sexta-feira, 1 de maio de 2015

A unidade da Igreja e a impossibilidade de comunhão espiritual com os incrédulos

A unidade da Igreja é a vontade de Deus claramente expressa nas Escrituras. Textos como os de João 17:20-23, Atos 2:42-47, Atos 4:32-35 e Efésios 4:1-6 exaltam essa unidade, enquanto outras passagens, tais como 1Corítios 3:1-9 e Judas 19 condenam as divisões no Corpo de Cristo. À luz da Bíblia, rivalidades e ausência de comunhão entre denominações cristãs são consequências do pecado de líderes e membros. No capítulo 5 de Gálatas, o apóstolo Paulo chama de “obras da carne” as discórdias, dissenções e facções, incluindo-as na mesma lista em que constam a prostituição, bebedices, idolatria e feitiçaria. Sem dúvida, a falta de unidade é uma grave ofensa contra o nosso bendito Senhor que deu a vida por todos nós que n'Ele cremos. 

Também é vontade de Deus que a Igreja se abstenha de manter comunhão espiritual com os incrédulos, sejam eles adeptos de crenças não cristãs ou falsos cristãos seguidores de heresias. Exemplos claros de textos bíblicos exortando-nos a não compactuarmos com práticas religiosas diversas do cristianismo encontramos em 2Coríntios 6:14-18 e 1João 4:1-6, e exortações a nos separarmos dos falsos crentes podemos encontrar em Gálatas 1:6-9, Colossenses 2:8, 16-23, Apocalipse 2:2, 6, Apocalipse 2:14-15 e Apocalipse 2:20-24. Logo, em conformidade com a Palavra de Deus, as práticas ecumênicas indiscriminadas, pelas quais cristãos promovem celebrações em conjunto com quem não professa a mesma fé bíblica e cristocêntrica, também constituem grave ofensa contra o Senhor da Igreja. 

A ordem bíblica, portanto, é de união entre cristãos e separação em relação aos “cristãos” hereges e aos adeptos de religiões não cristãs. Aqui cabe esclarecer que a Bíblia não nos manda deixarmos o convívio amigável e respeitoso com pessoas seguidoras de outras crenças (aliás, o amor ao próximo é um dos principais mandamentos de Cristo), mas tão-somente exorta-nos a nos abstermos de compactuar com as práticas religiosas delas. Entretanto, como distinguiremos os cristãos com os quais manteremos comunhão daqueles que se declaram cristãos, mas na verdade seguem uma religião maculada por heresias? Quais critérios devemos adotar, a fim de cumprirmos a vontade de Deus, a qual inclui unidade e distanciamento, comunhão e separação? 

A resposta não é tão simples. Cabe-nos buscá-la nas Escrituras, em humildade, sem nos prendermos às nossas convicções quanto a questões secundárias, sobre as quais a Bíblia não traz uma resposta óbvia e inquestionável (tais como o momento certo para o batismo – se na infância ou na idade adulta, o modo correto de administrá-lo – se por aspersão ou imersão, as questões relativas à predestinação e livre-arbítrio, o cessacionismo ou o pentecostalismo, divergências quanto ao milênio, etc). Importa-nos definir qual é a essência da fé cristã, os pontos fundamentais do Evangelho de Cristo, dos quais não podemos abrir mão. E então saberemos reconhecer uma igreja cristã, com a qual devemos manter comunhão (e, se não o fizermos, desagradaremos ao Senhor), e também reconheceremos uma igreja herética, da qual precisamos nos afastar (e, não o fazendo, desagradaremos ao Senhor). 

Felizmente, homens santos do passado, dedicados estudiosos da Palavra de Deus, já fizeram esta reflexão, buscando definir a essência do Evangelho, os fundamentos da fé cristã, as verdades primárias sem as quais não há cristianismo. Isso foi feito de modo particularmente decisivo em dois momentos históricos importantes, e exposto em duas declarações aptas a definir qual é a fé da verdadeira Igreja de Cristo. Falamos do Credo Apostólico e dos Cinco “Solas” da Reforma. Não é exagero dizermos que todas as denominações cristãs bíblicas concordam com as afirmações professadas pelos nossos pais na fé nestes dois documentos, mesmo aquelas igrejas que não adotam confissões em sua doutrina. Podemos ter a convicção de que este é o resumo do cristianismo não falsificado, por isso temos meios para saber com quem iremos manter comunhão, promovendo celebrações e eventos em conjunto, dividindo o mesmo púlpito, tomando juntos a Ceia do Senhor. Eis a resposta de que precisamos: 

“Creio em Deus Pai Todo-Poderoso, Criador dos céus e da terra. E em Jesus Cristo, Seu Filho unigênito, nosso Senhor, o qual foi concebido pelo Espírito Santo. Nasceu da virgem Maria, padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado. Desceu ao hades. Ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus, está assentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso, de onde virá para julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na santa Igreja universal, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição do corpo, na vida eterna. Amém”. 

“Somente as Escrituras. Somente Cristo. Somente por fé. Somente pela graça. Somente a Deus seja a glória”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário