quarta-feira, 6 de agosto de 2014

“Templo de Salomão” da IURD: para a glória de quem?

Durante o reinado de Salomão, foi edificado em Jerusalém o grandioso templo destinado a abrigar a arca da aliança do Senhor, símbolo da Sua presença. Israel vivia o Antigo Testamento, aguardando o Messias prometido, e o culto a Deus consistia em figuras do Cristo que viria: sacrifícios de animais, o véu isolando o lugar santíssimo, o sangue aspergido sobre a arca pelo sumo sacerdote, etc. Àquela época, o templo era o lugar da habitação do Senhor na terra, o local onde se cultuava o Senhor Jeová. Mas o Filho de Deus veio, morreu na cruz, ressuscitou e subiu aos céus, tendo consumado o sacrifício perfeito em favor de todos que n'Ele creem. O Espírito Santo desceu sobre a igreja, habitando no coração dos crentes, os quais são, hoje, o Seu templo. Não há mais um lugar físico reservado à adoração divina, pois o Pai procura adoradores que o adorem em espírito e em verdade.
 
Ao que parece, a Igreja Universal do Reino de Deus ignora essas verdades elementares. No dia 31 de julho foi inaugurado em São Paulo o “Templo de Salomão”, nova sede da IURD, uma réplica do edifício erguido em Israel durante a Antiga Aliança. Abrindo a cerimônia, um cortejo de homens com vestes semelhantes às dos sacerdotes israelitas trouxe até o templo uma imitação da arca da aliança. Elementos típicos do culto verotestamentário estavam em toda parte: candelabros de sete velas, estolas sacerdotais, etc. Todos os obreiros usavam barba, como era costume na antiga Israel. Enfim, o que eram apenas sombras da obra de Cristo já consumada, voltaram ao centro. O Sumo Sacerdote perfeito foi esquecido, em detrimento do extinto sacerdócio levítico. Voltou-se ao Antigo Testamento!
 
A cerimônia contou com a presença da Presidente da República Dilma Rousseff, do Vice-Presidente Michel Temmer, do Governador de São Paulo Geraldo Alckmin, do Prefeito de São Paulo Fernando Haddad, do Ministro do STF Marco Aurélio Melo, dentre outros. Autoridades constituídas, a quem devemos honrar, segundo a Bíblia. Mas, naquela ocasião específica, a participação de várias dentre as principais figuras públicas brasileiras, somada à suntuosidade da edificação e à pompa da cerimônia evidenciaram uma triste demonstração de poder pela IURD. Poder dos homens, não de Deus. Nada ali convidava os presentes ao quebrantamento, nada glorificava ao Senhor. A beleza de Cristo ficou de fora, e não poderia ser diferente. É impossível exaltar o Filho de Deus contrariando a Bíblia!
 
Não bastassem os absurdos teológicos mencionados e a grandiloquência do evento inaugural, há outro terrível agravante envolvendo o “Templo de Salomão”. A obra custou R$685.000.000,00 (seiscentos e oitenta e cinco milhões de reais!). Se considerarmos o custo médio mensal de três mil reais para o sustento digno de uma família de missionários (em alguns lugares, o custo de vida é mais alto, em outros, mais reduzido), o orçamento da nova sede da IURD possibilitaria a manutenção de 19.027 (dezenove mil e vinte e sete) famílias no campo missionário durante um ano inteiro. Ou de 3.805 (três mil, oitocentas e cinco) famílias durante cinco anos! “Para Deus deve-se fazer sempre o melhor”, alguns diriam. Infelizmente, uma réplica de templo verotestamentário não é o melhor, de maneira nenhuma. Mas, ainda que fosse outro edifício, adequado ao culto público da igreja, tamanho gasto numa só obra é um erro gravíssimo. A prioridade em qualquer denominação genuinamente evangélica precisa ser resgatar almas para Cristo, e não erguer edifícios.
 
O “Templo de Salomão” da IURD é prova inequívoca de que o meio evangélico vive uma crise. Falta discernimento, conhecimento bíblico, temor, humildade, amor a Deus, amor aos irmãos, compaixão pelos perdidos. Heresias, as mais diversas, correm soltas. O dinheiro é adorado, a contaminação dos valores mundanos é notória. Precisamos desesperadamente de um autêntico avivamento e do retorno à centralidade de Cristo e da Bíblia como única, inerrante e suficiente Palavra de Deus. Que o Senhor tenha compaixão de nós, trazendo restauração. Pois chegamos ao fundo do poço!

Nenhum comentário:

Postar um comentário