O culto começa com um louvor vibrante, muito bem interpretado pelos talentosos músicos da banda. As primeiras canções são alegres e cheias de energia; as seguintes, suaves, com lindas melodias. Logo o público está comovido pela beleza da apresentação. O pastor, hábil e empolgado, não deixa os ânimos se esfriarem, trazendo palavras encorajadoras sobre o poder de Deus, com voz firme e decidida. A oração é acompanhada por toda a congregação, num tom crescente, durante vários minutos, enquanto o celebrante anuncia que o SENHOR irá conceder dons extraordinários naquela mesma noite. Daí a pouco, algumas pessoas começam a cair ao chão, outras se põem a andar de quatro, como animais; uns rolam, outros riem descontroladamente, permanecendo assim por um bom tempo. No final da reunião, o pastor anuncia que aquela igreja tinha começado a viver um poderoso avivamento, levando os presentes ao delírio.
Depois do encontro, muitos voltam para os seus lares com algum quebrantamento de coração, e oram com mais fervor antes de deitar. Uns chegam a despertar durante a madrugada para orarem mais um pouco. Porém, no dia seguinte, pouca coisa muda em suas rotinas de trabalhos e afazeres. Com o passar da semana, as ações daquela gente voltam a ser como antes: maridos continuam impacientes com suas esposas, mulheres permanecem nos seus impulsos consumistas, adolescentes ainda se empolgam em conversas imorais na escola. Há quem passe a ler mais a Bíblia e orar com mais frequência, mas apenas nos primeiros dias. Os próximos cultos da congregação “avivada” são cheios de vibração e manifestações diferentes, e a notícia de que algo novo está acontecendo ali atrai a presença de muitos visitantes. No Youtube, são divulgados vídeos com trechos das reuniões, e muitos acessos acontecem. Porém, o dia a dia dos membros da denominação é o mesmo de sempre.
Definitivamente, nossa geração não sabe o que é um avivamento!
No Pentecostes, a igreja primitiva viveu um notável despertamento espiritual, que trouxe mudanças profundas entre os cristãos. Fervor, santidade, vida de oração, comunhão sincera, desapego pelos bens materiais, disposição em aprender a doutrina dos apóstolos, zelo missionário, submissão a Deus e reverência eram marcas das primeiras comunidades. Os dois séculos seguintes também conheceram bênçãos espirituais semelhantes, em meio a uma perseguição cruel promovida contra os crentes pelo Império Romano.
A Reforma Protestante trouxe novo despertar ao povo de Deus, num verdadeiro redescobrimento das Escrituras, que voltaram a ser o padrão de fé e prática de vida para os cristãos. E, quando vis disputas políticas ameaçavam obscurecer a fé evangélica nos países alcançados pela Reforma, o Espírito Santo promoveu maravilhosos períodos de avivamento, usando a vida de santos como Jonathan Edwards, John Wesley e George Whitefield. Naquele tempo, a pregação da Palavra de Deus operava indescritível quebrantamento nos corações dos ouvintes. Congregações inteiras se prostravam em doloroso pranto, gemendo pelos seus pecados. Todos eram convencidos de suas iniquidades, e clamavam ao Todo-Poderoso por perdão. Havia reconciliação entre esposos e esposas, pais e filhos, patrões e empregados. Bares e locais de diversão vulgar iam à falência, bêbados e devassos abandonavam seus vícios, entregando-se inteiramente a Cristo. Até os não-convertidos temiam a Deus, pois Sua santa presença estava em toda parte. Houve registros de criminosos que, voluntariamente, se entregaram à Justiça, tomados por profunda sensação de indignidade. Assim eram os avivamentos do passado!
É absolutamente necessário conhecermos e meditarmos nessas coisas, porque nós cristãos de hoje temos cometido o grave erro de tentarmos fabricar aquilo que só Deus pode fazer. Armamos um teatro e encenamos. Fingimos que o Espírito Santo está promovendo coisas que não são d’Ele. É lógico que o Espírito do SENHOR está conosco, pois cremos (embora, certamente, não esteja com os incrédulos do nosso meio, o chamado “joio”). Mas, definitivamente, NÃO vivemos uma época de despertamento espiritual; ao contrário, estes são dias trabalhosos, de muita frieza e pecado no seio da igreja! Há abundância de pastores gananciosos, a música “gospel” se tornou um mercado cheio de estrelas e tietes, considera-se desnecessário o estudo bíblico aprofundado, a sensualidade é tolerada. As mulheres se vestem de modo provocante, os homens amam pornografia, os jovens desprezam a pureza. O santo Nome do SENHOR é usado em vão o tempo inteiro por falsos profetas, cujo estilo de vida é uma afronta ao Terceiro Mandamento (Êxodo 20:7). “Evangélicos” compram e não pagam, sonegam impostos, tomam emprestado e não devolvem, mentem, fofocam, burlam leis de trânsito. Não há temor, tudo é lícito, tudo é tolerado! Que avivamento é esse?
Nossa postura deve ser outra. Precisamos urgentemente dobrar nossos joelhos e implorar que Deus mude o nosso coração! Perseverarmos em leitura bíblica e oração. Procurarmos nos alimentar com sã doutrina, por meio de livros e pregações de ministros sérios, como Joel Beeke, John MacArthur, Paul Washer, Renato Vargens, Ciro Zibordi, Augustus Nicodemus, David Wilkerson, Antônio Gilberto, Wayne Grudem e outros. Fugirmos de canastrões fantasiados de pastores (uma forma rápida de identificá-los é esta: falam demais em dinheiro e prometem maravilhas para quem oferta grandes quantias). Corrermos de ambientes e pessoas que nos induzem ao pecado. E clamarmos a Deus que nos conceda a bênção de um genuíno avivamento, uma especial visita do Espírito Santo sobre a igreja, a fim de restaurá-la, purificando-a de tantos males que nos têm afligido! Faz a Tua obra em nosso meio, SENHOR!
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