terça-feira, 23 de julho de 2013

Ingratidão e idolatria

Em Jeremias 2:1-8, a Bíblia nos conta uma história de ingratidão. O povo israelita, a quem o Senhor amou e libertou da opressão no Egito, conduzindo-os de modo maravilhoso pelo deserto até Canaã, a terra prometida, esqueceu-se de Deus, voltando-se para os ídolos. Aquela mesma gente que experimentou o cuidado e a fidelidade divina, que derrotou inimigos mais fortes do que eles em circunstâncias milagrosas, logo se encheu de soberba. Imaginaram não depender mais da graça do Altíssimo, julgaram-se autossuficientes. A idolatria, que significa adorar obras das próprias mãos, foi o passo seguinte, a consequência natural. Ídolo é criação humana, é o homem adorando a si mesmo, através de um deus que lhe seja conveniente.
 
O ocidente “cristão” tem vivenciado o mesmo processo. Sendo gentios, fomos alcançados pela graça divina, por meio de Jesus Cristo. Deus nos fez Seu povo, e passamos a viver como Igreja, tendo a Sua Palavra como guia. Em diversas épocas o Senhor nos repreendeu, quando O negligenciávamos, fabricando nossos ídolos. Mas era correção amorosa, para o nosso bem, pois o Criador e Sustentador do universo sabe que, sem Ele, não iríamos longe. Ao mesmo tempo, Deus sempre nos chamava de volta, erguendo profetas, produzindo avivamentos, despertando-nos outra vez.
 
Hoje, vivemos em um tempo de tecnologia e conforto sem precedentes, num progresso que, além de ser favor divino, deve muito ao cristianismo (basta ver o grande número de universidades de origem cristã). E, mais uma vez, a soberba encheu-nos, e passamos a atribuir à nossa própria capacidade toda a fartura que possuímos. Por isso, quanto mais rica a nação, mais evidente é o processo de secularização. A cultura norte-americana e a europeia abraçam valores anticristãos, tais como o aborto, a eutanásia, a pornografia, o consumismo exacerbado e tantos outros, e nós, brasileiros, os seguimos de perto, como também o fazem outros povos latino-americanos.
 
Somos idólatras. Esquecemo-nos de Deus, e de como fomos até aqui sustentados e guardados por Ele. Nossos valores não são bíblicos, e nisso incluímos grande parte dos cristãos professos, frequentadores de igrejas. Não existe a preocupação de se viver conforme as Escrituras em todas as áreas da vida, a não ser em um grupo restrito de crentes. Adoramos ao Senhor com os lábios, e, contudo, tomamos para nós os ídolos de uma cultura secular pós-cristã e anticristã (o deus sexo, o deus dinheiro, etc), cultura esta incompatível com os valores do Reino de Deus. Também era assim em Israel e Judá, onde o povo adorava ao Senhor Jeová e a Baal ao mesmo tempo. E Deus rejeitava esse culto duplo, esse “coxear entre dois pensamentos”, como certamente rejeita o nosso!
 
Somos ingratos. Nossa ingratidão se torna flagrante quando desprezamos as instruções de Deus, julgando-nos mais sábios que a Bíblia, donos de nós mesmos, capazes de criar uma sociedade mais justa do que aquela planejada pelo Autor da vida. Essa ingratidão salta aos olhos, ao decidirmos que o consumismo é melhor que a moderação; a sensualidade, mais interessante que o pudor; a bebedeira e as drogas, melhores que a sobriedade; o aborto e a eutanásia, mais corretos que a valorização da vida; a sexualidade desregrada e sem limites, mais adequada que o casamento heterossexual e monogâmico; o enriquecimento imediato, melhor que o trabalho diligente e honesto; o feminismo (negação de QUALQUER diferença entre os sexos), mais virtuoso que os papeis bíblicos do homem e da mulher. Em tudo isso, rejeitamos Deus, o Seu Reino e a Sua justiça, enquanto desfrutamos de tantos bens e favores que Ele, graciosa e pacientemente, continua nos concedendo.
 
É hora de reavaliarmos nossas crenças e valores e nos arrependermos de nosso conformismo com o presente século, voltando-nos para Deus e Seus princípios imutáveis expressos nas Escrituras. Tenhamos consciência de quem o Senhor é, reconheçamos a Sua maravilhosa graça manifestada a nós em Cristo, pois este é o primeiro passo indispensável. E então, comparemos a beleza de Cristo com a futilidade e fugacidade dos ídolos contemporâneos. Quando atentarmos para essas verdades, louvaremos ao Senhor com corações jubilosos e cheios de gratidão, rejeitando como lixo tudo que ofende ao Seu caráter santo. Clamemos a Deus que, por Sua imensa bondade, abra os nossos olhos e nos restaure para Ele outra vez!

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