Dirigir e pastorear uma grande igreja, com dezenas de milhares de membros, sediada em um templo imenso e suntuosíssimo. Este é o sonho de muitos pastores, e, para vê-lo realizado, esforçam-se, montam estratégias, mobilizam pessoas, consultam especialistas, desgastam a si próprios ao extremo. Será que isso é plano de Deus e sinônimo de avanço do
Reino dos Céus na terra?
Ao observarmos o estado espiritual das denominações brasileiras em franco crescimento numérico, percebemos facilmente que a resposta é não. Tais igrejas não têm como marcas a sã doutrina, a promoção da santificação entre seus membros, o louvor quebrantado e cristocêntrico ou outras virtudes essenciais no Corpo de Cristo. Ao contrário, a pregação
torna-se mais superficial a cada culto, as canções entoadas ali são humanistas, os requisitos para a admissão de novos membros são afrouxados dia após dia, as heresias florescem.
Além disso, a soberba frequentemente se apodera do coração dos pastores dirigentes dessas igrejas. Seus planos de crescimento numérico tornam-se absurdamente ambiciosos, cercam-se de luxo e glamour, querem ocupar espaço na mídia (principalmente na TV), flertam com a política e, não raro, tomam para si o título de “apóstolos”, o que só evidencia seus
rasos conhecimentos teológicos. Muitos passam a rechaçar seus críticos, desprezando até as exortações mais justas e biblicamente fundamentadas.
Bom seria se o tamanho dos templos fosse limitado, a fim de não comportar uma quantidade exagerada de pessoas. Por exemplo, mil lugares no salão principal, onde os cultos são realizados. Assim, à medida que mais almas fossem ganhas para Cristo, outros templos seriam erguidos em bairros diferentes, sempre respeitando a capacidade máxima proposta. As
construções deveriam ser sóbrias, evitando a ostentação desnecessária e indesejável.
Os salários dos pastores deveriam ser limitados. Ninguém, nem mesmo o pastor presidente, teria um ganho exagerado, semelhante às remunerações do primeiro escalão dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário estaduais e federais. Pois raramente um ser humano não se ensoberbece quando mora numa mansão enorme, dirige os automóveis mais caros e imponentes, veste-se com roupas das melhores grifes e frequenta os ambientes mais chiques e sofisticados. Essas coisas são ciladas para os servos de Cristo, impróprias para quem se considera um peregrino e forasteiro nesse mundo.
Os poderes dos pastores presidentes deveriam ser limitados, e jamais concentrados somente neles. Todas as decisões importantes numa igreja precisam ser tomadas em equipe, não faz sentido a existência de uma espécie de “papa evangélico”, assentado num trono. O poder corrompe o homem, assim como a fama e o dinheiro. Algumas denominações chegam ao cúmulo de colocarem outdoors com fotos do seu líder fundador em todas as congregações, bem na entrada dos templos! Isso não pode acontecer no Corpo de Cristo, em hipótese nenhuma!
Finalmente, nenhum pastor deveria comprometer a saúde espiritual da igreja, visando o aumento do número de membros. Não existe insensatez pior do que diluir a mensagem do Evangelho, omitir as exigências de renúncia feitas pelo Senhor Jesus, deixar de alertar as pessoas sobre a gravidade do pecado e o futuro juízo de Deus contra o mundo, apenas
para agradar e atrair mais gente. Ai dos líderes que pregam falsas boas-novas! Melhor seria pastorear uma pequena igreja com trinta adoradores, salvos e transformados pelo poder do Altíssimo, do que liderar uma denominação com trinta mil falsos convertidos. Pastores, pensem nisso, e, se necessário, revejam seus sonhos e projetos, conformando-os ao padrão de Deus!
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