domingo, 26 de janeiro de 2014

Viver conforme as Escrituras

Os puritanos do Século XVII foram um povo notável por conhecer as Escrituras e aplicá-las à vida prática. Quem assiste a filmes de época como “As Bruxas de Salem”, “A Letra Escarlate” e outros, passa a ter uma visão parcial e distorcida a respeito do puritanismo, como se este fosse simplesmente um movimento religioso opressivo, de fanáticos. Aliás, a mídia secular em geral pouco fala sobre os puritanos, e, quando o faz, retrata-os como tiranos da fé. Quem busca na internet textos e vídeos de autores não cristãos tratando desse tema só encontrará ferrenha oposição. E isso acontece por uma razão bem simples: não houve na história um só grupo ou sociedade mais radicalmente contrário aos valores mundanos do que os puritanos!
 
O puritanismo nasceu entre os cristãos reformados (calvinistas), como uma reação à frieza e comodismo que se instalaram na igreja uma geração após Calvino. Joel Beeke chama isso “fenômeno da segunda geração”. Quando acontece um despertamento espiritual em determinada sociedade, tornando-a forte e ativa no Reino de Deus, esse fervor tende a diminuir sensivelmente na geração seguinte, a dos filhos daquele grupo que conheceu o avivamento. Os puritanos se levantaram reagindo a essa triste tendência, e sua proposta era fazer avançar a Reforma, não acrescentando a ela algo novo, mas reafirmando a necessidade de os crentes, cada vez mais, viverem para a glória de Deus. O meio de busca da excelência na vida cristã era crescer no conhecimento da Bíblia e colocar em prática esse mesmo conhecimento, seja no serviço religioso, trabalho, família, política ou qualquer outra atividade humana. Todo o viver do crente deveria ser regido pelas Escrituras!
 
Entre os puritanos e seus sucessores nos séculos seguintes estão alguns dos maiores santos da igreja, tais como John Bunyan, Richard Baxter, Lewis Bayley, John Owen, Thomas Watson, William Guthrie, Jonathan Edwards (Século XVIII), Charles Spurgeon (Século XIX) e David Martyn Lloyd-Jones (Século XX). Influenciados pelos escritos e pregações desses e de outros homens de Deus, sociedades piedosas surgiram na Europa, em especial no Reino Unido, e nos Estados Unidos da América. Os puritanos eram “o povo do livro”, e esse livro era a Bíblia. Milhares e milhares de cristãos anônimos, cujas almas hoje habitam no céu, passaram a viver conforme as Escrituras, como autênticos peregrinos e forasteiros nesse mundo, humildes e mansos, cheios do Espírito, transformados pela graça do Senhor.
 
Hoje, entre o povo evangélico brasileiro, é gritante o desconhecimento bíblico e o desinteresse pela Palavra de Deus. Ao que parece, a noção comum sobre o que é ser cristão se resume em frequentar uma denominação evangélica, gostar de música “gospel” e buscar a prosperidade financeira como recompensa pelos dízimos e ofertas. Poucas são as igrejas que mantém uma Escola Bíblica Dominical de qualidade, e a esmagadora maioria dos membros não lê a Bíblia. Consequentemente, os ensinamentos da Palavra não são vividos pelos cristãos professos, com raríssimas exceções. Para milhões de brasileiros é normal pular, rodopiar e falar em línguas no culto de domingo, e viver como ímpio durante o resto da semana, mentindo, roubando e se prostituindo tanto quanto os incrédulos.
 
Que o Senhor, por Sua infinita misericórdia, levante hoje uma nova geração de homens e mulheres que conheçam, amem e apliquem as Escrituras em todas as áreas de suas vidas! Um povo santo, que, naturalmente, não estará imune ao pecado, como nenhum ser humano está. Mas que tenha a capacidade de se arrepender e se envergonhar de seus erros, reconciliando-se com Deus, pelo Espírito Santo que conduz os verdadeiros crentes ao arrependimento. Que nossas mulheres tenham vergonha de exibirem seus corpos sensualmente, e os homens repudiem a pornografia! Nossos jovens não se conformem ao padrão mundano de namoro, no qual impera a fornicação! Os empresários crentes não soneguem, e os consumidores não sejam maus pagadores! Que a zombaria e a fofoca sejam banidos do nosso falar, e odiemos toda forma de intriga! Sejamos humildes, pacientes, prontos a perdoar e cheios de amor pelos perdidos! Senhor, levanta um povo fiel a Ti em nosso país nestes dias!

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Os modernos inimigos da piedade

As Escrituras nos mostram claramente que o viver piedoso é uma exigência de Deus e um pré-requisito indispensável para que alguém um dia contemple ao Senhor. Quem foi salvo pela graça, mediante a fé em Cristo, certamente irá caminhar em santificação, pois o Espírito faz essa obra no coração dos filhos de Deus. Porém, estes enfrentam um sem-número de inimigos nesse processo, e isso é mais evidente no mundo contemporâneo, que está muito mais repleto de perigos e ciladas do que qualquer outra época desde que a igreja surgiu. Abaixo citamos alguns dos modernos inimigos da piedade:
 
TV: a televisão é um veículo de comunicação e, por si só, não teria que ser má. Porém, na prática, tornou-se um poderoso instrumento destruidor de valores, divulgando toda espécie de futilidades e maldades. Na tela da TV são absolutamente normais o adultério, casamento gay, desrespeito aos pais, uso de drogas, violência, consumismo desenfreado, sexo na adolescência e outros pecados. É ilusão alguém pensar que não será influenciado negativamente, mesmo depois de passar anos assistindo diariamente a essas coisas durante horas seguidas. Na verdade, milhões de cristãos estão tendo o caráter deformado pela TV, sem se darem conta!
 
REDES SOCIAIS: Facebook, Twitter, WhatsApp e similares estão contribuindo para a consolidação de um triste fenômeno: uma geração que vive num mundo virtual, com relacionamentos virtuais. O amor ao próximo e a comunhão, essenciais no cristianismo, são as grandes vítimas. Ou será que alguém consegue amar e cuidar “virtualmente”?
 
MEGALÓPOLES: nas grandes cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, os vícios se multiplicam e o tempo escoa pelas mãos. O devocional diário, o estudo bíblico, a participação nos cultos e a comunhão com os irmãos são dramaticamente comprometidos se alguém passa duas a três horas por dia no trânsito (o que é comum nesses grandes centros). As tentações são muitíssimo maiores do que numa cidade interiorana pequena ou média. Criar filhos numa megalópole é simplesmente um pesadelo. Até mesmo o mais fervoroso dos crentes tende a esfriar na fé vivendo em lugares assim!
 
CONFORTO EXCESSIVO: celular, internet, micro-ondas, serviços de entrega a domicílio 24 horas, automóvel de última geração, pacotes turísticos cada vez mais acessíveis, estudar sem sair de casa, um shopping por bairro, etc, etc e etc. O problema disso tudo é que o cristão se acomoda, acostumando-se a ter de tudo imediatamente e sem dificuldade nenhuma. Perde-se de vista uma verdade essencial, a de que os filhos de Deus são peregrinos e forasteiros num mundo mau e hostil, prestes a ser consumido pela ira do Senhor. Que desgraça seria se nos apegássemos a esses luxos e facilidades, amando-os!
 
MODA FEMININA: a Bíblia expressamente determina que, mantendo a elegância, as mulheres se vistam com pudor e modéstia. A tendência da moda feminina é exatamente o oposto disso, ou seja, sensualidade e ostentação. Com isso, os homens são atraídos à lascívia, e as outras mulheres, a uma tola competição, cada qual querendo chamar mais a atenção do que as outras. Se essa imoralidade e falta de moderação se limitasse às moças incrédulas, isso já seria um problema para os rapazes crentes, que precisariam lutar contra a tentação no dia a dia. O pior acontece quando as próprias cristãs se vestem da mesma forma, induzindo os irmãos ao pecado dentro da igreja!
 
MOVIMENTO GOSPEL: por fim, temos um adversário pra lá de inusitado. Fazendo-se passar por igreja, o chamado “movimento gospel” é um dos maiores inimigos da autêntica piedade, com seu “louvor” carnal, pregações puramente motivacionais, festas mundanas travestidas de “reuniões do povo de Deus” e vergonhosa tolerância ao pecado. O que acontece quando alguém vai até o templo, onde supostamente irá cultuar ao Senhor, e lá desaprende o que é ser um servo de Cristo? Deus, tenha misericórdia de nós!

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Apostasia: a marca da igreja contemporânea

Ao longo de seus quase dois mil anos de existência, a igreja já experimentou as mais diversas situações. Esteve avivada, sonolenta, subjugada por homens, tomada pela idolatria, quase morta, reavivada, perseguida, fiel, infiel, fria, quente, apagada ou influente, conforme o momento histórico. A igreja deste Século XXI também possui uma característica dominante, e, lamentavelmente, não é nada boa. Apostasia, esta é a sua grande marca.
 
Apostasia significa desviar-se da sã doutrina, negando-a. Somente cristãos professos podem apostatar da fé cristã; incrédulos não praticam apostasia, pois nunca se identificaram como seguidores do cristianismo. O desvio na doutrina pura, ensinada por Cristo e retransmitida pelos apóstolos, é a perdição, a desgraça maior, o fim da esperança. Para uma igreja, abraçar a apostasia é deixar de ser igreja, povo de Deus, para tornar-se agência a serviço de satanás. Nada neste mundo é mais triste do que uma igreja apóstata. Entretanto, repetimos, esta é a marca da igreja na presente geração (ou da maior parte das denominações que se intitulam “igrejas”).
 
Apóstata, pois desconhece as Escrituras. Deus Se revelou maravilhosamente em Sua Palavra, contando-nos quem Ele é, quem somos nós e como podemos manter comunhão com Ele nesta vida e no porvir. No entanto, aqueles que dizem ser Seu povo não se interessam em conhecê-Lo através da Bíblia, que é pouquíssimo lida pela esmagadora maioria da igreja. Somente algumas denominações ainda mantêm escolas bíblicas dominicais sérias e de qualidade. Como consequência, aventureiros lançam toda sorte de heresias entre os crentes, que prontamente as engolem sem questionar se aquilo procede de Deus ou de homens.
 
Apóstata, porque lhe falta temor. A irreverência tornou-se uma praga na igreja, contaminando a pregação, o louvor, as orações e a postura de muitos durante o culto coletivo. O santo Nome do Senhor é pronunciado de qualquer jeito, conta-se piadas no púlpito, pessoas dançam de modo profano e até sensual nas reuniões. Manifestações grotescas, como andar de quatro, gargalhar e rolar no chão são chamadas de “obra do Espírito”. Todo estilo musical serve para louvar NO TEMPLO DURANTE O CULTO, inclusive funk carioca, axé ou heavy metal. O altar virou palco, onde o estrelismo de “adoradores” e “pastores” nem sequer é disfarçado. Não há consciência da presença de Deus, e muito menos preocupação em não desagradá-Lo.
 
Apóstata, por tolerar o pecado e tomar a forma do mundo. Mensagens sobre a santidade de Deus, a total depravação humana, a importância da mortificação do pecado na vida do crente, o juízo vindouro, o inferno e outros temas semelhantes foram banidas em quase todas as denominações evangélicas. Existe uma preocupação doentia em não desagradar pessoas, e com isso o caráter confrontador do Evangelho foi sufocado. Ao contrário, tudo é feito para satisfazer o gosto dos membros e visitantes. A pregação virou palestra motivacional, o louvor deu lugar às canções que falam de sonhos e conquistas. O alvo, que antes era a vida eterna, hoje é a felicidade no mundo presente. Não se vê mais diferença entre o modo de falar, vestir e agir de crentes e incrédulos; todos usam as mesmas palavras torpes, roupas imorais e comportamento ímpio!
 
Poderíamos ir além. Importa agora que a verdadeira igreja, formada por homens e mulheres remidos e lavados pelo sangue do Cordeiro, se levante vigorosamente contra essa escalada de iniquidade no nosso meio. Não atacando pessoas, nem fazendo uso de armas carnais, mas pelo Espírito Santo, levemos a mensagem do puro Evangélico, bíblico, cristocêntrico a todos que pudermos, abrindo mão de toda técnica humanista, em temor e tremor! A Bíblia nos mostra que Deus sempre separa um remanescente fiel para Si, sal da terra e luz do mundo, a fim de exalar o bom perfume de Cristo diante de todos. Você, que nos lê e percebe o chamado de Deus, venha fazer diferença nessa geração, para a glória d'Aquele que te chama!