sexta-feira, 24 de abril de 2015

Marxismo cristão? Nunca!

As ditaduras marxistas foram (e ainda têm sido) um dos períodos mais sombrios da história. O projeto de uma sociedade livre de opressão, concebido no Século XIX por pensadores como Friedrich Engels e Karl Marx (autor da obra clássica O Capital), começou a se materializar na sangrenta Revolução Russa de 1917, sob o governo de Lenin – responsável pela execução de toda a família real daquele país. Experimentou notável crescimento durante a ditadura de Stalin, época em que pelo menos vinte milhões de cidadãos da Rússia e países vizinhos foram mortos em decorrência das ações militares ou repressivas promovidas pelo déspota da Geórgia (uma matança três vezes e meia maior que o Holocausto Nazista!). Alcançou o Oriente em 1949, na República Popular da China chefiada por Mao Tsé Tung, mentor da chamada “Revolução Cultural”, um período de intensa perseguição contra todo e qualquer suposto “adversário” do regime. E chegou ao Continente Americano uma década depois, na Cuba de Fidel Castro. 

Nos países em que vigorou o socialismo marxista, os direitos e garantias individuais mais primários foram retirados da população. Na cidade de Berlim, o governo da então Alemanha Oriental chegou ao cúmulo de erguer uma muralha com o propósito de impedir que o povo passasse para o lado ocidental, a parte do território alemão não controlada pela tirania marxista. Em Cuba, milhares fugiram do país em embarcações – muitas delas precaríssimas – atravessando o mar até o Estado da Flórida, EUA, a fim de se livrarem do pesadelo Fidel Castro. Até hoje multidões de norte-coreanos sonham em deixar o país, fugindo para a vizinha Coreia do Sul. De fato, o direito de ir e vir nunca foi respeitado nas nações socialistas, assim como o direito à escolha dos próprios governantes, a liberdade de expressão, a liberdade religiosa e tantos outros. A perseguição ao cristianismo ainda é terrível nos poucos lugares onde sobrevive o marxismo, especialmente na Coreia do Norte, que mesmo hoje mantém cristãos em prisões idênticas aos velhos campos de concentração. 

A sedução marxista contaminou muitos, nos quatro cantos do planeta. Em diversas nações, intelectuais, estudantes universitários e gente simples do povo trocaram seus empregos, estudos e famílias por uma vida na clandestinidade, empunhando armas de fogo e aprendendo táticas de guerrilha em organizações esquerdistas. Praticaram assaltos, sequestros e homicídios, tudo pelo sonho comunista. No Peru, o grupo Sendero Luminoso, encabeçado pelo ex-professor universitário Abimael Guzmán, implantou o terrorismo no campo, intimidando camponeses pobres mediante as táticas mais vis, a fim de conquistar aliados. Na Colômbia, as “Farc – Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia” se uniram aos traficantes de cocaína, gerando uma perigosíssima mistura entre ideologia política e criminalidade. Quanto estrago, quanta loucura, quanta perdição em nome de uma utopia fadada ao fracasso, que é a ilusão de transformar o mundo num lugar de paz e fraternidade através da força! 

Entretanto, há quem se diga cristão e, ao mesmo tempo, socialista. Pior, há quem pense que o projeto marxista é o meio pelo qual Deus irá libertar os oprimidos deste mundo! Existe um grupo de cristãos professos imaginando que os novos céus e nova terra não serão trazidos com o retorno triunfante de Cristo, o julgamento dos incrédulos, a derrota definitiva de satanás, a destruição do pecado, a glorificação dos eleitos, nada disso. Antes, acreditam que as forças opressoras do capitalismo são o real inimigo, e este será derrotado com a ascensão de governos populares, chefiados por operários e camponeses! Pensam que Marx cometeu um “pequeno equívoco” ao incentivar a implantação do ateísmo e a perseguição religiosa, mas, exceto por esse “deslize”, o economista alemão estava antevendo os planos de Deus para a redenção da humanidade quando escreveu “O Capital”! 

Diante de tamanha aberração, resta ao verdadeiro cristão, aquele que acredita nas Escrituras, nas realidades espirituais ali mencionadas e na suficiência de Cristo, repudiar veementemente essa teologia louca e herética, a qual tenta submeter a Palavra de Deus ao projeto humanista e ateu de Marx. Pois o Reino do Senhor não é deste mundo (João 18:36), aqui somos como peregrinos e forasteiros (1Pedro 2:11), nossa luta não é contra a carne e o sangue (Efésios 6:12), nossa esperança em Cristo não se limita a esta vida terrena (1Coríntios 15:19), temos convicção do retorno glorioso do Senhor Jesus à terra (Atos 1:11), nosso verdadeiro tesouro está nos céus (Mateus 6:20) e nosso anelo é vivermos a eternidade com o Senhor (João 14:3). E, sendo assim, socialismo e cristianismo representam duas cosmovisões absolutamente antagônicas e duas crenças totalmente incompatíveis. Marxismo cristão, nunca!

sexta-feira, 17 de abril de 2015

A calamitosa situação da igreja evangélica brasileira no Século XXI

Desde a chegada dos primeiros missionários europeus, logo após a Proclamação da Independência, os quais vieram pastorear imigrantes luteranos de língua alemã, seguidos pelos pioneiros batistas e presbiterianos de língua inglesa e pelos pentecostais da Assembleia de Deus que desembarcaram em Belém do Pará, a chamada igreja evangélica brasileira conheceu uma série de movimentos e tendências, até chegar nos dias atuais, época em que mais de um quarto da população se declara “evangélica”. Em menos de duzentos anos, saltamos de um punhado de pessoas para dezenas de milhões! 

No entanto, a esmagadora maioria das denominações ditas “evangélicas”, de seus pastores e membros adotam um sistema de valores e crenças muitíssimo diferente da doutrina proclamada pelos crentes do passado. Se alguém fizer uma pesquisa séria junto à população brasileira, descobrirá que a fé genuinamente bíblica e cristocêntrica – seja a de tendência tradicional ou a carismática – é compartilhada por uma parcela reduzida do nosso povo. De fato, o que se entende hoje por “igreja evangélica” não tem relação alguma com a doutrina expressa nas Confissões de Fé clássicas (de Ausburgo, de Westminster, a Confissão Batista de Londres, etc) ou com aquela sistematizada nas obras dos teólogos assembleianos. Infelizmente, o evangélico brasileiro comum crê em outras coisas. 

A fé do evangélico professo neste início de Século XXI é moldada por líderes como Edir Macedo, R. R. Soares, Valdemiro Santiago e o casal Estevam e Sônia Hernandes. Não tem absolutamente nenhuma relação com o ensino de Lutero, Calvino, Weslley, Spurgeon, Daniel Berg ou David Wilkerson. Não possui raízes na teologia de Agostinho e Atanásio, nem nos escritos dos apóstolos Paulo, Pedro e João. Não olha para o Senhor Jesus, o Cordeiro de Deus que veio ao mundo, não para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate de muitos. É uma doutrina nova, criada em meados do Século passado e popularizada no presente, de conteúdo paupérrimo, sem profundidade alguma. Não simples (aliás, isso seria uma virtude), mas simplista, banal, rasa. E, o mais grave, não conduz a Cristo; antes serve à carne, à velha criatura não salva, não regenerada. 

Primeiramente, o evangélico brasileiro, assim como a maioria da população, não gosta de ler. Lê tão-somente alguns versículos da Bíblia, os que contêm alguma promessa ou palavra de encorajamento, e livrinhos de poucas páginas escritos pelos líderes das denominações mais populares. Também, como um “bom brasileiro”, ama assistir à TV, e costuma acompanhar programas televisivos como “Show da Fé”, “Vitória em Cristo”, etc (nos quais a maior parte do tempo é usada em pedidos de ofertas, ataques pessoais velados e propaganda). Consequentemente, o conjunto de valores e crenças desse evangélico padrão é extraído de livros motivacionais de trinta ou quarenta páginas e da programação “evangélica” apresentada na televisão, sendo “complementado” pela pregação de domingo do pastor local (que sofre das mesmas limitações citadas acima). 

Além disso, o evangélico brasileiro comum gosta muito de ouvir música gospel, e, como não conhece as Escrituras, se permite ser doutrinado pelas letras das canções de “louvor” (lamentavelmente, escritas em sua maioria por artistas que também não entendem nada de Bíblia e teologia). Dessa forma, refrãos musicais flagrantemente contrários aos ensinos bíblicos, contendo mensagens humanistas, revanchistas ou expressando um entendimento equivocado sobre batalha espiritual são tratados como se fossem expressões autênticas da Palavra de Deus. E isso contribui ainda mais para consolidar o erro na mente do ouvinte, que já come e bebe heresias dia e noite. 

Como fruto da ignorância teológica e bíblica, o típico evangélico brasileiro não entende que a razão da sua própria existência é a glória de Deus. Não se considera um pecador indigno, incapaz de, por méritos pessoais, agradar ao Senhor. Antes, considera-se “fiel”, porque crê em Jesus, dá o dízimo e não pratica certos pecados específicos. Entende que, sendo filho, tem o direito de exigir a realização de todos os seus sonhos (e o Pai Celeste, a obrigação de cumpri-los). Espera resolver cada um de seus problemas “amarrando o diabo” e “determinando a vitória” em nome de Jesus. Crê em maldições hereditárias. Acredita que até os crentes podem ficar endemoninhados. Só pensa na eternidade quando a morte se aproxima. Confunde emoção e barulho com manifestações do Espírito Santo. Seu anelo é ficar rico e desfrutar abundantemente dos bens materiais. Imagina que a salvação é obtida através da repetição de uma simples oração “aceitando Jesus”. Detesta a pregação expositiva do Evangelho, mas vibra com as palestras motivacionais. Pensa que o pregador mais “espiritual” é o que não prepara o sermão e só fala de improviso. Não se preocupa com reverência. Acha que a oração do pastor é “mais forte” que a do membro. E por aí vai! 

Essa visão mesquinha, egoísta e distorcida das Boas-novas leva o evangélico comum a não se importar com o seu testemunho pessoal. Quem não tem como objetivo viver para a glória de Deus e ignora as exortações bíblicas sobre o dever do cristão de ser “sal da terra e luz do mundo”, fatalmente torna-se desleixado nesse quesito. É lógico que a maioria evita pecados escandalosos e grosseiros (exemplos: adultério, embriaguez), mas não vê problema algum em contar fofocas, causar intrigas, deixar de pagar as contas em dia, assistir a filmes e programas de TV repletos dos piores valores mundanos, ser orgulhoso, divertir-se com piadas imorais, zombar do próximo, vestir-se sem nenhum pudor e modéstia, tomar emprestado e não devolver, trabalhar de forma desidiosa, descumprir compromissos, participar de discussões de baixo nível, insultar pessoas, enfim, manter um comportamento idêntico ao da média dos incrédulos. 

Por tudo isso, a situação da igreja evangélica brasileira neste Século XXI é calamitosa. Por sua profunda ignorância bíblica e doutrinária. Por seus líderes desprovidos de conhecimento teológico, arrogantes, marqueteiros, amantes do dinheiro, que vivem tentando levar para as suas igrejas os membros de outras denominações. Pelo falso louvor musical, o qual usa ritmos da moda para embalar letras grotescamente antibíblicas, repletas de heresias. Por seu púlpito contaminado, de onde são proferidas palestras motivacionais domingo após domingo, enquanto a pregação do Evangelho é posta em terceiro plano. Pelas suas práticas bizarras, típicas de quem não lê a Bíblia, não ora e não tem vida devocional nenhuma. Por seu amor ao dinheiro e aos bens materiais, que são o seu verdadeiro tesouro e o anseio maior de seu coração. Pela completa ausência de santidade, que gera um vergonhoso testemunho público. 

Ah, quem dera fôssemos, ao invés de cinquenta milhões de “evangélicos”, dez milhões de crentes autênticos! Ah, se alguns milhares de pastores deixassem seus ministérios e fossem aprender a Palavra do Senhor em seminários comprometidos com a sã doutrina! Se a maior parte dos líderes famosos simplesmente se aposentasse e dedicasse o resto da vida a gastar sua fortuna bem longe do povo de Deus! Se a vendagem de CDs e o interesse por shows “gospel” caíssem a menos da metade, e só sobrassem grupos interessados em cantar louvores ao Rei dos reis, sem ambicionar o megaestrelado! Se no lugar de mil novos livros de autoajuda fossem publicadas cinquenta obras de sólido conteúdo teológico! Que maravilha seria se não tivéssemos nenhuma construção faraônica com capacidade para cinco ou dez mil pessoas de uma só vez, e sim muitos templos onde cem, duzentos ou quinhentos servos de Deus O cultuassem em espírito e em verdade! Quem dera a “teologia” da prosperidade e o movimento “gospel” deixassem de existir no nosso país, e em lugar deles tivéssemos o Evangelho de Cristo! Oh, Senhor, tem misericórdia da igreja brasileira!