Prezado amigo batizado e membro de denominação evangélica,
O segmento evangélico vem experimentando um expressivo crescimento nas últimas décadas em nosso país. Projeções recentes concluem que já somos aproximadamente cinquenta milhões, ou seja, um quarto da população. Tais dados têm provocado mudanças outrora inimagináveis, por exemplo, a existência de uma numerosa bancada evangélica no Congresso Nacional e as constantes visitas de políticos às igrejas em época de eleição. Muitos irmãos vibram com todas essas coisas, considerando-as um claro sinal da bênção e aprovação de Deus.
Entretanto, antes de comemorarmos devemos consultar a Bíblia, nossa única regra de fé e prática, pois somente ela pode nos mostrar se esse aumento da população evangélica de fato agrada ao Senhor. E, para surpresa (e decepção) da maioria dos irmãos, a Palavra de Deus demonstra claramente que nós, os crentes brasileiros, temos razões para lamentarmos e nos envergonharmos diante dos números acima. Se alguém discorda, leia os argumentos seguintes e tire suas próprias conclusões.
Logo de início, saibamos que a presença de milagres (curas, etc) e expulsão de demônios, tão comuns nos cultos das maiores denominações brasileiras, não garantem a aprovação do Senhor. Basta relembrarmos as palavras de Jesus em Mateus 7:22-23: “Muitos naquele dia hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade”. Se você, caro amigo, pensa que a sua igreja está no centro da vontade do Senhor porque o “bispo”, o “apóstolo” ou o “pastor” opera esses sinais, entenda que isso não basta.
Em segundo lugar, lembremos que a prosperidade financeira também não é garantia da aprovação de Deus. A igreja de Laodiceia era próspera, imaginava que o Senhor Se agradava dela, mas eis a mensagem de Cristo para aquele povo: “... estou a ponto de vomitar-te da minha boca; pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu” (Apocalipse 3:16-17). Além disso, a constante busca da prosperidade em quase todas as denominações evangélicas atuais tem se tornado
uma perigosa armadilha para os seus membros. “Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição” (1Timóteo 6:9).
Se temos visto milagres e prosperidade, mas essas coisas não significam saúde espiritual, como saberemos qual é o real estado da igreja aos olhos do Senhor? Em Mateus 5:13-16, Cristo nos ensina: “Vós sois o sal da terra... Vós sois a luz do mundo. Assim, brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”. Semelhantemente, lemos em 1Pedro 2:11-12: “Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra conta a alma, mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação”. As duas passagens bíblicas citadas falam do comportamento dos crentes perante a sociedade, e são úteis para nos avaliarmos.
Será que a atual geração de evangélicos tem sido luz para o Brasil? Qual é o testemunho público dos que professam a Cristo como Senhor? Há diferença clara entre os crentes professos e o restante da população, no que se refere ao modo de trabalhar, estudar, falar, vestir-se, utilizar o tempo e os recursos financeiros, conviver em família, socorrer os mais necessitados? Precisamos admitir que a resposta é negativa, o modo de viver dos membros de denominações evangélicas é praticamente o mesmo dos incrédulos. Não influenciamos a sociedade em nada, aliás o aumento no número de evangélicos não impediu o crescimento da criminalidade e de toda sorte de vícios em nosso país. As famílias brasileiras estão mais desestruturadas a cada dia, o consumo de drogas e a violência são alarmantes, os valores morais estão em ruínas, e vinte e cinco por cento dos brasileiros consideram-se servos de Cristo. Algo está errado!
Outros dois textos bíblicos, em João 13:35 e João 17:21, nos mostram quais são as marcas dos verdadeiros crentes, pelas quais o mundo nos reconheceria como discípulos do Senhor. “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros”; “a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste”. Se os evangélicos brasileiros amassem uns aos outros intensamente e tivessem um só pensamento, a sociedade brasileira nos veria com outros olhos, e muitos creriam no Senhor Jesus. Mas a dura verdade é que as multidões evangélicas deste país não têm esse amor. Ao contrário, quase todos buscam seus próprios interesses, as divisões e contendas são frequentes e boa parte dos líderes de certas denominações chegam a assediar os membros das outras igrejas, ao invés de evangelizarem os perdidos. Portanto, além de não sermos luz, falta-nos amor pelos próprios irmãos!
Há no Brasil um povo santo, genuinamente convertido, submisso à Bíblia, que reconhece a Jesus como único Senhor e Salvador? Sim, graças a Deus. Porém, existe uma enorme diferença entre declarar-se evangélico numa pesquisa do IBGE e ser um filho remido do Senhor. Conforme as estatísticas somos cinquenta milhões de evangélicos, mas certamente não há nesta nação um exército de cinquenta milhões de crentes nascidos de novo – se houvesse, nosso país não estaria mergulhado num caos moral. Logo, as igrejas evangélicas brasileiras estão cheias, não de ovelhas, mas de bodes; não de trigo, mas de joio. O crescimento do povo evangélico é artificial, muitos são atraídos para os cultos sem serem atraídos a Cristo. Isso significa que o Evangelho não vem sendo pregado nos púlpitos, e sim um falso evangelho, que agrada a multidões de não regenerados. Ou alguém tem outra explicação para esse estranho fenômeno, igrejas lotadas e Reino de Deus quase vazio?
Prezado amigo, examine-se a si mesmo! Você é um dos poucos cristãos autênticos, remidos e lavados pelo sangue de Cristo, ou está entre as dezenas de milhões de evangélicos professos que não conhecem a Deus? Seu nome consta no Livro da Vida do Cordeiro, ou apenas figura no rol de membros de uma denominação dita evangélica? Releia os textos aqui
descritos e reflita seriamente se você é luz que brilha no mundo, mediante um comportamento marcado pela santidade e por um profundo amor aos irmãos. O que os seus familiares, vizinhos, colegas de trabalho ou de escola pensam a seu respeito? Como é o seu relacionamento com os outros crentes, e o quanto você se doa em favor deles? Esse é um teste crucial, pois refere-se ao seu destino eterno! Se você for reprovado nele, sua condição espiritual não é nada boa, lamentavelmente. Talvez você necessite desesperadamente de
salvação, que é obra sobrenatural da graça do Senhor. Pondere nessas palavras hoje, enquanto a boa mão do Altíssimo ainda está estendida para resgatar e salvar. Que Deus o abençoe!
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