Um dos problemas mais difíceis para a igreja é a presença de iníquos no meio do povo de Deus. Não falamos de pessoas que, com dificuldade, lutam contra o pecado, nem mesmo dos que ora caem, ora se levantam, mas sentem tristeza por seus erros. Estes são irmãos, filhos amados do Senhor, casos especiais que carecem de um maior
cuidado, nos quais vale a pena investir, pois em seus corações há arrependimento. O grande mal que nos perturba são os pecadores impenitentes, frios, não convertidos, inquebrantáveis. Tais são os chamados iníquos.
A existência de gente assim na igreja é uma contradição difícil de ser entendida, pois nada os atrai no Evangelho. Iníquos desprezam a essência da mensagem da cruz, a qual demonstra a extrema corrupção humana, a separação criada entre o homem e Deus devido ao pecado, a imprescindibilidade da obra expiatória de Cristo, a salvação como um favor imerecido concedido a pecadores e o dever de completa rendição ao senhorio de Cristo. Tudo isso soa ultrajante para os não regenerados. No entanto estão lá, domingo após domingo, ocupando espaço nos bancos dos templos. Naturalmente não prestam a mínima atenção à mensagem pregada, bocejam, levantam várias vezes durante o culto, brincam com seus celulares, olham para o relógio, conversam o tempo inteiro, mas estão lá. Fazendo o que, afinal?
Em sociedade, esses falsos crentes mantêm comportamento pior que o de boa parte dos descrentes. Mentem, fraudam, escarnecem do próximo, contam piadas imorais, sonegam impostos, exploram seus empregados (ou enganam seus patrões, conforme o caso), se dão à fornicação, adulteram, consomem material pornográfico, se embriagam, usam drogas, agem com truculência, colecionam inimigos, etc. Praticam essas coisas com razoável discrição, é verdade – se não fosse assim, lhes seria impossível manter o status de cristãos. Porém, quem convive de perto com tais pessoas fatalmente perceberá a falsidade delas. Desta forma os iníquos expõem ao vexame a igreja e o próprio Evangelho de Cristo.
Na comunidade cristã, os iníquos corrompem outros membros das mais diversas maneiras. Sorrateiramente e aos poucos, arrastam alguns para suas práticas vis, convencendo-os de que a mensagem de Cristo não deve ser levada tão a sério, e afinal todos pecam. Uma das atitudes mais cruéis dos falsos é a sedução de irmãs. Enganadas, algumas chegam a se entregar sexualmente, tendo sua virgindade arrancada e pisada por esses lobos em pele de cordeiro. Todas quantas caem nessa
cilada terminam por arrepender-se amargamente, carregando pelo resto da vida as marcas de seu erro. Uma única experiência com um iníquo pode ser o bastante para provocar cicatrizes quase incuráveis!
Infelizmente, esse joio sempre se fará presente na igreja até à vida de Cristo como Juiz. Qualquer tentativa de exterminá-lo completamente do nosso meio produziria a injusta exclusão de cristãos sinceros, juntamente com os falsos (Mateus 13:24-30). Mas existem, sim, posturas e atitudes que a igreja pode e deve adotar. A pregação da sã doutrina de modo claro e confrontador, o correto e prudente uso da disciplina eclesiástica, o incentivo à oração incessante com
confissão de pecados, a dependência da graça divina e o combate à hipocrisia são meios de se gerar um ambiente saudável, no qual os iníquos se sintam desconfortáveis a ponto de desejarem sair. Que Deus nos ajude, livrando-nos sobretudo da tentação de pregarmos um “evangelho” fácil, diluído, sem renúncia, o qual é a porta de entrada ideal para os que vivem na iniquidade.
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