domingo, 21 de setembro de 2014

À procura de uma boa igreja

(Uma história fictícia)
 
João e Rute tinham acabado de se mudar, com seus dois filhos pequenos, para uma das principais cidades do interior de São Paulo. Crentes em Jesus Cristo, ambos amam a Bíblia e creem ser ela a inerrante Palavra de Deus. Também creem na contemporaneidade dos dons do Espírito Santo, tais como revelados em Atos dos Apóstolos. Agora, precisavam encontrar uma igreja para ali congregarem e tornarem-se membros, pois não faria sentido continuarem ligados à sua congregação de origem, localizada na cidade onde antes viviam, a trezentos quilômetros de distância. O próprio pastor daquela congregação aconselhou-os a se transferirem logo para uma boa denominação, na terra onde iriam passar a morar.
 
Cientes de que a escolha de sua nova igreja seria uma decisão seríssima, capaz de afetar toda a família, João e Rute reservaram um tempo para refletir sobre os critérios a serem levados em conta. Prontamente descartaram a possibilidade de se unirem a uma denominação neopentecostal, adepta da execrável “teologia da prosperidade”. “– Acho que, com isso, já eliminamos uns setenta por cento das igrejas daqui”, disse a esposa, num tom de brincadeira. Sem saber, ela quase acertou em cheio. Pois na verdade o índice de congregações evangélicas daquela cidade influenciadas pelas heresias de Kenneth Hagin, Mike Murdock e outros beira os setenta e cinco por cento. “– Vamos dar preferência a uma que tenha reuniões de estudo bíblico, tipo EBD”, sugeriu o marido. “– Ótima ideia. As que não tiverem, provavelmente não servirão para nós”, completou Rute.
 
Logo no primeiro domingo, o casal teve uma decepção. No culto à noite em uma igreja consolidada, que possui uma longa história naquela cidade, se depararam com um surpreendente relaxamento de costumes. Era verão, e havia mulheres usando roupas totalmente inadequadas para as servas de Deus, como tomara-que-caia, peças justíssimas e até minissaias. Além disso, na saída passaram bem ao lado de um grupinho de jovens membros que conversavam – empolgadíssimos – sobre uma festa realizada na noite anterior, numa badalada danceteria da cidade. João e Rute saíram dali horrorizados, imaginando quão perigoso seria criar os filhos numa congregação totalmente conformada ao mundo como aquela.
 
No fim de semana seguinte tiveram outro desgosto. Foram ao culto de uma denominação dita histórica e renovada (carismática) levando os filhos. “– Deve ser bem parecida com a nossa antiga igreja”, disse Rute pouco antes de adentrarem no templo. Ledo engano. Durante a mensagem, o pastor fez uma série de comentários vazios e biblicamente inconsistentes, tipo “nós já decretamos que essa cidade é de Jesus”, ou “vamos derramar óleo ungido sobre a bandeira municipal e determinar que toda a população irá se converter a Cristo”. Para piorar, a reunião encerrou com as pessoas presentes “marchando” sem sair do lugar, sob o comando do tal pastor, que gritava: “– Vamos colocar o cinto da verdade!”, “– Agora vamos vestir a couraça da justiça!”, “– Agora, todo mundo calçando os pés com a preparação do evangelho da paz!”. Antes que o “teatro” supostamente baseado em Efésios 6 terminasse, a família visitante deixou o templo para nunca mais voltar.
 
Durante três domingos consecutivos, frequentaram os cultos e a EBD numa igreja considerada séria e bíblica. De fato, a pregação era consistente, sem heresias, firmada nas Escrituras. Mas algo entristeceu João e Rute, levando-os a descartarem também aquela outra denominação. Embora tivessem participado de três reuniões, a família não foi notada e nenhum dos membros lhes dirigiu uma só palavra. Concluíram ser uma congregação fria, sem a comunhão indispensável na igreja de Cristo. Os próprios membros não pareciam manter um convívio próximo entre si, tanto que o templo se esvaziava imediatamente após as celebrações, algo bem diferente do que ocorria na igreja que João e família frequentavam antes de mudarem de cidade. Naquela outra, mantinham laços fraternos de amizade com muitos irmãos, e não queriam que sua futura igreja fosse o oposto daquilo a que estavam acostumados.
 
Depois de um mês e meio, finalmente receberam a graça de encontrarem uma igreja na qual puderam servir a Deus em família. Imperfeita, naturalmente, pois a perfeição só virá com a glorificação, após a segunda vinda de Cristo. Porém, digna de ser chamada a Noiva do Cordeiro, ou o Corpo de Cristo. Da pesquisa feita por João e Rute, fruto de conversas com alguns outros crentes, buscas em sites de Internet e visitas a três congregações, além de muita oração, surgiu um interessante relatório, bastante sucinto, sobre o que seria “uma boa igreja”. Eis o que o casal escreveu naqueles dias:
 
1) Uma boa igreja não negocia o Evangelho de Cristo, nem faz concessões ao materialismo vivido pelo mundo.
 
2) Uma boa igreja fundamenta sua doutrina somente nas Escrituras e valoriza o estudo bíblico.
 
3) Uma boa igreja crê na inerrância da Bíblia.
 
4) Uma boa igreja prega a santidade e não se conforma aos padrões mundanos.
 
5) Uma boa igreja disciplina os seus membros.
 
6) Uma boa igreja não tolera ensinos vãos.
 
7) Uma boa igreja não tolera falsificações da obra do Espírito Santo.
 
8) Uma boa igreja zela pelo culto coletivo com ordem e decência.
 
9) Uma boa igreja possui um púlpito sadio, onde a Palavra de Deus é pregada retamente.
 
10) Uma boa igreja teme e honra a Deus.
 
11) Uma boa igreja valoriza a comunhão entre os irmãos.
 
12) Uma boa igreja valoriza a família.
 
13) Uma boa igreja vive o cuidado mútuo.
 
14) Uma boa igreja pratica a hospitalidade.
 
15) Uma boa igreja não perde a chance de evangelizar, falando do amor de Deus a todos quantos puder.

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