domingo, 31 de maio de 2015

Quem rejeita Jesus Cristo, também rejeita Deus, o Pai

O capítulo 10 de Lucas nos conta a respeito do envio de setenta discípulos, incumbidos de anunciar nas cidades de Israel a vinda do Reino de Deus, com grande poder e sinais. Naquela ocasião, depois de repassar uma série de instruções aos setenta, o Senhor Jesus disse algo tremendo sobre as consequências da mensagem do Evangelho na vida de quem a ouve: “Quem vos der ouvidos ouve-me a mim; e quem vos rejeitar a mim me rejeita; quem, porém, me rejeitar, rejeita aquele que me enviou” (Lc 10:16). 

A primeira afirmação do Mestre não traz polêmica nenhuma. Quem ouve ao anúncio das Boas-Novas feito pela Igreja está acolhendo ao próprio Cristo. A segunda afirmação, porém, é assustadora: rejeitar a pregação do Evangelho significa dizer “não” ao Senhor Jesus. E, mas terrível ainda é a terceira afirmação dita por Ele: quem O rejeita como Filho de Deus, Senhor e Salvador também está rejeitando o próprio Deus. Em outras palavras, o Todo-Poderoso não aceita o culto de quem não crê em Seu Filho unigênito! De fato, a impossibilidade de salvação fora de Cristo é claramente expressa em muitas outras passagens bíblicas, como João 14:6, João 3:35-36, Marcos 16:15-16, Atos 4:11-12, Mateus 10:32-33, etc. 

No entanto, algumas denominações parecem ser regidas por outra “bíblia”. E no “livro sagrado” delas a chamada ao arrependimento de pecados e fé em Jesus Cristo é algo supérfluo, até mesmo indesejável em certos casos. Melhor é deixar que cada um creia naquilo que quiser, já que todas as religiões são igualmente “boas”, e todos somos “irmãos” e “filhos de Deus”. E, para evidenciar sua disposição ecumênica, tais igrejas promovem celebrações com a presença de líderes de religiões não cristãs. Não veem mal nenhum em cultuar ao Senhor lado a lado com pessoas que consideram Jesus um simples profeta, ou mesmo um impostor. Cristo morreu na cruz para salvar todo mundo, não é mesmo? Deus, o Pai, não rejeitará alguém só porque tal pessoa viveu e morreu negando o Seu Filho unigênito, certo? 

Essa mentalidade pseudo-cristã e bizarra ficou evidente num episódio na cidade alemã de Speyer Rhineland em 10 de novembro de 2013, na Igreja Memorial da Reforma, templo considerado um monumento à Reforma Protestante. Ali foi promovido um concerto inter-religioso cristão e muçulmano, e o ato de abertura foi o cântico de chamada à oração proferido pelo imã muçulmano(o mesmo entoado nas mesquitas, os locais de culto do Islamismo. Líderes evangélicos e membros daquela igreja se fizeram presentes, além de uma orquestra de músicos profissionais, num evento grandioso do ponto de vista humano. De repente, uma mulher chamada Heidi Mund, erguendo uma bandeira da Alemanha na qual apareciam os dizeres “Jesus Cristo é o Senhor” surgiu na galeria, proclamando o senhorio de Cristo sobre aquele país e repetindo a famosa frase de Martim Lutero: “Aqui estou eu, e não posso fazer outra coisa”. Em resposta, os organizadores do evento a expulsaram do lugar, já que a mensagem dela não lhes era conveniente. 

Quem agiu mal nessa história? A manifestante cristã não pode ser condenada por ter repudiado tamanha afronta ao bendito Nome de Cristo. O líder muçulmano foi à cerimônia como convidado, e não é razoável esperar dele uma postura bíblica, uma vez que ele próprio não crê na mensagem do Evangelho. Errada é a Igreja Evangélica da Alemanha, seus pastores e demais membros presentes, porque têm as Escrituras nas mãos e, no entanto, julgam-se no direito de promover uma celebração imoral num templo cristão, desprezando por completo os ensinos da Bíblia sobre o senhorio de Jesus Cristo, simplesmente para agradar homens. Errados são os que, embora não creiam sinceramente em nenhum dos pontos mais elementares do cristianismo, ainda assim permanecem no ministério pastoral, e, pior, influenciam negativamente congregações inteiras. Errados são os que, de tão frios espiritualmente, não podem mais reconhecer uma heresia ou mesmo uma blasfêmia. 

O evento, afinal, aconteceu. A mulher que gritava “Jesus Cristo é o Senhor da Alemanha” foi retirada, e o concerto prosseguiu. Entretanto, a questão fundamental é: Deus aceitou aquele culto? O Pai de Jesus Cristo Se alegrou com a realização de um evento no qual cristãos professos se uniram em oração com muçulmanos, os quais consideram o Filho somente um profeta (aliás, um profeta menor que Maomé)? O Altíssimo foi honrado quando pessoas, em tese, cristãs, disseram, não com palavras, mas através de atitudes, que crer na mensagem bíblica da salvação consumada na cruz pelo Senhor afinal não é algo tão importante assim? Evidentemente não! Vem então outra pergunta: será que a intenção dos adeptos do ecumenismo, ao buscarem a comunhão com religiosos das mais diversas crenças sem chamá-los ao arrependimento e fé no Salvador, é realmente cumprir a vontade de Deus?

sexta-feira, 1 de maio de 2015

A unidade da Igreja e a impossibilidade de comunhão espiritual com os incrédulos

A unidade da Igreja é a vontade de Deus claramente expressa nas Escrituras. Textos como os de João 17:20-23, Atos 2:42-47, Atos 4:32-35 e Efésios 4:1-6 exaltam essa unidade, enquanto outras passagens, tais como 1Corítios 3:1-9 e Judas 19 condenam as divisões no Corpo de Cristo. À luz da Bíblia, rivalidades e ausência de comunhão entre denominações cristãs são consequências do pecado de líderes e membros. No capítulo 5 de Gálatas, o apóstolo Paulo chama de “obras da carne” as discórdias, dissenções e facções, incluindo-as na mesma lista em que constam a prostituição, bebedices, idolatria e feitiçaria. Sem dúvida, a falta de unidade é uma grave ofensa contra o nosso bendito Senhor que deu a vida por todos nós que n'Ele cremos. 

Também é vontade de Deus que a Igreja se abstenha de manter comunhão espiritual com os incrédulos, sejam eles adeptos de crenças não cristãs ou falsos cristãos seguidores de heresias. Exemplos claros de textos bíblicos exortando-nos a não compactuarmos com práticas religiosas diversas do cristianismo encontramos em 2Coríntios 6:14-18 e 1João 4:1-6, e exortações a nos separarmos dos falsos crentes podemos encontrar em Gálatas 1:6-9, Colossenses 2:8, 16-23, Apocalipse 2:2, 6, Apocalipse 2:14-15 e Apocalipse 2:20-24. Logo, em conformidade com a Palavra de Deus, as práticas ecumênicas indiscriminadas, pelas quais cristãos promovem celebrações em conjunto com quem não professa a mesma fé bíblica e cristocêntrica, também constituem grave ofensa contra o Senhor da Igreja. 

A ordem bíblica, portanto, é de união entre cristãos e separação em relação aos “cristãos” hereges e aos adeptos de religiões não cristãs. Aqui cabe esclarecer que a Bíblia não nos manda deixarmos o convívio amigável e respeitoso com pessoas seguidoras de outras crenças (aliás, o amor ao próximo é um dos principais mandamentos de Cristo), mas tão-somente exorta-nos a nos abstermos de compactuar com as práticas religiosas delas. Entretanto, como distinguiremos os cristãos com os quais manteremos comunhão daqueles que se declaram cristãos, mas na verdade seguem uma religião maculada por heresias? Quais critérios devemos adotar, a fim de cumprirmos a vontade de Deus, a qual inclui unidade e distanciamento, comunhão e separação? 

A resposta não é tão simples. Cabe-nos buscá-la nas Escrituras, em humildade, sem nos prendermos às nossas convicções quanto a questões secundárias, sobre as quais a Bíblia não traz uma resposta óbvia e inquestionável (tais como o momento certo para o batismo – se na infância ou na idade adulta, o modo correto de administrá-lo – se por aspersão ou imersão, as questões relativas à predestinação e livre-arbítrio, o cessacionismo ou o pentecostalismo, divergências quanto ao milênio, etc). Importa-nos definir qual é a essência da fé cristã, os pontos fundamentais do Evangelho de Cristo, dos quais não podemos abrir mão. E então saberemos reconhecer uma igreja cristã, com a qual devemos manter comunhão (e, se não o fizermos, desagradaremos ao Senhor), e também reconheceremos uma igreja herética, da qual precisamos nos afastar (e, não o fazendo, desagradaremos ao Senhor). 

Felizmente, homens santos do passado, dedicados estudiosos da Palavra de Deus, já fizeram esta reflexão, buscando definir a essência do Evangelho, os fundamentos da fé cristã, as verdades primárias sem as quais não há cristianismo. Isso foi feito de modo particularmente decisivo em dois momentos históricos importantes, e exposto em duas declarações aptas a definir qual é a fé da verdadeira Igreja de Cristo. Falamos do Credo Apostólico e dos Cinco “Solas” da Reforma. Não é exagero dizermos que todas as denominações cristãs bíblicas concordam com as afirmações professadas pelos nossos pais na fé nestes dois documentos, mesmo aquelas igrejas que não adotam confissões em sua doutrina. Podemos ter a convicção de que este é o resumo do cristianismo não falsificado, por isso temos meios para saber com quem iremos manter comunhão, promovendo celebrações e eventos em conjunto, dividindo o mesmo púlpito, tomando juntos a Ceia do Senhor. Eis a resposta de que precisamos: 

“Creio em Deus Pai Todo-Poderoso, Criador dos céus e da terra. E em Jesus Cristo, Seu Filho unigênito, nosso Senhor, o qual foi concebido pelo Espírito Santo. Nasceu da virgem Maria, padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado. Desceu ao hades. Ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus, está assentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso, de onde virá para julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na santa Igreja universal, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição do corpo, na vida eterna. Amém”. 

“Somente as Escrituras. Somente Cristo. Somente por fé. Somente pela graça. Somente a Deus seja a glória”.