O maior motivo de escândalo no meio evangélico atual é, sem sombra de dúvida, a forma como uma considerável parte dos líderes (pastores, bispos, “apóstolos”, etc) e suas igrejas lidam com o dinheiro. Infelizmente, sobram evidências de mau uso dos dízimos e ofertas, sobretudo no meio neopentecostal, e isso dá munição aos
inimigos do Evangelho para continuarem a atacar e escarnecer do povo de Cristo. A população crente é vista como uma multidão de tolos, os quais empregam até o último centavo do salário no sustento dos milionários comerciantes da fé. E o Reino de Deus é confundido com um imenso balcão de negócios escusos. Que tragédia!
Portanto, é dever dos verdadeiros ministros de Cristo, líderes de igrejas sérias, alicerçadas na Palavra de Deus, distinguir-se radicalmente de tudo isso, mantendo uma postura de ética e transparência no trato com o dinheiro arrecadado. Mais do que denunciar erros, deve-se dar o exemplo, para que os incrédulos se calem e os maus obreiros sejam envergonhados. Nessa tarefa, cada denominação genuinamente cristã, consciente de seu papel, adota as medidas que julga serem
mais adequadas. Uma delas, bastante conhecida, optou por não pagar salários aos seus pastores, que trabalham voluntariamente (embora a Bíblia afirme ser o trabalhador digno de seu salário). Sem esgotar o assunto, aqui citamos algumas propostas úteis que temos visto em igrejas locais do nosso conhecimento.
1. Minuciosa prestação de contas: é imprescindível que se dê aos membros dizimistas e ofertantes a oportunidade de saberem qual tem sido o destino do dinheiro arrecadado em suas igrejas. Qual é o salário do pastor, quanto se gasta na manutenção do templo, quanto custou aquele novo instrumento musical adquirido, são informações as quais não podem ser ocultadas das pessoas que regularmente contribuem com seus próprios recursos financeiros. É lícito, inclusive, que os recibos e notas fiscais estejam à disposição dos membros interessados, para consulta. Cada denominação deveria utilizar, no mínimo, uma reunião a cada ano para apresentar aos membros a prestação de contas. Melhor seria se o fizessem uma vez por semestre.
2. Não recolher ofertas durante campanhas de oração: toda igreja pode, sempre que julgar oportuno, promover reuniões de oração com propósitos específicos (exemplo: um mês de clamor por curas, nos cultos de sexta-feira). Porém, é um desastre quando, justamente nesses encontros, as pessoas presentes são incentivadas a ofertar. Tem-se a impressão de que, para ter sua súplica respondida por Deus, o crente deve contribuir com generosa quantia em dinheiro – o que é um absurdo! Para evitar qualquer confusão nesse sentido o melhor remédio é deixar para recolher ofertas em outra ocasião.
3. Anúncio antecipado de ofertas alçadas: em certas ocasiões, as igrejas podem solicitar de seus membros ofertas alçadas, visando um objetivo como a reforma do templo, a aquisição de um novo equipamento ou algo semelhante. É importante que esse pedido seja feito com antecedência, para que os irmãos, em casa, reflitam,
façam as contas e verifiquem com quanto podem contribuir sem desfalcar o orçamento doméstico. Além disso, logo após o levantamento do valor necessário e da aquisição do bem, a igreja beneficiada deve comunicar aos membros quanto se arrecadou e qual foi o destino do dinheiro recolhido (exemplo: o valor das ofertas foi “X” reais, que estão sendo empregados na reforma das salas 1 e 2, utilizadas na Escola Dominical).
4. Jamais recolher ofertas no calor da emoção: o ofertório deve ser um momento de total sobriedade durante o culto. Convocam-se os membros a entregarem seus dízimos e ofertas, e os valores (já separados em casa) são recolhidos, sem qualquer apelo ou mensagem que venha comover os presentes, de preferência ainda no início do culto. Visitantes nunca, em hipótese alguma devem ser constrangidos a ofertar, pois muitos deles nem sequer tiveram qualquer experiência de salvação! Esses cuidados são importantes, para que ninguém, de forma impensada, dê à igreja o que não tem e se afunde em dívidas, para depois se arrepender. Cada um contribua generosamente, sim, mas segundo suas possibilidades. É o que a Bíblia ensina.
5. Dar a cada centavo a destinação devida: as igrejas precisam estar atentas para nunca aplicar o dinheiro de forma diferente do previsto. Existe a verba para construção do templo, o fundo de missões, o caixa de assistência social e o montante destinado ao pagamento de salários e manutenção das despesas cotidianas; haja, então, rigor na administração dos recursos, a fim de evitar mistura, o que dificultaria a prestação de contas. A porta de entrada para a corrupção é a negligência administrativa, que não pode ser tolerada no corpo de Cristo.
6. Dignidade e bom senso no salário dos ministros: é difícil se estabelecer um piso salarial para pastores, já que certas congregações contam com meia dúzia de membros dizimistas. Porém, cada igreja deveria, levando-se em conta os recursos disponíveis, estabelecer um valor mínimo para o salário de seus obreiros, conforme o tempo de dedicação ao ministério de cada um. E seria prudente também fixar um valor máximo, até mesmo nas grandes denominações, onde congregam dezenas de milhares de membros. Naturalmente, um ministro atuante num grande centro, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília – cidades nas quais o custo de vida é
exorbitante – ganharia um salário maior que o seu colega do interior. Mas não é justo que nenhum obreiro, nem mesmo o líder maior da denominação, se enriqueça no exercício do pastorado.
Estas são algumas medidas práticas adotadas em igrejas sérias, muitíssimo úteis para evitar a corrupção em suas fileiras. Outras semelhantes podem ser utilizadas, visando o mesmo propósito. O que não se pode mais tolerar é a manutenção de práticas infames no meio evangélico, tão comuns entre falsos ministros, gananciosos lobos em pele de cordeiro, amantes do dinheiro, vendedores de indulgências contemporâneos, que dão aos ímpios brecha para todo tipo de críticas, manchando assim a imagem do corpo de Cristo. Que cada verdadeira igreja cristã e cada obreiro genuinamente vocacionado tenha estas coisas em alta consideração, a fim de dar o
bom exemplo.
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