Os puritanos do Século XVII foram um povo notável por conhecer as Escrituras e aplicá-las à vida prática. Quem assiste a filmes de época como “As Bruxas de Salem”, “A Letra Escarlate” e outros, passa a ter uma visão parcial e distorcida a respeito do puritanismo, como se este fosse simplesmente um movimento religioso
opressivo, de fanáticos. Aliás, a mídia secular em geral pouco fala sobre os puritanos, e, quando o faz, retrata-os como tiranos da fé. Quem busca na internet textos e vídeos de autores não cristãos tratando desse tema só encontrará ferrenha oposição. E isso acontece por uma razão bem simples: não houve na história um só
grupo ou sociedade mais radicalmente contrário aos valores mundanos do que os puritanos!
O puritanismo nasceu entre os cristãos reformados (calvinistas), como uma reação à frieza e comodismo que se instalaram na igreja uma geração após Calvino. Joel Beeke chama isso “fenômeno da segunda geração”. Quando acontece um despertamento espiritual em determinada sociedade, tornando-a forte e ativa no Reino de Deus,
esse fervor tende a diminuir sensivelmente na geração seguinte, a dos filhos daquele grupo que conheceu o avivamento. Os puritanos se levantaram reagindo a essa triste tendência, e sua proposta era fazer avançar a Reforma, não acrescentando a ela algo novo, mas reafirmando a necessidade de os crentes, cada vez mais, viverem para a glória de Deus. O meio de busca da excelência na vida cristã era crescer no conhecimento da Bíblia e colocar em prática esse mesmo conhecimento, seja no serviço religioso, trabalho, família, política ou qualquer outra atividade humana. Todo o viver do crente deveria ser regido pelas Escrituras!
Entre os puritanos e seus sucessores nos séculos seguintes estão alguns dos maiores santos da igreja, tais como John Bunyan, Richard Baxter, Lewis Bayley, John Owen, Thomas Watson, William Guthrie, Jonathan Edwards (Século XVIII), Charles Spurgeon (Século XIX) e David Martyn Lloyd-Jones (Século XX). Influenciados pelos escritos e pregações desses e de outros homens de Deus, sociedades piedosas surgiram na Europa, em especial no Reino Unido, e nos Estados Unidos da América. Os puritanos eram “o povo do livro”, e esse livro era a Bíblia. Milhares e milhares de cristãos anônimos, cujas almas hoje habitam no céu, passaram a viver conforme as Escrituras, como autênticos peregrinos e forasteiros nesse mundo, humildes e mansos, cheios do Espírito, transformados pela graça do Senhor.
Hoje, entre o povo evangélico brasileiro, é gritante o desconhecimento bíblico e o desinteresse pela Palavra de Deus. Ao que parece, a noção comum sobre o que é ser cristão se resume em frequentar uma denominação evangélica, gostar de música “gospel” e buscar a prosperidade financeira como recompensa pelos dízimos e ofertas. Poucas são as igrejas que mantém uma Escola Bíblica Dominical de qualidade, e a esmagadora maioria dos membros não lê a Bíblia. Consequentemente, os ensinamentos da Palavra não são vividos pelos cristãos professos, com raríssimas exceções. Para milhões de brasileiros é normal pular, rodopiar e falar em línguas no culto de domingo, e viver como ímpio durante o resto da semana, mentindo, roubando e se prostituindo tanto quanto os incrédulos.
Que o Senhor, por Sua infinita misericórdia, levante hoje uma nova geração de homens e mulheres que conheçam, amem e apliquem as Escrituras em todas as áreas de suas vidas! Um povo santo, que, naturalmente, não estará imune ao pecado, como nenhum ser humano está. Mas que tenha a capacidade de se arrepender e se envergonhar
de seus erros, reconciliando-se com Deus, pelo Espírito Santo que conduz os verdadeiros crentes ao arrependimento. Que nossas mulheres tenham vergonha de exibirem seus corpos sensualmente, e os homens repudiem a pornografia! Nossos jovens não se conformem ao padrão mundano de namoro, no qual impera a fornicação! Os empresários crentes não soneguem, e os consumidores não sejam maus pagadores! Que a zombaria e a fofoca sejam banidos do nosso falar, e odiemos toda forma de intriga! Sejamos humildes, pacientes, prontos a perdoar e cheios de amor pelos perdidos! Senhor, levanta um povo fiel a Ti em nosso país nestes dias!