Há um grave perigo rondando a vida de homens e mulheres convertidos, membros de igrejas sérias, pastoreadas por obreiros comprometidos com a sã doutrina bíblica. Existe um mal ameaçando crentes que leem a Bíblia diariamente, devoram bons livros de autores cristãos reconhecidos, sentem repulsa pelas heresias e, na maioria dos casos, são atuantes na obra do Reino de Deus. Esse perigo, esse mal, é o abandono da fé viva e ardente em Cristo, também chamada “o primeiro amor”.
Na conversão (genuína), o Espírito Santo produz tristeza pelo pecado, arrependimento, grande alegria diante da boa-nova da salvação, e então aquela pessoa antes afastada de Deus entrega a própria vida nas mãos do Salvador. A paz inunda o coração do novo convertido. A partir daí, a pessoa, transformada, passa a viver na fé, cheia de amor pelo Filho de Deus, desejando que todos venham a conhecer a sublime mensagem do Evangelho. Ir ao templo para cultuar ao Senhor e aprender mais da Palavra de Deus é um prazer, e cada porção das Escrituras é recebida com júbilo, como uma criança recebe um novo presente.
O zelo cresce à medida que o crente adquire uma boa Bíblia de estudo e passa a ter noções de teologia. A leitura bíblica é complementada por bons livros, a coerência doutrinária torna-se importante, e o cristão, mais maduro, toma aversão às heresias que tentam macular a pureza do Evangelho nas igrejas. O pastor local
percebe o crescimento espiritual daquela pessoa e convida-a a ocupar algum cargo de apoio, como a liderança de um pequeno grupo ou a participação num ministério específico (louvor, jovens, casais, etc). Tudo parece correr bem, conforme a vontade de Deus.
Então, com o passar do tempo, vem o esfriamento. Os problemas e preocupações do dia a dia vão consumindo as forças daquele crente outrora tão avivado, e a fé singela é abalada. Em seu coração, a pessoa constantemente é tentada a duvidar do amor de Deus por ela, embora o temor a impeça de externar seus maus pensamentos. O desejo de servir ao Senhor diminui muito e o trabalho ministerial torna-se uma rotina, por vezes enfadonha. Nos cultos, a atenção frequentemente se desvia
pela lembrança de alguma coisa relacionada ao trabalho secular, estudos e outras questões desse mundo. Perde-se a noção do privilégio da salvação e, ao orar, as respostas de Deus não vêm mais como antes vinham, claras e consoladoras.
A fé em Deus não deixou de existir. Está lá, como uma certeza de que Ele, um dia, cumprirá Suas promessas de vida eterna, conforme as Escrituras. Mas a relação íntima com o Senhor deu lugar a um conhecimento frio, puramente intelectual, do qual o crente se orgulha, chegado ao ponto de sentir-se superior às outras pessoas,
sejam os não convertidos ou os falsos convertidos. Não se vê nenhum pecado escandaloso em seu viver cotidiano, mas também não há poder de Deus. Os de fora o respeitam, reconhecem-no como cristão, mas é só. Quem o observa não sente nenhuma vontade de conhecer a Cristo, porque falta paixão naquela vida. A paixão pelo Evangelho e pela glória de Deus, que antes transbordava em seu coração, e hoje está semimorta.
Se esse é o seu caso, prezado irmão, o Senhor tem, sim, algo a lhe dizer: “Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos; e tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer. Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas” (Ap 2:2-5). Ouça, meu querido: o problema não está em Deus, que jamais deixou de amá-lo, mas em você, que se esqueceu do quanto Ele o ama e o perdoou em Cristo. Pense nisso, e clame ao Pai Celeste que lhe restaure o fervor inicial, como no tempo em que o Senhor Jesus era tudo para você!
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