quinta-feira, 26 de abril de 2012

Foge da avareza!

Na postagem anterior, confrontamos o falso evangelho da “teologia da prosperidade” com o puro Evangelho de Jesus Cristo. A pseudo-teologia que impera nas denominações neopentecostais é cria de um dos pecados mais devastadores para o homem, a avareza. Muitos são os alertas que a Palavra de Deus nos faz a respeito deste grande mal, pois o Senhor, em Sua onisciência, já sabia de antemão todas as coisas que a Igreja tem sofrido hoje. Nosso dever é atentarmos para as exortações bíblicas, a fim de não nos corrompermos junto com a maioria.

Em sua primeira carta a Timóteo, o apóstolo Paulo mencionou “homens cuja mente é pervertida e privada da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro” (1Tm 6:5). E, prosseguindo, escreveu sobre os tais: “Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição” (v. 9). Finalmente, aconselhou a seu filho na fé: “Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas” (v. 11).

Ora, essas palavras refletem um tom extremamente sério e urgente. De início, Paulo definiu os pregadores que fazem da piedade uma fonte de lucro como “homens” de “mente pervertida e privada da verdade”. Desviados, incapazes de compreender a Palavra de Deus, que “é a verdade” (Jo 17:17). Adiante, o apóstolo alertou quanto ao destino desses homens, que é a “ruína e perdição”. Como desprezar uma lição como esta?

Eis o conselho de Paulo a Timóteo, e a exortação do Espírito Santo de Deus para nós que hoje lemos essa mensagem nas páginas da Bíblia: “foge destas coisas”! É interessante notarmos que as escrituras nos chamam a resistirmos ao diabo, e então ele fugirá de nós (Tg 4:7). Mas, diante das tentações relacionadas à avareza, não somos chamados a resistir. “Foge destas coisas”, é a ordem que hoje nos é dada! Não devemos nem tentar resistir, enfrentando nossa própria natureza caída, sujeita a tantas fraquezas; não! É preciso fugir!

Como fugir da avareza, o amor pelo dinheiro? Sem dúvida, evitando tudo aquilo que incentiva essa torpe ganância. Um ambiente onde há busca desenfreada pelo dinheiro simplesmente não serve para nós. Isso inclui as denominações neopentecostais, com suas campanhas de prosperidade financeira, reuniões de empresários e coisas semelhantes. É terrível admitirmos isso, mas certas igrejas, contrariando o ensino bíblico, incentivam a ganância. Seus membros, e até mesmo os visitantes, são chamados a ofertar a maior quantia em dinheiro que puderem. E, sob qual argumento? A promessa (antibíblica) de que, fazendo isso, irão enriquecer. Desta forma, não ofertam por amor à obra do Reino de Deus, mas visando obter mais dinheiro. É um comportamento idêntico ao de um operador de bolsa de valores, que compra certa quantidade de ações, na expectativa de uma supervalorização num curto espaço de tempo.

Certamente existem alguns crentes que amam a Deus nas denominações neopentecostais. Pessoas que ofertam de coração, como culto ao Senhor, não dando tanta importância às promessas de retorno. Servos, que procuram obedecer às escrituras, mesmo num meio onde não há estudo bíblico aprofundado. Sua boa-fé os impede de perceber a terrível corrupção moral de seus próprios líderes. Mas estes são minoria reduzida. Que o Senhor continue guardando-os!

Por fim, vale ressaltar que ser rico não é pecado. A Bíblia determina que trabalhemos com o melhor de nossas forças (Ec 9:10), como se o fizéssemos para o Senhor (Cl 3:22-23), e repudiemos a preguiça (Pv 6:6-11). Agindo assim, a riqueza pode vir, como consequência do trabalho. Mas, se viermos a enriquecer, a ordem de Deus é que não amemos a riqueza (Mt 6:19-21) nem depositemos nossa confiança nela (Mc 10:24). Aos que, tendo em mãos grandes somas em dinheiro, se virem fortemente tentados a cair no pecado da avareza, melhor lhes é viver a vida inteira com poucos recursos materiais. Mantendo-os num padrão de vida modesto (em termos financeiros), Deus pode estar livrando-os da condenação eterna!



Vídeo enviado pelo portal O Galileo, disponível no Youtube.

terça-feira, 24 de abril de 2012

O Evangelho de Jesus Cristo e o “evangelho” da prosperidade

A “teologia da prosperidade” é a mensagem predominante na Igreja Evangélica brasileira da atualidade. Presente em todas as denominações neopentecostais (se alguém conhece alguma exceção, por favor, nos apresente!), essa “doutrina” vem conquistando espaço também entre as denominações pentecostais tradicionais e protestantes históricas, o que seria inimaginável até alguns anos atrás. O entendimento que o cidadão brasileiro comum, seja crente ou não, possui a respeito da fé evangélica é limitado aos conceitos da “teologia da prosperidade”. Somente uma minoria reduzida sabe que essa “nova teologia” é apenas uma corrente, ainda que dominante, dentro da Igreja Evangélica.

Os pressupostos do “evangelho da prosperidade” podem ser perfeitamente resumidos em três pontos, a saber: 1) o crente tem direito à saúde e prosperidade em todas as áreas de sua vida; 2) o crente tem o poder de determinar que as coisas aconteçam; 3) quanto mais dinheiro o crente ofertar à obra de Deus, mais rico se tornará. Esses três itens são o conteúdo completo da “teologia da prosperidade”.

Com tantas facilidades e benefícios, não é de se estranhar que os templos de denominações neopentecostais vivam lotados! Porém, na mesma velocidade em que as multidões vêm, logo vão embora. Muitos partem de uma denominação evangélica para outra, na esperança de que lá suas expectativas finalmente se cumprirão. Outros, decepcionados, simplesmente desistem de Deus e do Evangelho. Há ainda os que recebem aquilo que desejavam (uma cura, um novo emprego, etc), e não sentem mais a necessidade de permanecer numa igreja.

A “teologia da prosperidade” é uma fé de resultados. Busca-se uma resposta imediata para os problemas temporais, e a solução é apresentada. Simples assim. Não há ensino bíblico, conversão genuína, discipulado, mudança de caráter, frutos para o Reino de Deus, nada disso! “Venha receber o seu milagre”, é a mensagem propagada em outdoors e carros de som. E, de fato, milagres acontecem, por um único motivo: o Nome de Jesus é mencionado, e Deus, o Pai, zela tremendamente por esse Nome! Mas, e depois? Será que o Evangelho consiste em transformar um pecador impenitente, fisicamente doente, em um pecador impenitente com boa saúde? Ou fazer do incrédulo pobre um incrédulo rico? Cristo, o Filho de Deus, morreu numa cruz apenas para nos garantir fartura de bens materiais durante os poucos anos que passamos aqui na terra? Ora, é claro que não!

Poderíamos discorrer sobre a mediocridade da chamada “teologia da prosperidade”, expondo o vazio de seu discurso triunfalista. Ou denunciar as terríveis consequências dessa pseudo-teologia para a Igreja, através de exemplos práticos. Mas não há melhor maneira de lançar por terra o “evangelho da prosperidade” do que atentarmos para o Evangelho de Jesus Cristo, conforme as palavras deixadas por nosso Mestre. Eis o que Ele nos ensina:

“Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mt 5:3);

“Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus” (Mt 5:8);

“Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus” (Mt 5:10);

“Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corroi, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 6:19-21);

“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas” (Mt 6:24);

“Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta, e, apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela” (Mt 7:13-14);

“Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim; e quem não toma a sua cruz e vem após mim não é digno de mim” (Mt 10:37-38);

“Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma” (Mt 11:29);

“O reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o qual certo homem, tendo-o achado, escondeu. E, transbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem e compra aquele campo” (Mt 13:44);

“Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (Mt 16:24);

“Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança, de maneira nenhuma entrará nele” (Mc 10:15);

“Filhos, quão difícil é, para os que confiam nas riquezas, entrar no reino de Deus!” (Mc 10:24);

“Se vós fosseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia. Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros” (Jo 15:19-20a);

“Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16:33).

Agora, comparemos o ensino do nosso bendito Senhor e Salvador Jesus Cristo com o “evangelho da prosperidade”. Com a palavra, alguns dos representantes dessa nova “corrente teológica” em nosso país:



Deus, tem misericórdia da Tua Igreja!

quinta-feira, 19 de abril de 2012

O que aconteceu com o louvor cristão?

“Vinde, cantemos ao Senhor, com júbilo, celebremos o Rochedo da nossa salvação”. (Salmos 95:1).

A Igreja de Cristo vem experimentando profundas transformações nas últimas décadas. Uma das evidências mais claras dessas mudanças é o louvor cristão contemporâneo. O louvor feito através da música.

Os hinos e cânticos são parte importante no culto cristão. O momento principal é a pregação, sem dúvida, mas a importância do louvor cantado é inquestionável. O Senhor Jesus deu-nos o exemplo, conforme lemos em Mateus 26:30: “E, tendo cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras”. Paulo também o recomendou, em Efésios 5:19b: “entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais”.

O louvor precisa estar centrado em Deus, e deve necessariamente promover a piedade. O grande mal do louvor atual é que nele não se verifica nem uma coisa nem outra. As letras deixaram de apontar para o Senhor, e se voltaram para o homem. Se antes, palavras como “cruz”, “sangue”, “Salvador”, “perdão”, “céu”, eram comuns nas letras dos hinos da Igreja, nas canções da atualidade as palavras predominantes são “sonhos”, “vitória”, “conquistar”, “prosperar”, e outras semelhantes. No passado, o Nome que predominava era “Jesus”, ou “Cristo”; hoje aparecem mais os pronomes “eu” e “você”. Outrora, falava-se a respeito da vida eterna com frequência. Nas canções mais recentes, esse tema foi quase totalmente abolido.

A parte musical também passou por notável transformação. Antes, buscava-se exaltar, através de melodias, a beleza do nosso Deus, demonstrando assim nossa gratidão e dependência em relação a Ele. Notas musicais, harmonia, ritmo; tudo visava celebrar a Sua glória. Por isso, a música no culto fortalecia a piedade da congregação. Hoje, os objetivos das canções, chamadas “música gospel”, são, basicamente, dois. As de ritmo contagiante (rock, funk, forró, axé music) visam o entretenimento, e as de ritmo mais suave tentam emocionar as pessoas. Aqui é bom destacarmos que entretenimento não é sinônimo de alegria em Cristo, e emoção não é sinônimo de quebrantamento espiritual!

É claro que ainda se faz louvores de qualidade. Mas são exceções a uma regra. As composições musicais da atualidade que podem ser chamadas cânticos de louvor, por terem letras e melodias que exaltam ao Senhor, são minoria. Às vezes, em um determinado CD, encontramos uma ou duas canções de conotação mais espiritual, e nove ou dez puramente humanistas. Para quem gosta, não há mal nenhum em ouvir músicas que reforcem a autoestima. Mas isso não é louvor, portanto jamais deveria ter espaço no culto cristão.

A isso, some-se outro problema, que é a falta de conhecimento bíblico dos chamados artistas gospel. A ignorância em relação à Palavra de Deus os leva a propagar erros e até desvios doutrinários em suas canções. Desta forma, prestam um desserviço à Igreja, divulgando informações equivocadas e heresias para os seus milhões de ouvintes. E, o que é pior, músicas com letras repletas de equívocos são cantadas nos cultos, com a anuência de pastores distraídos ou mal preparados.

O louvor cristão precisa mudar, e o controle de qualidade deve ser exercido primeiramente pelos que estão à frente de suas denominações (bispos, pastores-presidentes, pastores seniores, obreiros responsáveis por congregações, etc). Canções antropocêntricas, ou contendo erros ou heresias devem ser barradas, independente de quem as compôs ou gravou. E sejam esclarecidos os ministrantes de louvor e instrumentistas, pois estes normalmente se espelham nos artistas gospel, buscando imitá-los. Essas atitudes, se tomadas com zelo, na direção de Deus, trarão grandes benefícios à Igreja.

Nos vídeos a seguir, temos dois exemplos de autênticos louvores cristãos: “Autor da minha fé”, do Grupo Logos, e “Pai, eu te adoro”, da banda Vencedores por Cristo. Duas belíssimas melodias, com mensagens bíblicas, totalmente centradas no Deus Triúno. Modelos para todas as igrejas que desejam, de fato, prestar um culto agradável ao Senhor.



segunda-feira, 16 de abril de 2012

O triste fim de uma igreja

“Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo”. (1Co 3:11).

CENA UM

Filipe e sua esposa Raquel chegaram cedo ao templo naquela manhã de outono de 2014. Como de costume, toda a congregação participou da primeira parte da celebração, e, após o louvor inicial, os menores foram encaminhados para o culto infantil. Enquanto aguardava o início da assembleia extraordinária, Filipe olhava atentamente para alguns detalhes no velho templo, recordando fatos antigos vividos ali. Sua mãe assentada diante do harmônio, tocando com maestria e grande reverência hinos clássicos – o favorito, que mais a comovia, começava assim: “Da Igreja é fundamento Jesus o Salvador/ Em Seu poder descansa, é forte em Seu amor/ Porquanto permanece, a Igreja existirá/ Com vida renovada, jamais perecerá!”. E o pai, zeloso presbítero, homem que amava sua igreja como poucos. Os dois faleceram cedo, e não acompanharam as profundas transformações ocorridas em sua denominação. Ali se conheceram na infância, cresceram juntos na Juventude Evangélica, começaram a namorar, casaram-se e tiveram cinco filhos, dos quais Filipe é o mais novo. “Filho, quando for se casar, procure uma moça da nossa igreja, que compartilhe a mesma fé em Cristo e na Palavra de Deus”, alertava o pai. Filipe seguiu o conselho, casando-se com Raquel, filha e neta de dedicados membros daquela Comunidade. Passaram-se os anos, a estrutura física do templo manteve-se inalterada, mas as mensagens pregadas naquele centenário púlpito de madeira mudaram bastante. Desde a infância de Raquel e Filipe, até os primeiros anos de vida do filho Lucas – hoje um jovem e promissor engenheiro – os sermões pastorais que o casal ouvia centravam-se na pessoa de Cristo, Sua obra na cruz do Calvário, a salvação por graça mediante a fé, a necessidade de santificação dos crentes e a esperança no retorno do Senhor Jesus. Nas duas últimas décadas, porém, o tema principal passou a ser o combate às injustiças sociais. Os costumes também mudaram drasticamente. Raquel frequentemente alertava com tristeza o quão impróprias eram as vestes que algumas jovens usavam, inclusive durante os cultos, e como a juventude daquela igreja vinha adotando práticas mundanas, como beber e frequentar bailes. “Como é possível, pais permitindo que seus filhos durmam com suas namoradas dentro de casa, como se fossem casados!”. Aquilo, para ela, era o fim, mas raramente alguém aceitava seus conselhos e exortações.

A assembleia teve início com uma leitura isolada de João 17:21. “A fim de que todos sejam um”, repetiu o jovem pastor, antes de dar início à exposição de motivos. Filipe e Raquel conheciam-no bem, pois fora colega de escola de Lucas, o filho do casal. Em seguida, o pastor passou a proferir comentários elogiosos ao catolicismo romano, com o qual aquela denominação já vinha mantendo laços de amizade por vários anos. E, prosseguindo, concluiu: “Irmãos, nossa igreja, reunida em concílio, tomou importante decisão. Chegou a hora de encerrarmos definitivamente qualquer divergência com a Igreja Católica Apostólica Romana. Concluímos que nossas pequenas diferenças não justificam estarmos separados. Há uma só fé! Por isso, venho comunicar a palavra de nossa Presidência, com amplo apoio de nossos ministros: desde já, somos parte integrante da Igreja Católica!”.

As palavras do pastor não terminaram neste ponto, mas Filipe só ouviu até aí. Logo, uma forte vertigem lhe tomou o corpo, e sua concentração desapareceu. Um sentimento de profunda angústia se apoderou dele. Olhou para Raquel, que parecia assustada com o que ouvia, mas os demais membros não demonstravam grande contentamento ou descontentamento. “Preciso ir, meu bem”, foi só o que ele disse, antes de se levantar, e deixar a reunião, seguido da esposa.

CENA DOIS

Era o primeiro dia do ano de 2015. Passados quase oito meses desde a assembleia extraordinária, Filipe e Raquel pouco participavam das reuniões – que passaram a ser missas – naquela Comunidade. Constantemente cogitavam buscar uma denominação protestante séria, fiel aos princípios da Reforma, para lá congregarem, mas o imenso amor pelos irmãos, e uma boa dose de apego às tradições familiares vinham, até então, constrangendo-os a adiar essa decisão. Mesmo assim, optaram por ir à missa naquela manhã de ano novo. A liturgia mantinha-se razoavelmente semelhante ao que era no passado, e o ex-pastor (agora padre) sempre dizia que não havia porque os membros se desligarem. “Somos uma Comunidade com um jeito próprio, nosso passado é respeitado”. Ele e os demais ex-pastores que, à época da adesão ao catolicismo, já eram casados, puderam manter-se nessa condição, o que foi considerado um grande sinal de “boa vontade” por parte do papa. Chegando lá, logo Filipe e Raquel tomaram o assento, depois de cumprimentarem alguns. Até que ela apertou firme a mão do esposo e sussurrou em seu ouvido: “bem, olha lá!”, apontando para uma grande imagem de escultura num dos cantos do altar. Filipe, sem pensar muito, virou-se para um senhor assentado à sua esquerda, dizendo: “O que é aquilo ali?”. “Foi ordem do bispo. Puseram na época do Natal”, respondeu o senhor. A celebração teve início, e, por respeito, Filipe e Raquel permaneceram até o fim, suportando o desgosto de ver o sacerdote rezar uma ave-Maria após a comunhão. “Não sei se volto mais aqui”, foi o que ele disse à mulher, na saída.

CENA TRÊS

Junho foi o mês que Filipe e Raquel escolheram para tirarem férias naquele ano de 2015. Foi também quando decidiram solicitar seu desligamento do rol de membros de sua antiga Comunidade Evangélica, agora parte da paróquia católica de “São Benedito”. Naquela primeira noite de descanso, Filipe assentou-se diante da TV, já pensando na viagem que ele e a esposa fariam em poucos dias. O telejornal anunciava: “Festa para os católicos! O Vaticano publicou um novo dogma de fé, reconhecendo Maria como corredentora!”. Certo de que essa notícia o irritaria, Filipe fez menção em trocar de canal, mas mudou de ideia. “Puseram uma nova redentora para a humanidade! Até que ponto vão insultar a obra de Cristo?”, resmungou, enquanto aguardava a reportagem. Então, teve outra decepção. Dentre os flashes das celebrações católicas no Brasil, ocorridas em vários estados e exibidas no telejornal, viu nitidamente uma cena em que o ex-pastor presidente nacional de sua antiga denominação, hoje padre em uma das paróquias paulistanas, aparecia ao lado do arcebispo católico de São Paulo, o qual erguia uma escultura de Maria, para o delírio de uma multidão de fieis.

CENA QUATRO

Na segunda feira seguinte, Filipe foi conversar com o padre da sua antiga Comunidade. Já na qualidade de ex-membro, sentiu um firme desejo de falar àquele jovem, por quem nutria um profundo carinho desde a época em que era uma criança, colega de escola do filho de Raquel e Filipe. Mesmo sabendo que nenhuma resposta no mundo poderia justificar tudo aquilo, Filipe precisava ouvir o ponto de vista daquele ex-pastor e ex-crente. E, com essa ideia fixa, adentrou na sala onde outrora ficava o gabinete pastoral. Lá, o padre cumprimentou-o com cortesia, e também com certa desconfiança. Então, veio à mente de Filipe a lembrança do adolescente, amigo de seu filho, anos atrás, cantando no coral da Juventude Evangélica: “Ao único que é digno de receber/ A honra e a glória, a força e o poder/ Ao Rei eterno, imortal, invisível mas real/ A Ele ministramos o louvor!”. E fitou-o com profunda ternura. “Sabe padre, eu vou ser direto. Gosto de você como de um filho! Teria imenso prazer de sempre tê-lo como meu pastor. Mas não posso permanecer numa igreja onde Cristo não é o único Senhor, e a Bíblia não é a única palavra de Deus. Mas eu quero que você me diga: por que? Por que você está aqui? O que aconteceu com a fé que havia no seu coração?”.

Essas palavras perturbaram o jovem padre. Mas o carinho, visivelmente sincero, demonstrado por Filipe, tornavam impossível qualquer sentimento de ofensa. O padre então olhou para aquele senhor, e disse: “Olha, senhor Filipe. Antes eu cria que a Bíblia é perfeita, sem erros, e essa era a base da minha fé. Mas o Seminário muda a gente. Conhecemos outros pontos de vista, abrimos a mente. Aprendemos filosofia, e inclusive a obra de pensadores ateus. E percebemos que o homem evoluiu muito. Hoje somos melhores do que os reformadores do século XVI, e estamos muito à frente da sociedade de Israel da época de Jesus. A teologia muda, evolui, e sempre vai evoluir, conforme as necessidades humanas. Considero-me hoje um humanista”. Filipe chocou-se com a ingenuidade arrogante daquelas palavras, mas não ousou interromper. “E quanto ao catolicismo, Roma, papa, para que brigar contra tudo isso?”, prosseguir o padre. “Podemos fazer muito pela humanidade juntos. Isso, para mim, é suficiente”. Dito isso, houve pausa e silêncio.

Um minuto, ou menos, de silêncio. Nesse breve momento, Filipe lembrou-se de várias ocasiões em que Deus o havia agraciado. Após a repentina morte dos pais, quando ele contava com apenas quinze anos, muitas e maravilhosas bênçãos o Senhor derramou sobre a vida do então adolescente Filipe Jansen. Sustento material para a numerosa família, amigos mais chegados que irmãos, o casamento com Raquel, o nascimento de Lucas, e, em todo o tempo, uma paz tranquila que realmente excedia todo entendimento. Centenas de orações carinhosamente respondidas pelo Pai, com quem ele de fato desfrutava e desfruta de íntima comunhão. Como era possível um ministro ordenado pela igreja não conhecer estas coisas que, para Filipe, eram tão reais e claras?

CENA CINCO

Filipe, antes de sair, e pela última vez, fitou os olhos naquele templo, agora mudado. Imagens de escultura, cartazes da “Campanha da Fraternidade”, um convite para a festa junina da paróquia. Em sua mente, ecoavam as últimas palavras ditas ao padre, que no passado, fora colega de escola de seu filho. “Espero que um dia, a despeito de todas as inconveniências profissionais, Deus venha a se revelar a você, meu amigo, e seu coração seja tocado pela maravilhosa graça de Jesus Cristo! Pois, se isso acontecer, você terá fé!”.

OBS: os personagens e fatos aqui descritos são fictícios. Qualquer semelhança com pessoas e fatos reais é mera coincidência. Porém, a ameaça que paira sobre algumas denominações cristãs, essa é bem real.

sábado, 14 de abril de 2012

Basta!

Nos capítulos 13 a 17 do Evangelho segundo João, o Senhor Jesus deixou aos discípulos alguns de seus mais profundos e preciosos ensinamentos. A certa altura daquela noite especial, Ele falou-lhes da promessa do Espírito Santo, com estas palavras:

“Se me amais, guardai os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; o Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós. (...) Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito. (...) Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei. E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo”.

Assim é o Espírito Santo, conforme nos ensina Jesus. Habita nos santos (os que amam o Senhor e guardam Seus mandamentos), é Espírito da verdade, nos ensina e nos faz lembrar das palavras de Cristo. Traz forte convicção do pecado, da justiça e do juízo, levando as pessoas ao arrependimento.

Porém, em muitas denominações ditas cristãs, tem se manifestado um “espírito santo” falso. Um espírito de confusão, que não santifica, não convence ninguém do erro, e faz as pessoas se comportarem de modo ridículo.

Mas, os que verdadeiramente amam e temem a Deus só podem se indignar diante desse quadro tão triste e vergonhoso. Basta! Queremos uma Igreja santa, conhecedora da Bíblia, moldada pelo Espírito Santo de Deus! Igreja que testemunhe aos descrentes sobre o maravilhoso amor de Cristo! Não compactuamos com as heresias que têm desviado tantos da verdade. Oh, Deus, abre os olhos do Teu povo!



quarta-feira, 11 de abril de 2012

8 razões para NÃO promovermos ecumenismo com a Igreja Católica Romana

Leia os tópicos a seguir, e julgue por si mesmo se é possível promover ecumenismo com a Igreja Católica Romana sem negar todo o Evangelho de Cristo!

OBS: Todas as citações foram extraídas de documentos oficiais da Igreja Católica Romana, conforme especificado. Portanto, retratam fielmente alguns pontos fundamentais da doutrina daquela denominação.

1. “Se alguém diz que o pecador é salvo pela fé somente, significando que nada mais é requerido para cooperar a fim de obter a graça da justificação, e que não é de forma alguma necessário que ele seja preparado e disposto pela ação de sua própria vontade, que seja anátema” (Concílio de Trento, Sexta Sessão, Cânone 9).

2. “A única Igreja de Cristo, como sociedade constituída e organizada no mundo, subsiste na Igreja Católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele. Só por meio dela se pode obter toda a plenitude dos meios de salvação, pois o Senhor confiou todos os bens da Nova Aliança ao único colégio apostólico, cujo cabeça é Pedro” (Catecismo da Igreja Católica, Resposta nº 162).

3. “O sacrifício eucarístico é também oferecido pelos fiéis defuntos, ‘que morreram em Cristo e não estão ainda de todo purificados’, para que possam entrar na luz e na paz de Cristo” (Catecismo da Igreja Católica, Art. 1371).

4. “Ensine-se aos fiéis que os veneráveis corpos dos santos Mártires e dos outros que vivem em Cristo devem ser venerados” (Concílio de Trento, 25ª Sessão, Decreto 985).

5. “Quanto às imagens de Cristo, da Santíssima Virgem e de outros Santos, se devem ter e conservar especialmente nos templos e se lhes deve tributar a devida honra e veneração” (Concílio de Trento, 25ª Sessão, Decreto 986).

6. “’a piedade da Igreja para com a santíssima Virgem pertence à própria natureza do culto cristão’(539). A santíssima Virgem ‘é com razão venerada pela Igreja com um culto especial. E, na verdade, a santíssima Virgem é, desde os tempos mais antigos, honrada com o título de ‘Mãe de Deus’, e sob a sua proteção se acolhem os fiéis implorando-a em todos os perigos e necessidades [...].” (Catecismo da Igreja Católica, Art. 971).

7. “A Igreja chama Purgatório a esta purificação final dos eleitos, que é absolutamente distinta do castigo dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativamente ao Purgatório sobretudo nos concílios de Florença (622) e de Trento (623).” (Catecismo da Igreja Católica, Art. 1031).

8. “Esta doutrina apoia-se também na prática da oração pelos defuntos, de que já fala a Sagrada Escritura: ‘Por isso, [Judas Macabeu] pediu um sacrifício expiatório para que os mortos fossem livres das suas faltas’ (2 Mac 12, 46). Desde os primeiros tempos, a Igreja honrou a memória dos defuntos, oferecendo sufrágios em seu favor, particularmente o Sacrifício eucarístico para que, purificados, possam chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também a esmola, as indulgências e as obras de penitência a favor dos defuntos.” (Catecismo da Igreja Católica, Art. 1032).

Diante dessas afirmações, que são o fiel retrato de alguns dos principais pontos do catolicismo romano, concluímos esta postagem citando a Bíblia, em Amós 3:3: “Andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo?”.

Que Deus nos dê graça!

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Sugestão de leitura II

O Evangelho Segundo Jesus (John MacArthur). Publicado no Brasil pela Editora Fiel, este livro é, sem sombra de dúvida, uma das grandes obras primas surgidas no cenário teológico das últimas décadas. Nele, o autor lança por terra o falso ensino, tão comum hoje em dia, da graça barata, o “evangelho” fácil, que tem seduzido e enganado multidões.

O Evangelho, tal como o Senhor o pregou, não se resume a “aceitar Jesus”, ou convidá-Lo “a entrar em nosso coração”. Do mesmo modo, crer não é simplesmente concordar com os preceitos básicos da Palavra de Deus. Ao contrário; somos chamados a uma entrega completa e incondicional. Aquele a quem confessamos como nosso Salvador precisa, necessariamente, deter o senhorio de nossas vidas. E isso implica em confiança total e renúncia. Esta é a mensagem central do livro.

O Evangelho Segundo Jesus, de John MacArthur, é leitura obrigatória para todos os que desejam ser verdadeiros discípulos de Cristo!



Fonte: do ministério “Grace to You” (www.gty.org). Disponível no Youtube.

terça-feira, 3 de abril de 2012

As marcas do verdadeiro avivamento

Muitos pensam que a Igreja brasileira está experimentando um período de avivamento. Os “sinais”, segundo estes, seriam manifestações como: pessoas caindo durante o culto, rindo descontroladamente, imitando animais, dentre outros fenômenos semelhantes.

Será que isso é avivamento genuíno? O Espírito Santo de Deus está mesmo agindo de modo poderoso e incomum na Igreja dos dias atuais?

No vídeo a seguir, o pastor presbiteriano Antônio Carlos da Costa apresenta, de forma breve, alguns ensinos extraídos da pregação de um homem de Deus do passado, Jonathan Edwards, que vivenciou um dos maiores avivamentos da história, o chamado “Primeiro Grande Despertamento”, no século XVIII. Vale a pena conferir, e comparar a obra do Espírito Santo, realizada naquele período de ouro, com os acontecimentos recentes que muitos pensam ser avivamento!

Fonte: do Ministério Palavra Plena - Revelando a Beleza do Cristianismo Bíblico. Disponível no Youtube.