segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Alegria, uma prioridade para os crentes

O Salmo 100, no versículo 2, nos exorta: “servi ao SENHOR com alegria”. Escrevendo aos filipenses, o apóstolo Paulo lhes dirige estas palavras: “Alegrai-vos no Senhor” (Filipenses 3:2), “alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos” (Filipenses 4:4). João, em sua primeira epístola, afirma logo no quarto versículo: “estas coisas, pois, vos escrevemos para que a nossa alegria seja completa”. O próprio Senhor Jesus, ceando pela última vez com os discípulos, disse-lhes: “tenho vos dito estas coisas para que o meu gozo esteja em vós, e o vosso gozo seja completo” (João 15:11). A alegria é algo absolutamente essencial, prioritário para os crentes!
 
Infelizmente, a alegria não faz parte da vida de muitos cristãos. Em seu livro “Depressão Espiritual”, D. Martyn-Lloyd Jones trata esta verdade em detalhes, apontando sintomas e a cura para o problema. Uma das advertências do Dr. Jones é que os cristãos tristes e abatidos dão um péssimo testemunho público, a ponto de fazerem os incrédulos não desejarem conhecer a Cristo. De fato, existem crentes vivendo piedosamente, perseverando nas reuniões da igreja, mas seu jeito de ser desanimado e sisudo faz a vida cristã parecer pior que a existência fútil dos ímpios. E isso é um absurdo.
 
Se nossa atenção estiver voltada a este mundo, não teremos nenhum motivo para nos alegrarmos. O pecado de Adão trouxe fadiga, cardos e abrolhos. A realidade ao nosso redor é de dificuldades, injustiças, desgastes, perigos e sofrimentos de toda espécie. E tudo isso é pouco, quase nada, se comparado aos horrores do inferno, o destino eterno dos inimigos de Deus. Mesmo assim, nós, crentes remidos e lavados no sangue do Cordeiro, temos motivos para vivermos em constante alegria. Somos filhos do Pai Celeste, pertencemos ao Senhor Jesus e ninguém nos arrebatará de Sua mão. Possuímos um tesouro imperecível no céu, a glória eterna nos aguarda. Será pouco tudo isso?
 
Entretanto, temos mais. O Espírito Santo habita em nós, e Ele é nosso consolo em todas as horas. Cristo está conosco todos os dias, até a consumação dos séculos. O Pai nos ama e cuida de nós. Quando oramos a Ele em nome de Jesus somos prontamente ouvidos. O Senhor Jesus intercede em nosso favor. O Espírito Santo nos ajuda a orarmos, intercedendo também em nosso favor com gemidos inexprimíveis. O Pai fala conosco pela Sua Palavra, dando-nos direção. Nosso presente é abençoadíssimo, e não somente o nosso futuro. Nossa condição espiritual é completamente distinta do restante da humanidade!
 
Que Deus nos dê a graça de pararmos de procurar alegria nas coisas passageiras deste mundo. A vida aqui, mesmo vivida com saúde, fartura de bens, ausência de problemas e amplas oportunidades para desfrutarmos de muitas coisas (viagens, eventos culturais, etc), nunca nos satisfará. A excelência está em Deus, só Ele pode nos trazer plena satisfação e infinito gozo. E nós, crentes, possuímos esse tesouro! Podemos continuar pensando de forma medíocre, que temos a obrigação de nos santificar e o dever de obedecer ao Senhor, caso contrário sofreremos ainda mais. Mas o pensamento correto é este, o de que somos privilegiados por servirmos ao eterno Deus, nosso Pai. Fomos chamados a propagar o Seu Reino na terra, e esta é a missão mais sublime possível. Temos a maravilhosa incumbência de fazer novos discípulos de Cristo, os quais serão recebidos também como filhos pelo Pai Celeste. E em breve o Rei virá nos buscar para morarmos eternamente com Ele! Esta é a essência da verdadeira alegria.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

O dia do Senhor

Nesta postagem teceremos algumas considerações sobre a adoção do domingo como dia consagrado ao culto, o novo Sabbath da igreja. Não há unanimidade entre os crentes, os cristãos evangélicos bíblicos, sobre o assunto. Nosso propósito é incentivar os irmãos a refletirem seriamente no tema “o dia do Senhor”, a fim de fazerem o melhor para que suas vidas glorifiquem ao Deus vivo.
 
Há irmãos contrários à escolha de um dia especial para o culto ao Senhor. Alegam que o Quarto Mandamento dado a Moisés não é para nós hoje, e que todos os dias devem ser consagrados ao culto. Entendemos que o aspecto cerimonial do sábado judaico foi, sim, cumprido em Cristo, e não pode ser repetido; porém, o caráter moral do Quarto Mandamento (dedicar o dia de descanso ao Senhor) permanece como ordem de Deus, e esta nós devemos cumprir. Reconhecemos também que todos os dias pertencem ao Senhor, mas o ritmo dos nossos afazeres seculares (trabalho, estudos, etc) nos toma quase todo o tempo entre a segunda-feira e a sexta ou sábado, daí a necessidade de separarmos um dia da semana para cuidarmos das questões espirituais.
 
Entendemos que, no domingo, deveríamos descansar do trabalho e estudos o quanto possível. E também evitar o erro de desperdiçarmos o dia de descanso em atividades inúteis, como assistir a futilidades na TV ou perder horas no Facebook, What’sApp e outras redes sociais. O uso proveitoso do domingo seria então empregar nosso tempo em leitura bíblica, meditação, leitura de bons livros de conteúdo cristão, oração, visitas evangelísticas e especialmente o culto coletivo nos templos de nossas igrejas.
 
A comunhão com os irmãos também seria muitíssimo bem-vinda nos domingos. Poderíamos visitar uns aos outros, com o intuito de conversarmos alegremente sobre as coisas relativas ao Reino de Deus, orarmos uns pelos outros, servirmos uns aos outros, compartilharmos nossas alegrias e necessidades, entoarmos juntos canções de louvor, ou mesmo realizarmos outras atividades, como por exemplo assistirmos a um bom filme cristão.
 
Sendo o domingo um dia de descanso, e também dia de Escola Bíblica Dominical e do principal culto da semana, deveríamos ter o cuidado de separarmos um tempo antes das reuniões da igreja para orarmos em favor desses cultos, inclusive com a realização de um autoexame e confissão de pecados. Da mesma forma como cuidamos do nosso corpo, tomando um banho e vestindo a melhor roupa antes de irmos para o templo, é necessário também cuidarmos da nossa alma e espírito, limpando-nos de toda sujeira pelo sangue de Cristo que nos purifica. E quanto à intercessão para que Deus abençoe o culto, tal atitude agradaria ao Senhor. Quem duvida que o poder do Alto seria manifestado muito mais intensamente em nossas reuniões, se a igreja orasse nesse sentido?
 
Sabemos que alguns irmãos não poderão fazer todas essas coisas. São aqueles que trabalham nos domingos. Certamente, Deus não deseja que todos os crentes nessa situação (médicos plantonistas, vendedores em lojas que abrem todos os dias, motoristas de ônibus, taxistas, pilotos de avião, comissários de bordo, etc) abandonem seus empregos, de maneira nenhuma. Sendo assim, os que têm a folga do trabalho em alguma outra data deveriam buscar mais intensamente ao Senhor em seus próprios dias de descanso. Por exemplo, a enfermeira que trabalhou durante todo o domingo e folgou na segunda-feira aproveitaria o seu dia de descanso para orar, ler a Bíblia, meditar, evangelizar e, caso haja um culto em sua denominação naquele dia, não deixaria de participar. Desta forma, mesmo não tendo o domingo livre, o dia de descanso teria sido consagrado ao Senhor por tal pessoa.
 
Nossa opinião é, portanto, favorável à consagração de um dia da semana para o culto ao Senhor. Entendemos que essa é uma ordem de Deus anterior à lei mosaica, um mandamento o qual remete à criação descrita em Gênesis 1 e 2, e não simplesmente uma lei cerimonial para Israel. A ocasião ideal seria o domingo, dia em que o Senhor Jesus ressuscitou, o primeiro dia, as primícias da semana. Naturalmente, não guardaríamos o domingo como os judeus guardavam o sábado, ou como os adventistas do sétimo dia o guardam ainda hoje, sem discernir o propósito do dia de descanso, fazendo uma espécie de idolatria do Sabbath. A ideia à qual aderimos é a de resgatar o domingo como dia do Senhor, como a igreja de outros tempos o fazia, respeitando os casos especiais descritos acima, de irmãos que folgam em outro dia da semana. Que o Senhor nos dirija, a fim de O adorarmos e O servirmos com convém, dando a Ele nosso melhor, inclusive a principal porção do nosso tempo.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Cristianismo sem sofrimento. Até quando?

A história tem demonstrado a importância das perseguições e provações no aperfeiçoamento dos crentes. Todos os períodos nos quais a (verdadeira) igreja testemunhou mais firmemente o Nome de Cristo, viveu em maior santidade e produziu mais excelentes frutos foram épocas marcadas pelo sofrimento. Assim aconteceu no tempo dos apóstolos, na igreja sofredora do Século II ao início do Século IV, durante a Reforma, no puritanismo e nos chamados Grandes Avivamentos dos Séculos XVIII e XIX. O próprio Senhor Jesus deu-nos o maior exemplo de sofrimento paciente e assegurou-nos que a vida dos crentes piedosos nesse mundo não seria fácil.
 
Essa verdade incontestável foi veementemente negada no Século passado pela chamada “teologia da prosperidade”. Kenneth Hagin foi o principal responsável na divulgação de uma doutrina rasa, inconsistente e herética, que pode ser resumida nestas poucas palavras: o crente, a partir do momento em que vive conforme os preceitos bíblicos, passa a ter direito a uma vida próspera em todas as áreas, incluindo a saúde, família, trabalho e sobretudo finanças, podendo determinar (ou seja, exigir de Deus) todo o bem que deseja receber. Esse conceito tolo cairia por terra se simplesmente considerássemos que ninguém vive em perfeita obediência à Palavra de Deus, por conseguinte não há um único ser humano em condições de reivindicar coisa alguma do Senhor. No entanto, o movimento da prosperidade cresceu, contaminou a maior parte das denominações cristãs e continua vivo no Século XXI.
 
A mensagem triunfalista da “teologia da prosperidade” logo atraiu a simpatia dos incrédulos. Vislumbrando uma vida bem sucedida e livre de problemas, multidões passaram a frequentar os cultos de denominações ditas evangélicas, conduzidas por pregadores astros, muito mais parecidos com palestrantes motivacionais do que com ministros do Evangelho. O mundo consumista e amante dos prazeres tolerou muito bem (e até firmou alianças com) a nova mensagem apregoada por pastores igualmente consumistas e amantes dos prazeres. Exemplo claro dessa estranha união entre “igreja” e mundo hoje no Brasil é a presença constante de cantores e bandas gospel na mídia, especialmente na TV.
 
Hoje, dezenas de milhões de brasileiros querem adquirir todos os bens de consumo que puderem, aproveitar a vida ao máximo, parecerem com os galãs de novelas, modelos famosas, atletas e cantores de renome, ao mesmo tempo em que se declaram seguidores de Jesus. Desejam a vida mais fácil, mais prazerosa – aqui não falamos dos prazeres espirituais, e sim dos carnais – e afirmam crer no Evangelho. Não veem nenhuma incompatibilidade entre uma coisa e outra, aliás, pensam que o sucesso e glórias mundanos são a consequência natural de se frequentar uma igreja evangélica, dar o dízimo e crer em Jesus. Abrem mão de apenas alguns pecados mais grotescos, quando abrem. Pensam que o céu é apenas uma extensão da vida que podem viver aqui na terra. Não querem humildade, renúncia, mordomia cristã, nada disso. Não são peregrinos e forasteiros em busca de uma pátria melhor, a celestial.
 
Porém, essa farsa não tem como perdurar. O mundo perdido jamais aceitará o Evangelho e nunca amará ao Senhor Jesus. Um dia a perseguição e as provações voltarão a acontecer, quando os verdadeiros crentes se levantarem denunciando a podridão do estilo de vida deste mundo e a imperativa necessidade do arrependimento, da conversão genuína, do negar-se a si mesmo e seguir a Cristo. Então, multidões abandonarão o Filho de Deus por amor a suas próprias vidas e ao presente século. Os que ficarem, os eleitos, amados do Senhor, sofrerão escárnio, zombaria, afrontas e outras injustiças diversas, porém guardados e protegidos pelo Pai Celeste. A igreja não terá glamour, espaço na mídia, cargos no governo ou a simpatia de poderosos, de jeito nenhum. Mas será santa e produzirá frutos agradáveis ao Senhor. Esta igreja, a que ficar, o remanescente de Deus, a noiva adornada, subirá para as bodas do Cordeiro. Mas a herética, fútil, carnal, mundana, perecerá.