quarta-feira, 18 de junho de 2014

Um estilo de vida simples

Enquanto esteve na terra, na forma visível de homem, o Senhor Jesus nos trouxe, mediante parábolas, mandamentos e exemplo pessoal, lições claras a respeito do estilo de vida a ser vivido pelos Seus. “Aprendei de mim, porque sou (...) humilde de coração”; “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra”; “Ninguém pode servir a dois senhores; (...) Não podeis servir a Deus e às riquezas”; “Não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir”. Nosso bendito Salvador ensinou o desapego aos bens materiais, e os primeiros discípulos compreenderam isso muito bem.
 
A “teologia da prosperidade”, de Keneth Hagin, Benny Hinn, Mike Murdock, Morris Cerullo, Edir Macedo e tantos outros, perverteu por completo as palavras de Cristo. Multidões aprenderam a reivindicar de Deus a abundância de bens materiais, como quem exige seus direitos perante um juiz. A prática do dízimo e das ofertas tornou-se um meio de se garantir a bênção financeira, e muitos passaram a encará-la como um investimento de retorno seguro, e não como forma de culto ao Senhor. Com isso, os membros das denominações neopentecostais abraçaram uma vida de busca desenfreada pelas riquezas, e a ínfima minoria que atingiu esse objetivo exibe seus luxos – carros, casas, empresas, roupas de grife – como troféus. Para a glória de Deus ou do homem?
 
Cristãos devem, sim, estudar e trabalhar zelosa e dedicadamente, detestando a ociosidade. Precisam gastar seus salários sabiamente, sem desperdiçar dinheiro com futilidades. Devem planejar com diligência antes de aplicar seus recursos em alguma obra ou empreendimento. Essas atitudes, ordenadas por Deus em Sua Palavra, conduzem a uma vida próspera, até mesmo se um descrente as tomar. Além disso, a boa mão do Senhor traz, sim, abundância de pão para os Seus filhos – há muitas promessas bíblicas nesse sentido. Portanto, o mal não é alguém ser bem sucedido financeiramente. A questão é: qual é o estilo de vida dessa pessoa e de seus familiares?
 
Vamos imaginar alguns exemplos práticos. Será que Deus Se agrada quando um crente mantém uma coleção de automóveis importados na garagem, ou quando troca um modelo de luxo por outro ainda mais luxuoso a cada ano? Ou quando uma filha Sua gasta dois salários mínimos por mês em salões de beleza? Porventura o Senhor tem prazer em ver uma família cristã empregar, em lazer e roupas da moda, alguns milhares de reais todos os meses? Ainda que o simples fato de possuir esses bens não seja pecado, não é bom que eles ocupem espaço tão privilegiado na vida de crentes. Sobretudo se a manutenção desse padrão econômico exigir tanto do tempo e das energias de quem os mantém, a ponto de sobrar apenas migalhas para Deus e para o próximo.
 
Além disso, os que adquirem grande quantidade de bens dispendiosos correm sério risco de virem a amar as riquezas e nelas depositarem sua confiança. “Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes”; “Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes”, diz a Palavra de Deus. A alegria e o contentamento verdadeiros, no que se refere a esse mundo, estão nas coisas simples, como os momentos de comunhão amorosa desfrutados junto à família e aos irmãos. Situações que independem do dinheiro. Quão tolos e cegos são os que associam o luxo e a pompa mundanos com a alegria e a segurança! E que terrível desgraça é alguém pensar, como os de Laodiceia: “estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma”!
 
Deus não mudou. O fato de pastores, bispos e “apóstolos” contemporâneos apresentarem um novo modelo de “cristianismo”, de glórias pessoais e luxos, não altera uma vírgula sequer da eterna Palavra do Senhor. As instruções dadas à igreja primitiva são as mesmas que nós, hoje, recebemos. É hora do povo de Cristo acordar para a urgente necessidade de retornarmos à simplicidade típica das primeiras comunidades de discípulos e de outros períodos de ouro do cristianismo. Não podemos continuar tomando a forma desse mundo materialista e fútil, perseguindo os mesmos objetivos que os incrédulos perseguem e amando as mesmas coisas que eles amam! Aprendamos com o nosso Senhor e Salvador a sermos humildes de coração, e Ele certamente Se alegrará em nós!

terça-feira, 10 de junho de 2014

Abandonaste o teu primeiro amor!

Há um grave perigo rondando a vida de homens e mulheres convertidos, membros de igrejas sérias, pastoreadas por obreiros comprometidos com a sã doutrina bíblica. Existe um mal ameaçando crentes que leem a Bíblia diariamente, devoram bons livros de autores cristãos reconhecidos, sentem repulsa pelas heresias e, na maioria dos casos, são atuantes na obra do Reino de Deus. Esse perigo, esse mal, é o abandono da fé viva e ardente em Cristo, também chamada “o primeiro amor”.
 
Na conversão (genuína), o Espírito Santo produz tristeza pelo pecado, arrependimento, grande alegria diante da boa-nova da salvação, e então aquela pessoa antes afastada de Deus entrega a própria vida nas mãos do Salvador. A paz inunda o coração do novo convertido. A partir daí, a pessoa, transformada, passa a viver na fé, cheia de amor pelo Filho de Deus, desejando que todos venham a conhecer a sublime mensagem do Evangelho. Ir ao templo para cultuar ao Senhor e aprender mais da Palavra de Deus é um prazer, e cada porção das Escrituras é recebida com júbilo, como uma criança recebe um novo presente.
 
O zelo cresce à medida que o crente adquire uma boa Bíblia de estudo e passa a ter noções de teologia. A leitura bíblica é complementada por bons livros, a coerência doutrinária torna-se importante, e o cristão, mais maduro, toma aversão às heresias que tentam macular a pureza do Evangelho nas igrejas. O pastor local percebe o crescimento espiritual daquela pessoa e convida-a a ocupar algum cargo de apoio, como a liderança de um pequeno grupo ou a participação num ministério específico (louvor, jovens, casais, etc). Tudo parece correr bem, conforme a vontade de Deus.
 
Então, com o passar do tempo, vem o esfriamento. Os problemas e preocupações do dia a dia vão consumindo as forças daquele crente outrora tão avivado, e a fé singela é abalada. Em seu coração, a pessoa constantemente é tentada a duvidar do amor de Deus por ela, embora o temor a impeça de externar seus maus pensamentos. O desejo de servir ao Senhor diminui muito e o trabalho ministerial torna-se uma rotina, por vezes enfadonha. Nos cultos, a atenção frequentemente se desvia pela lembrança de alguma coisa relacionada ao trabalho secular, estudos e outras questões desse mundo. Perde-se a noção do privilégio da salvação e, ao orar, as respostas de Deus não vêm mais como antes vinham, claras e consoladoras.
 
A fé em Deus não deixou de existir. Está lá, como uma certeza de que Ele, um dia, cumprirá Suas promessas de vida eterna, conforme as Escrituras. Mas a relação íntima com o Senhor deu lugar a um conhecimento frio, puramente intelectual, do qual o crente se orgulha, chegado ao ponto de sentir-se superior às outras pessoas, sejam os não convertidos ou os falsos convertidos. Não se vê nenhum pecado escandaloso em seu viver cotidiano, mas também não há poder de Deus. Os de fora o respeitam, reconhecem-no como cristão, mas é só. Quem o observa não sente nenhuma vontade de conhecer a Cristo, porque falta paixão naquela vida. A paixão pelo Evangelho e pela glória de Deus, que antes transbordava em seu coração, e hoje está semimorta.
 
Se esse é o seu caso, prezado irmão, o Senhor tem, sim, algo a lhe dizer: “Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos; e tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer. Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas” (Ap 2:2-5). Ouça, meu querido: o problema não está em Deus, que jamais deixou de amá-lo, mas em você, que se esqueceu do quanto Ele o ama e o perdoou em Cristo. Pense nisso, e clame ao Pai Celeste que lhe restaure o fervor inicial, como no tempo em que o Senhor Jesus era tudo para você!