gente influente no congresso; e que há uso de drogas ali! Seriam essas denúncias infundadas, calúnias absurdas proferidas contra homens e mulheres de Deus?
 
Pelo visto há verdades nas palavras do cantor Juninho. Recentemente, o líder máximo dos Gideões Missionários, pastor Cesino Bernardino, reconheceu no púlpito que existem pregadores naquele congresso subindo ao palco embriagados, com cheiro de whisky, e cantoras indo a motéis com pastores nos dias do evento. Talvez o pastor Cesino e seus familiares nunca tenham participado dessas iniquidades vergonhosas (cremos nisso!); quem sabe, tudo isso tenha acontecido de forma oculta, e eles próprios só vieram a descobrir mais tarde. Possivelmente estão tomando providências para evitar que os abusos se repitam. Não nos atrevemos a acusar qualquer pessoa específica, pois nenhuma prova temos. Cremos que no próprio evento há alguns ministrantes sinceros. Mas, infelizmente, tudo indica que existe, sim, uma autêntica “Babilônia” misturada ao Congresso dos Gideões Missionários em Camboriú!
 
Diante dessa terrível desgraça, resta-nos reconhecer o fiel cumprimento de textos da Palavra de Deus, como 2Timóteo 3:1-9, que descrevem a hipocrisia de ímpios travestidos de crentes. Pois os falsos pastores e as falsas adoradoras que enganam multidões em Camboriú, enquanto mantém uma vida secreta de avareza, embriaguez e depravação sexual, são aqueles sobre os quais a Bíblia afirma: “mais amigos dos prazeres do que amigos de Deus, tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. (...) eles, todavia, não irão avante; porque a sua insensatez será a todos evidente”. São homens e mulheres não convertidos, não regenerados, mentirosos, joio no meio da igreja, zombadores da graça, já separados para a condenação eterna.
 
A nós cabe ainda obedecermos à determinação expressa do versículo 5: “Foge também destes”! Esta ordem bíblica tem, na presente situação, uma relevância especial para os irmãos e irmãs da Assembleia de Deus, uma denominação séria e repleta de crentes fieis. Afinal, os Gideões nasceram entre os assembleianos, e grande parte do público participante do congresso em Camboriú é composta de membros daquela denominação. Portanto, se o evento perdeu a razão de ser, deixando de agradar ao Senhor, para se tornar um antro de perversão, e se a presença de uma grande multidão no mesmo evento servirá para incentivar e fortalecer a prática de iniquidades por falsos pastores e cantoras hipócritas, é hora dos assembleianos fieis absterem-se de participar do Congresso dos Gideões Missionários. Não voltem a Camboriú, amados irmãos e irmãs!
 
Por fim, que cada crente, seja tradicional, renovado ou pentecostal, dobre os joelhos e suplique a Deus por restauração na igreja brasileira! Não sejamos indiferentes às calamidades que assolam o meio evangélico, seja o imundo comércio da fé, o patético estrelismo no meio musical “gospel”, a repugnante tolerância ao pecado entre os liberais e neoliberais, a proliferação de heresias em toda parte, ou qualquer outro desvio. Nunca digamos, como os egoístas, “não é na minha igreja; nada tenho com isso”, pois somos um só corpo. Clamemos por convicção de pecados, arrependimento, quebrantamento e humilhação sob a potente mão de Deus! Roguemos por um genuíno avivamento, não de “fenômenos estranhos”, e sim de um sincero voltar-se para Cristo, pois esta é a única esperança para a nossa igreja. Que o Senhor, pela Sua incomparável graça, venha varrer do nosso meio toda sujeita, a fim de sermos como noiva adornada, pronta para receber o Noivo, o qual está às portas!

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Milagres: uma busca por um entendimento equilibrado

As páginas da Bíblia estão repletas de histórias de milagres. Desde o Antigo Testamento percebemos o agir de Deus por meio de intervenções sobrenaturais e tremendas na vida de Seu povo. No Novo Testamento os milagres se multiplicam, em forma de curas, livramentos, ressurreição de mortos e outras maravilhas operadas diretamente pelas mãos do Senhor Jesus ou por meio dos discípulos, em nome de Cristo. E hoje, os milagres continuam a acontecer? Ou eles são coisa do passado, acontecimentos extraordinários que não se veem desde os anos iniciais da igreja?
 
Não existe uma resposta consensual para essa pergunta. Há fortes controvérsias a respeito da existência ou não de milagres nos nossos dias, e quanto ao modo como Deus intervém no curso dos acontecimentos na atualidade. Aqui procuraremos apresentar brevemente três pontos de vista antagônicos sobre o assunto, a saber, o católico romano, o neopentecostal e cessacionista. Por fim defenderemos nosso ponto de vista, na tentativa de obtermos um entendimento equilibrado sobre o assunto, para a glória de Deus e benefício do povo cristão. Nesta oportunidade não comentaremos a opinião dos liberais, que negam a existência de milagres (inclusive os narrados na Bíblia!), deixando-a, quem sabe, para uma próxima postagem.
 
Na doutrina e prática católico-romana os milagres seriam coisa rara, mas ainda presente nos dias atuais. A realização de milagres se daria através da mediação de um santo, normalmente já falecido. Basicamente, o dever de todo cristão em situação adversa seria clamar à alma do santo de sua devoção, e este iria à presença de Deus como mediador em favor do devoto, apresentando o pedido de cura ou outra graça. Então, o Todo-Poderoso autorizaria o milagre. Por isso é comum se ver fieis católicos romanos propagando a devoção a santos e creditando a eles alguma graça. Também pela mesma razão a Igreja Católica Romana realiza a chamada “canonização” desses homens e mulheres considerados autores de milagres. Essa prática, que não glorifica a Deus e promove descarada idolatria, além de incentivar a invocação de mortos (que a Bíblia chama de abominação), obviamente deve ser repudiada por todos que temem ao Senhor.
 
Para os neopentecostais, milagres aconteceriam o tempo inteiro, mediante a fé. Para ver o extraordinário acontecer, os cristãos deveriam “determinar” aquilo que desejam, seja uma cura, um novo emprego, um livramento ou qualquer outra graça. Então, Deus, ao contemplar a fidelidade e a fé do crente, realizaria tudo que foi “determinado”. Em outras palavras, o cristão mandaria e o Senhor obedeceria! Nas igrejas neopentecostais faz-se grande publicidade em torno dos milagres, e campanhas são promovidas constantemente, a fim de que os frequentadores, membros ou não, busquem o sobrenatural de Deus. A cada nova campanha, distribui-se um envelope com o pedido de uma oferta. O valor da contribuição em dinheiro sempre é associado ao tamanho da fé. A consequência é a comercialização vergonhosa da graça de Deus. Certamente, os que praticam tais coisas não serão tidos por inocentes no dia do juízo!
 
O entendimento cessacionista é prudente e visa à glória de Deus. Os irmãos que o propagam, normalmente chamados cristãos protestantes tradicionais, creem que o tempo dos milagres seria coisa do passado. Outrora Deus operou, sim, maravilhas no intuito de despertar a fé do Seu povo, e também de revelar o Seu poder e graça, incentivando-o a prosseguir rumo ao alvo, mas aquele agir sobrenatural já teria cessado. Logicamente, os irmãos cessacionistas afirmam que a boa mão do Senhor continua operando hoje, através de Sua providência, a qual também traz curas, livramentos e diversas outras bênçãos. Respeitamos os irmãos que pensam dessa forma, reconhecendo que alguns dos mais sérios e fieis teólogos evangélicos fazem parte desse grupo. Porém, discordamos de sua opinião, que pode trazer desânimo aos crentes em situação de sofrimento. Deixamos também uma questão para reflexão: qual é o benefício para o cristianismo em se publicar livros e artigos afirmando que o Senhor hoje não faz os mesmos milagres que antes fazia?
 
Nós cremos que os milagres são bênçãos de Deus presentes em todas as épocas, e continuarão a acontecer até à segunda vinda do nosso bendito Senhor e Salvador Jesus Cristo. Reconhecemos com tristeza que hoje há muitíssima manipulação em torno deles, por parte de falsos mestres, sobretudo no meio neopentecostal. Pesarosos, notamos a idolatria dos católicos romanos, os quais tributam honra, glória e louvor a um sem-número de santos (ou pretensos santos, dependendo do caso), ao invés de adorarem ao único digno, o Deus Onipotente. Não negamos as boas intenções dos cessacionistas, que servem ao Senhor por quem Ele é, e não simplesmente no intuito de receber bênçãos. Mas não deixamos de orar por milagres, até porque a Bíblia não afirma que o sobrenatural de Deus só seria visto nas primeiras décadas ou séculos da igreja. E, para a glória do Senhor, temos constatado que Ele continua a realizar hoje proezas semelhantes às que os apóstolos presenciaram!

quarta-feira, 12 de março de 2014

Pregação em crise

A pregação é uma das funções de maior responsabilidade que um ser humano pode assumir. Posto que Deus Se revelou a nós de modo completo e definitivo nas páginas da Bíblia, e que nada pode ser subtraído ou acrescentado à mensagem ali contida, ao pregador resta somente anunciar as verdades reveladas nas Escrituras com máxima fidelidade. Seu papel é ser boca de Deus, e isso requer uma série de atitudes: vida de oração, busca pela santificação, dedicado estudo prévio do texto a ser pregado, postura reverente, etc. Do mesmo modo, antes de subir ao púlpito deve esvaziar-se por completo, a fim de ser usado pelo Senhor como atalaia. Finalmente, o resultado da palavra anunciada será o que Deus soberanamente determinar, e sobre isso o autêntico pregador não tem controle algum.
 
Cientes disso, nossa reação ao observarmos o que acontece nos púlpitos da grande maioria das denominações só pode ser de tristeza e desânimo. Pois o que temos visto é uma geração de homens e mulheres se dispondo a pregar sem a mínima noção do que estão fazendo. A despeito do grave alerta bíblico de que enfrentarão mais rigoroso juízo, muitos têm brincado de anunciar a Palavra de Deus! Isso é tão sério que a igreja contemporânea não é mais capaz de perceber a diferença entre uma pregação fiel das Escrituras e um show particular de um palestrante qualquer. Não estamos exagerando; esse é o triste quadro que temos bem diante de nossos olhos!
 
Há os que se propõem a agradar seus expectadores, prometendo-lhes toda espécie de bênçãos e conquistas, como aumentos salariais, curas, casa própria, conversão de familiares e tantas outras, sem que o Senhor lhes tenha dado ordem para anunciar uma só delas (quanta frustração virá quando não se cumprirem!). Temos os falsificadores do Espírito Santo, que tentam “fabricar” avivamentos com gritos, pulos, rodopios e manifestações semelhantes. Existem os comediantes, que gostam de contar piadas e histórias engraçadas, inclusive fazendo paródia da própria narrativa bíblica!
 
São comuns os que usam o púlpito para executar suas vinganças pessoais, lançando indiretas para os seus desafetos e ameaçando-os com bordão “não toque no ungido do Senhor”. Há os palestrantes motivacionais, que falam à igreja durante um culto exatamente o mesmo que diriam numa palestra direcionada aos funcionários de uma grande empresa numa confraternização de fim de ano. Existem também os liberais, e estes por não crerem nas Escrituras preferem falar sobre política e questões sociais, citando filósofos e escritores seculares, esbanjando erudição.
 
Há uma crise na pregação. Nestes dias o que menos se ouve é a exposição clara da Palavra de Deus feita no poder e na dependência do Espírito Santo. Como consequência, tem-se uma multidão de evangélicos professos que não vive e testemunha o Evangelho de Cristo, apresentando pouca ou nenhuma diferença em relação aos incrédulos. “E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo”, diz a Bíblia (Rm 10:17). Sem genuína pregação a fé não virá. Ela não surgirá por meio de entretenimento, planejamento humano e técnicas motivacionais. Necessitamos urgentemente de autênticos pregadores da Palavra! A igreja que tiver um, honre-o; e, todos nós, clamemos a Deus para que levante atalaias no meio do Seu povo hoje! Ah, Senhor, tem misericórdia e dá-nos Tua graça!

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Discernindo os tempos

Há um alerta de Cristo para a igreja o qual ecoa por todo o Novo Testamento; o de que o mundo nos odiará, porque antes odiou o Senhor. “Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso o mundo vos odeia” (João 15:18-19). “Sereis odiados de todos por causa do meu nome” (Mateus 10:22), etc. No entanto, hoje parece fácil confessar o nome de Jesus. Não há dificuldade em alguém se declarar crente, carregar sua Bíblia e frequentar os cultos em uma denominação cristã, qualquer que seja. Em outras épocas os verdadeiros crentes sempre enfrentaram perseguições, até mesmo em países ditos cristãos. Será que as palavras do Mestre não se aplicam a esta geração?
 
No Século passado – especialmente na segunda metade – e no início deste Século XXI, a igreja viveu e ainda tem vivido em total conformismo com o mundo, tolerando pecados ao invés de confrontá-los. Ao mesmo tempo, nos diversos países ocidentais, as liberdades individuais passaram a ser grandemente valorizadas após as traumáticas experiências do Nazismo alemão e do Fascismo italiano. Veio Woodstock, o Maio de 1968 em Paris e outros acontecimentos semelhantes, cresceu ainda mais a anuência por parte de governos e sociedades a toda espécie de comportamento individual, os valores morais ruíram e o relativismo tornou-se a bandeira da chamada “Pós-modernidade”.
 
Hoje, porém, há uma grande mudança em curso e os dias de ampla liberdade estão contados. Uma outra geração, a dos filhos dos libertinos das décadas de 1960 e 1970, está prestes a assumir o poder. Pessoas avessas aos valores cristãos, mimadas, extremamente egoístas e autoritárias. No discurso, são democratas e tolerantes, mas na prática não admitem ideias contrárias (até por defeito de criação, já que seus pais nunca lhes impuseram limites) e reagem com agressividade aos seus opositores. Sua Agenda (legalização do aborto, liberação das drogas, feminismo radical, valores GLBTT, dentre outros) não pode ser contestada em hipótese alguma. Sua tolerância a tudo é, no fundo, ferrenha intolerância. O que farão contra os portadores de uma mensagem chamada Evangelho, totalmente contrária à sua? Implacável perseguição!
 
Ninguém se engane, pois as palavras do Mestre se cumprirão fielmente. A igreja do “oba-oba”, do “movimento gospel”, carnal e fútil será peneirada dentro de pouco tempo, em especial os “pastores-bispos-missionários-apóstolos” da prosperidade e as superestrelas da música “evangélica”, que amam mais as riquezas desse mundo do que as celestiais. Os cristãos professos se verão diante de duas opções, ou negar a si mesmos ou rejeitar a Cristo. Quem, pela graça de Deus e por obra do Espírito Santo, permanecer no Evangelho sofrerá perseguições por amor ao Senhor. Se alguém pensa que estamos exagerando, saiba que já existem casos de cristãos presos simplesmente por contestarem, com argumentos bíblicos, as práticas e valores vigentes, e isso em nações ditas democráticas, como Suécia, Inglaterra e EUA!
 
Meu irmão, minha irmã, é hora de despertarmos para a realidade e dobrarmos nossos joelhos, clamando pela misericórdia do nosso Deus! Não há mais tempo para um cristianismo de aparências, puramente nominal, como se vê nos programas de TV ditos “evangélicos”, nem para o “show gospel”, nem para pregadores-animadores de auditório e suas mensagens feitas para massagear egos ímpios! Não há mais vez para livrinhos de autoajuda, tampouco para falsos avivamentos e falsificações da obra do Espírito Santo! Acabou o tempo das campanhas de prosperidade, da tolerância às piores heresias e dos “cultos” voltados para o entretenimento! Arrependamo-nos de nossos pecados e vivamos em santidade! Amemos a Deus e ao próximo, oremos em todo o tempo, vigiemos! Anunciemos a Palavra com mansidão, clamemos por salvação de almas, voltemos nossos olhos para a eternidade! E que o Senhor nos firme e nos guarde todos os dias, em Cristo Jesus! Amém!

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Neo-ortodoxia ou neoliberalismo teológico: um outro evangelho

O Século XX foi marcado por uma série de inovações na teologia. Desde o advento da neo-ortodoxia, com a publicação da Carta aos Romanos de Karl Barth em 1919 – obra clássica que veio contestar a teologia liberal sem, contudo, promover um retorno à ortodoxia tradicional – passando por Rudolf Bultmann e seu programa de demitologização (um autêntico retorno ao ceticismo dos liberais), Paul Tillich, Emil Brunner, Jürgen Moltmann e Wolfhart Pannenberg dentre outros, os seminários teológicos experimentaram uma miscelânea de ideias e conceitos a respeito da Bíblia e de Deus, influenciando gerações de pastores, inclusive muitos dos que hoje ocupam o púlpito e a direção de certas igrejas.
 
Ainda que a neo-ortodoxia e/ou neoliberalismo teológico não configurem uma, mas múltiplas teologias, o fato é que podemos perceber um conjunto de características em comum nas denominações e congregações adeptas dessas duas correntes (ou desta única grande corrente). As semelhanças não se verificam tanto no campo doutrinário, mas na realidade prática, que é a forma de se viver a fé. Aqui apresentamos alguns desses pontos comuns, a fim de refletirmos um pouco sobre o modo como neo-ortodoxos ou neoliberais praticam o Evangelho de Cristo.
 
De início, destaque-se o entendimento de que a Bíblia não é a inerrante Palavra de Deus, mas uma coleção de livros repletos de erros e contradições, que apenas contém essa Palavra. Os neoliberais são unânimes em criticar as Escrituras, em maior ou menor medida. A consequência natural foi o abandono de um dos pontos essenciais da Reforma, o “Sola Scriptura”, embora esta jamais tenha sido a intenção de Karl Barth. Em substituição à crença na suficiência da Bíblia, tem-se entendido que é tarefa da igreja definir aquilo que é de fato Palavra de Deus dentro das Escrituras. Assim a igreja volta ao pior erro do catolicismo romano, o de manipular a Palavra do Senhor, retirando dela ou lhe acrescentando o que convém aos homens.
 
Onde não se crê na inerrância bíblica adere-se a conceitos mundanos sobre o que é bom ou justo. O politicamente correto é algo caríssimo entre os neoliberais, mesmo quando entra em conflito com as Escrituras. Com isso, igrejas deixam de denunciar pecados, evitam pregar o Evangelho aos adeptos de outras religiões, celebram casamentos entre pessoas do mesmo sexo (ou, no mínimo, abstêm-se de condenar essa prática), toleram o aborto, apoiam o feminismo, dentre outros absurdos. Temem desagradar aos homens, mas não se importam em desagradar ao Senhor. A agenda da igreja passa a ser a do mundo.
 
Consequentemente, os neoliberais são ferrenhos defensores do ecumenismo. Já que a Bíblia não é mais considerada infalível e agradar ao mundo é uma prioridade, os adeptos do neoliberalismo teológico fazem questão de dividir o mesmo altar com católicos romanos, espíritas, budistas, muçulmanos e quem mais aparecer. Louvar a um “deus” genérico, orar junto com quem não reconhece a Cristo como Senhor, pregar homilias feitas para não mexer com a fé de ninguém, são atitudes consideradas louváveis! Respeito aos que pensam diferente não basta; é preciso agir como se o Trino Deus professado pelos cristãos não fosse em nada superior aos deuses de outras crenças!
 
Posto isso, por uma questão de coerência os neoliberais rejeitam enfaticamente a doutrina bíblica do inferno, o lugar de castigo eterno para os que não creem em Cristo Jesus. Até mesmo Karl Barth, o mais “ortodoxo” dentre todos os teólogos influentes nesse grande movimento, negou a futura condenação dos ímpios. O amor de Deus, segundo creem, ofusca Sua justiça e santidade, impedindo-O de punir quem quer que seja. Com isso, o Evangelho perde todo o seu caráter de urgência, passando a ser apenas uma bonita história sobre um Cristo generoso, que não voltará como justo juiz. Quem quiser, creia n'Ele; os que preferirem rejeitá-Lo, não se preocupem.
 
Retirada a urgência da mensagem da cruz, outro assunto passa a ser prioritário entre os neoliberais: a construção de uma sociedade livre de desigualdades. O alvo não é mais a vida eterna no céu, junto ao Senhor Jesus. No caldeirão de teologias do neoliberalismo há espaço garantido para uma espécie de socialismo mais tolerante e brando que o de Marx, Lenin, Stalin e Mao. O grande adversário não é mais satanás, e sim os ricos opressores. Sabemos que o Senhor repudia toda prática opressiva contra os mais pobres, mas os neoliberais vão além. Parecem crer que o Reino de Deus é, sim, deste mundo, ao contrário do que Jesus nos ensinou. Alimentar os famintos é essencial; chamá-los ao arrependimento e fé em Cristo, aparentemente não é.
 
Concluímos que os neoliberais vivem um outro evangelho, muito diferente daquele que Cristo pregou. Embora existam pessoas amabilíssimas nas igrejas filiadas a esse grande grupo chamado neo-ortodoxia (um termo mais correto é neoliberalismo), gente inteligente, culta, sensível ao drama dos mais necessitados, capaz de promover belas obras sociais em periferias e instituições para crianças ou idosos; ainda assim professam algo estranho às Escrituras. Um evangelho que desconfia da Bíblia e confere a homens falhos o papel de juízes da Palavra de Deus; que se curva ao “politicamente correto”; aplaude o ecumenismo, deixando de chamar à conversão os não cristãos; rejeita a existência do inferno, do qual o Senhor Jesus tantas vezes falou; troca a mensagem da cruz pelo socialismo. Esse não é o Evangelho da salvação ensinado nas páginas da Bíblia e amado pela igreja de Cristo!