segunda-feira, 17 de novembro de 2014

A primeira lição de Neemias

O livro de Neemias é um dos mais emocionantes e inspiradores de toda a Bíblia, sem dúvida. Nele extraímos verdadeiros tesouros de Deus para a restauração de indivíduos, de sociedades e da igreja do Senhor. Em dias caóticos como os nossos, dias em que tudo ao nosso redor são ruínas e nossa maior necessidade é que o Pai Celeste venha nos restaurar os valores morais e espirituais perdidos, talvez não haja outra mensagem mais pertinente que a de Neemias.
 
Houve autêntica restauração em Judá nos tempos daquele homem de Deus. E tudo começou com um clamor, o que lemos no primeiro capítulo. É a primeira lição de Neemias. A partir do versículo quatro, a Bíblia nos conta qual foi a reação do copeiro do rei Artaxerxes ao ouvir sobre a situação de Jerusalém e dos judeus que lá estavam. Tendo ouvido as más notícias sobre o seu povo e a cidade de seus pais, Neemias iniciou uma súplica doída, angustiada, com jejum, regada a lágrimas, feita “dia e noite” (conforme o versículo seis), com abundância de confissão de pecados (versos seis e sete), alicerçada nas promessas de Deus contidas nas Escrituras (versos oito e nove). A súplica perdurou por aproximadamente cento e vinte dias!
 
Ao lermos hoje sobre o clamor de Neemias, nós, crentes em Jesus Cristo, temos razões de sobra para nos enchermos de vergonha. Pois nós fomos cegados por nossa insensibilidade e egoísmo. Enquanto a sociedade brasileira se afunda numa depravação moral sem precedentes, escravizada pela imoralidade sexual, drogas, insubmissão às autoridades, desonestidade generalizada e outros cânceres, nós, que deveríamos ser sal da terra, luz do mundo, testemunhas vivas do amor de Deus, santos e irrepreensíveis, brincamos com o Evangelho. Transformamos nossos cultos em shows de entretenimento, nossos louvores em musiquinhas “pop” fúteis, nossas pregações em palestras motivacionais. Realizamos campanhas de oração em busca de prosperidade material, como se essa fosse a causa mais nobre e importante. Oramos pouquíssimo e somente em favor de nossas próprias necessidades (ou, em muitos casos, nossas tolas vaidades). Pouco nos importamos se a esmagadora maioria dos brasileiros está caminhando a passos largos rumo ao inferno.
 
A maior carência da igreja brasileira não é por pastores, nem por instrumentistas, cantores, professores de Escola Bíblica Dominical, diáconos, presbíteros, líderes de jovens ou qualquer outro ministério reconhecido. O que mais tem faltado no nosso meio são homens e mulheres que sentem profundamente a miséria do pecado. Crentes sensíveis à voz do Espírito Santo, capazes de gemer e chorar por contemplarem as iniquidades escandalosas desta geração. Servos de Deus os quais perdem o sono pensando nas milhares de almas que a cada dia partem para a eternidade sem Jesus, irremediavelmente destinadas à perdição eterna. Santos que oram dia e noite, intercessores genuínos, sintonizados com o coração do Pai, cheios de compaixão pelos perdidos. Cristãos autênticos que amam a igreja de Cristo e se comovem ao vê-la em amizade com o mundo. Que o Deus Todo-Poderoso tenha misericórdia de nós e levante pessoas como Neemias entre nós! Ó Senhor, tira-nos dessa condição espiritual miserável! Restaura-nos! Reconstrói nossos muros!

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