terça-feira, 17 de janeiro de 2017

O Evangelho não é um negócio milionário

De tempos em tempos os líderes das principais denominações neopentecostais promovem campanhas em suas igrejas com o propósito de arrecadar grandes quantias de dinheiro. Usando (indevidamente) o Nome do nosso Deus, a quem afirmam servir oferecendo-Lhe sempre “o melhor”, convocam os membros, os meros frequentadores de cultos e até mesmo o público em geral a ofertarem o máximo que puderem, para viabilizar a construção de templos enormes, a manutenção ou ampliação de programas de TV e a realização de eventos grandiosos.

Esse discurso que há anos vem sendo engolido por milhões de brasileiros é uma falácia. Não possui nenhum fundamento bíblico. O Senhor Jesus, nosso modelo perfeito, nunca Se ocupou em construir edifícios ou promover qualquer tipo de evento enquanto esteve na terra. Ele pregava ao ar livre, sem utilizar artifícios para atrair o povo. Os atrativos eram a Sua mensagem poderosa e Sua mão forte que libertava, curava e salvava muitos. Semelhantemente, os apóstolos e a liderança da igreja primitiva ocupavam-se em pregar o Evangelho e transformar vidas, valendo-se do mínimo de recursos. Durante os primeiros séculos da era cristã, nenhum templo foi construído.

Nos períodos mais marcantes da história da Igreja Cristã, ninguém se preocupava em construir ou consolidar impérios da fé. Os valdenses, os pietistas, os puritanos e os primeiros crentes pentecostais queriam somente o crescimento do Reino de Deus, a salvação de almas, a santificação dos irmãos. Quem entende a mensagem de Cristo sabe bem o que realmente importa. Mas, quando a religião institucionalizada cresce, a opulência humana assume o controle, os líderes religiosos se tornam importantes aos olhos de si próprios, aí a mensagem de Cristo não é considerada suficientemente atrativa. É quando denominações resolvem deixar a sua marca por meio de coisas grandiosas, como construções de luxo e congressos pomposos.

Fato é que templos enormes não glorificam a Deus. Papas, reis, bispos, “apóstolos”, denominações religiosas são exaltados por obras de mãos humanas. O Senhor, que criou montanhas, rios, oceanos, estrelas, galáxias, não precisa de edifícios para Se promover. Eventos grandiloquentes também não O glorificam, só servem para impressionar (temporariamente) os participantes, que logo se esquecerão de tudo que viram e ouviram ali. Programas de TV podem transmitir uma mensagem abençoadora em meia hora ou menos, não são necessárias horas diárias de programação, principalmente se esta é ocupada por anúncios publicitários, pedido de ofertas e trocas de farpas entre líderes religiosos.

Então, a Igreja Cristã não precisa arrecadar dinheiro? Sim, recursos financeiros são necessários. Para o sustento digno dos ministros do Evangelho, que afinal devem se alimentar, ter um teto que os abrigue, matricular seus filhos na escola, etc. Coisas que todo trabalhador deveria receber, e, se a injustiça social impera em nosso país, não pode prevalecer no corpo de Cristo. O dinheiro também serve para a construção de templos (não palácios!), pagamento de despesas (água, luz, telefone, Internet, etc), custeio de viagens (nada de jatinhos de luxo, pelo amor de Deus!), etc. E para promoção de obras sociais. Pois a Igreja não pode deixar de socorrer os pobres e necessitados, e para auxiliá-los deve ter condições financeiras.

O Evangelho não é um negócio milionário, ao contrário do que alguns pensam. O Filho de Deus veio ao mundo, Se entregou numa cruz, desceu à sepultura, ressuscitou e hoje intercede por nós junto ao Pai, não para que Seu povo viva como os ímpios, amantes do dinheiro, escravos dos bens materiais. Fomos salvos e regenerados para vivermos de um modo completamente diferente, como peregrinos e forasteiros à espera de uma nova pátria infinitamente melhor e eterna. Que durante nossa breve jornada na terra vivamos de maneira condizente à nossa vocação, buscando o Reino dos céus, não os reinos passageiros deste mundo. Amém!