Muitos de nós já fomos questionados por pessoas católicas romanas sobre o porquê de sempre citarmos a Bíblia quando falamos sobre Jesus e Seu Evangelho. Qual é o propósito de sabermos tantos versículos bíblicos de cor? Por que fazemos questão de mencionná-los? Será que não conseguimos testemunhar a nossa fé de outra forma? E por qual razão nós, crentes, carregamos a nossa Bíblia todas as vezes em que nos reunimos para cultuar o Senhor? Esses questionamentos revelam a diferença fundamental entre católicos romanos e crentes evangélicos, que é a atitude de uns e outros em relação às Escrituras.
Antes de prosseguir, convém esclarecer que nos referimos aos católicos romanos praticantes, que levam sua religião a sério, e aos verdadeiros crentes evangélicos. Existe uma massa de pessoas autointituladas “católicas” que não creem em nada, e uma multidão de “evangélicos” de fachada, incrédulos e mundanos. Porém o assunto de nossa reflexão são os de fé sincera, é sobre estes que pretendemos meditar. Certamente há diferenças visíveis entre o modo como nós vivenciamos nossas convicções e a maneira como eles o fazem com as suas próprias. Exemplos: eles utilizam imagens de escultura, nós não; eles acreditam em purgatório, nós não. No entanto, essas questões são apenas consequências do modo como cada grupo se relaciona com a Bíblia. Todas as divergências entre nós e eles começam aqui.
Nós, crentes, entendemos que a Bíblia é a Palavra de Deus completa e infalível, dada pelo próprio Senhor através de servos inspirados pelo Espírito Santo. Não cremos em novas doutrinas que acrescentem, subtraiam ou modifiquem algo contido nas Escrituras. Nossa única regra de fé e prática de vida é o texto bíblico. Nisso cremos. Os católicos romanos, ao contrário, entendem que a Bíblia não provém diretamente de Deus, e sim da igreja. Além disso, acreditam que as Escrituras não contêm toda a Sua Palavra, mas somente uma parte
dela. O restante, as duas outras fontes da verdade, seriam a tradição e o magistério. Esse é o ensino do catolicismo romano, e suas implicações são muitas, como veremos a seguir.
Em primeiro lugar, a afirmação de que a Bíblia não seria uma revelação dada pelo próprio Deus, e sim algo que a igreja teria elaborado e desenvolvido a partir de suas experiências de fé, traz uma consequência inusitada e perigosa: a igreja passa a ter autoridade sobre o texto bíblico. Vamos explicar melhor, utilizando uma analogia. Imaginemos que a igreja é um pai e a Bíblia, sua filha. Sabemos que os filhos são subordinados aos seus pais, que os instruem e corrigem quando necessário, certo? Então, conforme a
lógica católica romana, não é a igreja que precisa se sujeitar ao texto bíblico, e sim a Bíblia que se sujeita à igreja! Em segundo lugar, para os católicos romanos, a revelação de Deus não se resume às Escrituras, ela continua, como já dissemos, na tradição e no magistério.
Tradição são os textos de teólogos da antiguidade, escritos depois que a Bíblia já estava pronta. E magistério é o conjunto de cardeais da Igreja Católica Romana reunidos sob a liderança do papa. No catolicismo romano, tanto a tradição quanto o magistério complementam (e, em muitos casos, modificam) o que está escrito nas Escrituras. Sendo assim, a Palavra de Deus sempre está em aberto, nunca se completa. Cada vez que os cardeais e o papa se reúnem em concílio, no Vaticano, novas doutrinas podem surgir. E tudo que é
decidido ali passa a ter a mesma autoridade que qualquer texto bíblico. Vamos imaginar que hoje fosse convocado um novo concílio, ou seja, uma temporada de reuniões da cúpula da Igreja Católica Romana. O documento final publicado ali teria, para os católicos romanos de todo o mundo, a mesma autoridade que o Evangelho de João ou a Carta de Paulo aos Romanos!
Os católicos romanos são merecedores de respeito, como seres humanos criados por Deus. Não temos o direito de menosprezá-los ou zombar da fé que possuem. Mas podemos e devemos discordar enfaticamente de seus pontos de vista, pois reduzem a quase nada a autoridade da Bíblia, que nós, crentes, afirmamos ser a Palavra completa, perfeita e infalível dada pelo Senhor, sendo digna de toda obediência. Por crermos assim, nós nos submetemos completamente às Escrituras, nossa única regra de fé e prática. Todas as nossas outras divergências em relação ao catolicismo romano (o fato de não cultuarmos imagens, não crermos no purgatório, não invocarmos os santos em oração, etc) decorrem da nossa confiança absoluta no texto bíblico. O que nele está escrito, nenhum homem pode revogar.
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