O ator que estrelou em diversas telenovelas, a atriz e modelo tão cobiçada nos anos 90, o cantor que emplacou vários sucessos românticos no passado, a ex-apresentadora de programa infantil, o ex-jogador de futebol vencedor de vários títulos estaduais e nacionais, de repente anuncia sua conversão à fé evangélica.
Programas de auditório na TV e sites de Internet espalham a notícia, o Brasil inteiro toma conhecimento e muitos evangélicos do povo se alegram com o que imaginam ser o crescimento do Reino de Deus em nosso país.
Pouco tempo depois aquele astro ou estrela volta às manchetes da grande mídia, mas desta vez o assunto é outro. Agora ele, ou ela, aparece divorciado, frequentando boates e eventos de carnaval, acumulando sucessivos namoros autodestrutivos, embriagado, atuando em filmes pornográficos, exibindo o corpo em revistas eróticas, dando vexames patéticos. Alguns chegam a se envolver até mesmo em casos de polícia. E muitos incrédulos, inimigos do Evangelho, vendo estas
coisas, riem, fazem piadinhas, se divertem ao assistir a queda daquele famoso que supostamente havia se convertido a Cristo.
Histórias como essas, que nos enchem de tristeza, acontecem frequentemente. E, com raríssimas exceções, os protagonistas são pessoas que nunca tiveram um real encontro com o Senhor Jesus. Suas pretensas “conversões” não passaram de um entusiasmo temporário, uma experiência efêmera, uma frustrada tentativa de preencher o imenso vazio de seus corações. Mas então as tentações vieram, satanás as atacou furiosamente e elas, sem o consolo do Espírito Santo, não
conseguiram suportar e logo caíram. Alguém as enganou, declarando que elas haviam sido transformadas pelo poder de Deus, e elas acreditaram nessa mentira.
Logo, existem mais culpados aí. Esses famosos não convertidos têm sua responsabilidade pessoal, mas há outros que carregam uma culpa muito maior. São pastores, quase sempre de denominações neopentecostais, que se envaideceram ao verem diante de si aquele ator, cantor, modelo, apresentador ou atleta conhecido em todo o Brasil. E, apressadamente, os declararam “salvos”. Qualquer crente em Jesus Cristo, temente a Deus, podia perceber algo errado naqueles “novos convertidos”. Não havia verdadeira transformação, não havia quebrantamento e absolutamente nenhum sinal de piedade neles! Tudo não passava de “oba-oba”, isso estava claro como água! Mas não para os pastores que em um mês os batizaram e os receberam como membros de suas igrejas.
O que faz um ministro de Deus sério quando vê alguém novo acompanhando os cultos em sua igreja? Procura conversar reservadamente com aquela pessoa (pouco importa se é uma estrela na mídia ou um desconhecido), sondar se já é uma serva de Deus, e, constatando que não é, passa a expor a ela o Evangelho com toda
clareza. Isso nem sempre acontece em um dia, talvez seja necessário agendar uma série de aconselhamentos, conversar exaustivamente com ela. Até que Cristo seja formado em seu coração, até que o Espírito Santo a quebrante e venha o arrependimento de pecados. Pois não existe conversão sem arrependimento. E então, crendo na obra realizada pelo Senhor Jesus no Calvário, aquela pessoa é salva.
Mas o papel do pastor não acaba aí. O próximo passo é o discipulado, quando se ensina ao novo convertido os caminhos do Senhor com mais profundidade. Com o apoio da igreja, a pessoa aprende a ter uma vida de oração, leitura e meditação na Palavra de Deus, renúncia ao pecado, comunhão com os irmãos, etc. A salvação já aconteceu, mas a santificação é um processo que durará a vida inteira. Para tanto, a igreja precisa manter uma estrutura apta a oferecer o que for necessário ao crescimento espiritual do novo membro, incluindo uma boa escola bíblica dominical, reuniões de oração, oportunidades que promovam a comunhão e, sobretudo, uma sólida doutrina alicerçada nas Escrituras. Quem é o responsável por tudo isso? O pastor, pois Deus lhe confiou essa obra.
Porém, nada disso foi feito. Não houve uma cuidadosa apresentação do Evangelho, nem um programa de aconselhamento ou acompanhamento do novo membro, muito menos discipulado. Sobrou irresponsabilidade, a obra de Deus foi tratada como se fosse brincadeira. É claro que, mesmo em ministérios sérios, no meio de autênticas igrejas cristãs, pode acontecer de alguém se desviar e fazer coisas terríveis. Mas, dentre os famosos que têm protagonizado histórias vergonhosas depois de terem se declarado “evangélicos”, a grande maioria dos casos é, sim, de falsas conversões toleradas por pastores que ainda não entenderam o seu papel. Agora o escândalo já aconteceu, o Evangelho foi envergonhado e o bendito Nome de Cristo, blasfemado entre os incrédulos. E a nós só resta clamarmos por misericórdia, em favor do falso convertido, do pastor e de nós mesmos, tão sujeitos a fraquezas.
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