Um dos principais pilares de sustentação do catolicismo romano é a interpretação que dão às palavras do Senhor Jesus em Mateus 16:18-19:
"Também te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus”.
Para os católicos romanos, nestes versículos Jesus teria instituido o papado, delegando ao papa total autonomia no governo da Igreja. Embora essa interpretação seja completamente equivocada, como provam outras passagens das Escrituras (especialmente Atos 4:11, 1Pedro 2:4-6, Gálatas 2:7-9 e Mateus 18:15-20), a Igreja Católica Romana insiste em propagá-la. E, partindo desse ponto de vista, tudo lhes é lícito. Os inúmeros acréscimos doutrinários promovidos pelos concílios – vários deles explicitamente contrários aos preceitos bíblicos – são justificados com o simples argumento de que a Igreja Romana é a Igreja de Cristo, e pode instituir o que bem quiser, pois esta prerrogativa lhe teria sido outorgada por Deus! Por isso afirmam que a palavra do seu magistério (colégio de bispos) é
infalível!
Logo, por decreto de Roma, o purgatório existe, a invocação de mortos foi legitimada, a adoração a imagens e restos mortais dos santos tornou-se uma prática cristã correta, a salvação passou a acontecer por obras, Maria foi elevada à posição de imaculada, rainha do céu, rainha da paz, advogada, mediadora, corredentora e governadora do reino da misericórdia. Ao mesmo tempo, passagens bíblicas como João 3:16-18, Efésios 2:4-9, Romanos 3:21-24, Isaías 44:9-20, João 3:35-36, Êxodo 20:4-5, Deuteronômio 18:10-12, 1Timóteo 2:5, Isaías 42:8, 1João 2:1-2, dentre tantas outras, perderam seu valor ou tiveram sua eficácia reduzida pela palavra dos
concílios católicos romanos.
No entanto, existem algumas verdades fundamentais a serem levadas em conta. Em primeiro lugar, a Palavra de Deus não muda, nem pode ser revogada. “Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão”, disse Jesus (Mateus 24:35)! Segundo, a Igreja pertence a Cristo, que não abre mão de governá-la, conforme deixou claro em Mateus 16:18: “edificarei a MINHA igreja” (ênfase acrescentada)! Em terceiro lugar, o Senhor Jesus deixa claro nos capítulos 2 e 3 de Apocalipse que as igrejas serão aprovadas ou rejeitadas por Ele conforme a fidelidade e perseverança de cada uma, e não por algum salvo-conduto que Cristo jamais concedeu a alguma denominação em especial (Apocalipse 3:8b: “tens pouca força, entretanto, guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome”). Finalmente, nos mesmos capítulos do livro de Apocalipse supracitados percebemos que o SENHOR leva em conta a firmeza e obediência de indivíduos, mesmo sendo estes participantes de igrejas cuja postura tem sido rejeitada (Apocalipse 3:4: “Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram as suas vestiduras e andarão de branco junto comigo, pois são dignas).
A Bíblia nos mostra, portanto, que não existe uma denominação “exclusiva” de Cristo. A Igreja de Jesus é a soma dos cristãos genuínos, de todas as épocas e oriundos das mais diversas denominações, que O reconhecem como único Senhor (Efésios 4:4-5) e têm a Bíblia como única Palavra de Deus (João 17:6, 8, 14, 17, 20). É isso que caracteriza a Igreja, e não a figura do papa, do Vaticano ou qualquer outra instituição humana.
Há outro ponto essencial a ser considerado, que está expresso em 1Timóteo3:15: “(...) a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade”. A Igreja tem como missão ensinar, defender e propagar a verdade, expressa completa e definitivamente nas páginas da Bíblia. Mais do que reconhecer as Escrituras como única Palavra de Deus, a Igreja de Cristo deve se empenhar com todas as forças que o SENHOR lhe conceder, em defesa da suficiência e inerrância da Bíblia! Logo, quando uma denominação coloca as decisões de seus concílios em pé de igualdade, ou em posição superior às sagradas Escrituras, está descumprindo vergonhosamente seu papel de “coluna e baluarte da verdade”! E, infelizmente, o catolicismo romano vem fazendo isso há mais de mil anos!
Por tudo isso, se a Igreja Católica Romana deseja agradar Aquele que ela chama de Senhor, deve tomar algumas medidas prontamente:
1) Reconhecer que Jesus Cristo é o cabeça da Igreja, a qual foi fundada sobre Ele, “a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa” (1Pedro 2:4). Desta forma, a figura do papa pode existir, como líder de uma denominação específica, chamada “Católica Romana”, desde que fique claro o seu papel restrito àquela denominação, e a sua condição de homem limitado e sujeito a erros, exatamente como qualquer outro ser humano.
2) Reconhecer que a Bíblia é a única Palavra de Deus, completa e definitiva, e que a palavra dos concílios católicos romanos, o chamado “magistério”, é falha, e não pode, em hipótese alguma, acrescentar qualquer novidade às Escrituras, muito menos contradizê-las.
3) Ter a coragem de se arrepender e revogar todo e qualquer ensino extrabíblico ou antibíblico, como a doutrina do purgatório, a adoração a imagens de escultura e a invocação de santos mortos, ainda que isso gere profundo descontentamento em grande parte de seus membros, pois “antes, importa obedecer a Deus do que aos homens” (Atos 5:29).
Agindo assim, a Igreja Católica Romana não passaria a ser a única Igreja de Cristo, de maneira nenhuma. O Senhor Jesus jamais rejeitará os batistas, presbiterianos, assembleianos, metodistas e tantos outros membros das mais diversas denominações, desde que O reconheçam como único e suficiente Senhor e a Bíblia como Sua suficiente Palavra. Mas, certamente, a Igreja de Roma glorificaria grandemente ao SENHOR, e este é o sentido de todas as coisas, afinal. Porém, isso lhes custaria prestígio, poder e dinheiro. Estarão dispostos?
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