quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Pregação do Evangelho ou palestra motivacional?

Recentemente têm despontado no meio evangélico pastores que usam o púlpito de uma maneira completamente diferente dos seus colegas de gerações passadas. O semblante desses novos pastores é descontraído, não há neles o menor sinal de quebrantamento. Não gostam de falar sobre pecado, arrependimento, graça, salvação, santificação ou vida eterna; os temas de suas mensagens relacionam-se às questões desse mundo, não enfocando a necessidade de alguém testemunhar a Cristo em seu viver cotidiano, e sim demonstrando como se pode alcançar qualidade de vida. As ilustrações e exemplos apresentados por eles não produzem contrição nos seus ouvintes, e sim gargalhadas. Quem os ouve aplaude e sorri o tempo inteiro, e volta para casa sentindo-se leve, despreocupado. 

Esses novos pastores são talentosos. Não é justo acusá-los de mediocridade. Sua capacidade de prender a atenção do público é notável, bem como a habilidade em provocar reações. Não há monotonia quando falam, as pessoas gostam de ouvi-los. São excelentes palestrantes motivacionais (e isso é dom de Deus). Seriam as pessoas mais indicadas para se apresentarem em eventos promovidos por grandes empresas, quando se pretende melhorar o ambiente de trabalho e o desempenho dos funcionários. E, como palestrantes, mereceriam receber altos cachês, porque são competentes. Poderiam viver dignamente, trabalhando em uma profissão secular de modo agradável a Deus, e dali terem provido o seu sustento e o de sua família. 

O problema é que eles estão no lugar errado, ocupando púlpitos de igrejas ao invés de palcos em centros de convenção. E na função errada, atuando como pastores, e não como palestrantes. Pois existe um abismo entre o papel destes e daqueles. O pastor tem o dever de pregar o Evangelho tal como revelado nas páginas da Bíblia, e ao fazê-lo deverá, necessariamente, proclamar o arrependimento e a submissão ao senhorio de Cristo. A pregação bíblica não produz risadas nem faz alguém sentir-se mais leve; antes, expõe a miséria do homem pecador, levando-o ao quebrantamento e à dor no coração, que só passa mediante a confissão feita a Deus. A única motivação gerada pela exposição do Evangelho é a certeza de que o Senhor Jesus um dia virá nos buscar, e até lá devemos viver de modo a glorificarmos Seu Nome e O revelarmos ao mundo através de nosso testemunho. O ministério pastoral e a consultoria motivacional não se confundem, em hipótese nenhuma! 

Talvez algum pastor com o perfil dessa nova geração leia este texto e se sinta ofendido, porque tem convicção de seu chamado. De fato, pode ser que haja homens vocacionados ao ministério pastoral usando o púlpito de modo equivocado, como se o seu papel fosse motivar e entreter os membros de suas igrejas. A cada um destes, com toda humildade, dizemos o seguinte: Prezado pastor, você foi escolhido pelo Senhor para anunciar o Seu glorioso Evangelho. Em Nome de Jesus, esqueça tudo que você tem lido, visto e ouvido a respeito de pregação e ministério hoje em dia. Seu modelo precisa ser outro! Leia atentamente os discursos do Senhor Jesus e os da igreja primitiva registrados nas Escrituras (por exemplo, os de Estevão e de Pedro). Depois estude as pregações de ministros santos do passado, como Jonathan Edwards, John Wesley, Charles Spurgeon, etc. Tome-os como exemplo e aprenda com eles, pois o tempo comprovou que foram fieis e produziram excelentes frutos. 

Entenda uma coisa. O pastorado traz consigo responsabilidades tremendas. O Senhor Deus lhe pedirá contas da alma de cada um dos membros e visitantes da congregação na qual você exerce seu ministério, e até mesmo de cada uma das pessoas que adquiriram os DVDs de suas palestras ou assistiram a elas pela Internet! Você, pastor, não precisa ser infalível, graças a Deus. Mas tem a obrigação de se colocar debaixo da autoridade do Altíssimo, buscar n’Ele orientação e unção, e anunciar tão-somente o Evangelho. Não a mensagem que o mundo deseja ouvir, não aquilo que provoca risos e arranca aplausos das multidões, mas a Palavra de Deus! Tome, então, uma decisão radical, reveja os temas de suas mensagens e o modo como elas têm sido expostas, torne-se irreconhecível para os seus ouvintes! Cumpra o seu ministério do modo correto, como os verdadeiros ministros de Deus sempre fizeram desde os tempos dos apóstolos, pois isso agradará ao Todo-Poderoso. E quando você tiver que comparecer perante o Tribunal de Cristo, entenderá o quanto valeu a pena deixar a aprovação do mundo para fazer a vontade do Senhor!

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