Muito se fala sobre a grande influência que o grupo evangélico australiano Hillsong exerce sobre a musicalidade de diversos artistas do movimento gospel no Brasil, o que aliás é fato. Aline Barros, o Ministério de Louvor Diante do Trono e vários outros não escondem a admiração por aquela famosa banda da “terra dos cangurus”. Alguns sites cristãos sérios já postaram artigos criticando essa influência, como se fosse negativa para os brasileiros. Respeitamos essa opinião, mas não concordamos com ela, de maneira nenhuma.
O grupo de louvor Hillsong e suas ramificações, como o Hillsong United são ligados a uma igreja que leva o mesmo nome, e já possui congregações em alguns países, não somente a Austrália. Parte das críticas contrárias às bandas musicais Hillsong são devidas à igreja Hillsong, que seria parcialmente contaminada pela “teologia da prosperidade”. No entanto, isso somente configuraria um problema se as letras das músicas apregoassem esse ou qualquer outro desvio doutrinário. Será que isso acontece?
A resposta, indiscutivelmente, é não. Os louvores do Hillsong primam pela beleza musical, e contém letras cujo tema central é a adoração a Deus por Seus atributos e Sua maravilhosa graça. Atentemos para canções como “All the Heavens”, “At the Cross”, “Here I Am to Worship”, “Home”, “Let Creation Sing”, “Made me Glad”, dentre tantas outras. A verdade é que nossos irmãos australianos têm cantado sobre assuntos espirituais, muito mais que os ministrantes brasileiros. Em nosso país são bem mais frequentes canções que falam de bênçãos terrenas e sonhos, e raras as que mencionam realidades espirituais comuns nas letras do Hillsong.
Hoje mais cedo, ouvindo algumas das canções do novo CD deles, “Glorious Ruins”, percebemos a mesma temática de exaltação ao Senhor, presente desde o início da banda. Uma delas, “Christ Is Enough”, trata da suficiência de Cristo, cantada em uma lindíssima melodia. Talvez, esse único louvor possa ser um instrumento de Deus mais poderoso para quebrantar um ouvinte católico romano do que mil pregações a respeito do “Sola Cristus”, dependendo do caso. Quem pode negar o conteúdo bíblico de versos singelos como estes: “Agora não há nada nesse mundo que possa me satisfazer/ Em meio a todas as aflições minha alma cantará, pois fui liberto/ Cristo é suficiente para mim/ Tudo que eu preciso está em Ti”?
Outros críticos talvez não gostem da musicalidade pop anglo-saxã, e prefeririam ouvir os brasileiros cantando louvores no estilo MPB, ao invés de se assemelharem a uma banda estrangeira. Mas isso é uma questão de gosto. Há espaço para diversas manifestações musicais no culto; não para todas, mas com certeza, para muitas. Se existem vários grupos e artistas brasileiros compondo canções semelhantes às do Hillsong, isso não é defeito. Talvez não seja adequado para as reuniões da igreja tocar as composições em ritmo mais acelerado (que podem ser apreciadas em casa), porém as mais suaves cabem perfeitamente. Basta ter bom senso.
Por tudo isso, o Hillsong é uma excelente influência para os ministrantes brasileiros que louvam em ritmos contemporâneos. As belíssimas melodias daquele grupo australiano, o capricho nos arranjos e a competência dos músicos podem, sim, servir de referência para nossos adoradores. E quanto às letras, bom seria se os compositores no Brasil se espelhassem mais nos temas tratados pelo Hillsong. Isso os levaria a deixar de lado uma série de assuntos tão comuns no movimento gospel brasileiro, excessivamente focado em questões terrenas de autoajuda e realização pessoal, estranhas à Palavra de Deus. Desta forma, as mensagens cantadas edificariam nossas igrejas, mais do que tem acontecido hoje.
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