domingo, 31 de maio de 2015

Quem rejeita Jesus Cristo, também rejeita Deus, o Pai

O capítulo 10 de Lucas nos conta a respeito do envio de setenta discípulos, incumbidos de anunciar nas cidades de Israel a vinda do Reino de Deus, com grande poder e sinais. Naquela ocasião, depois de repassar uma série de instruções aos setenta, o Senhor Jesus disse algo tremendo sobre as consequências da mensagem do Evangelho na vida de quem a ouve: “Quem vos der ouvidos ouve-me a mim; e quem vos rejeitar a mim me rejeita; quem, porém, me rejeitar, rejeita aquele que me enviou” (Lc 10:16). 

A primeira afirmação do Mestre não traz polêmica nenhuma. Quem ouve ao anúncio das Boas-Novas feito pela Igreja está acolhendo ao próprio Cristo. A segunda afirmação, porém, é assustadora: rejeitar a pregação do Evangelho significa dizer “não” ao Senhor Jesus. E, mas terrível ainda é a terceira afirmação dita por Ele: quem O rejeita como Filho de Deus, Senhor e Salvador também está rejeitando o próprio Deus. Em outras palavras, o Todo-Poderoso não aceita o culto de quem não crê em Seu Filho unigênito! De fato, a impossibilidade de salvação fora de Cristo é claramente expressa em muitas outras passagens bíblicas, como João 14:6, João 3:35-36, Marcos 16:15-16, Atos 4:11-12, Mateus 10:32-33, etc. 

No entanto, algumas denominações parecem ser regidas por outra “bíblia”. E no “livro sagrado” delas a chamada ao arrependimento de pecados e fé em Jesus Cristo é algo supérfluo, até mesmo indesejável em certos casos. Melhor é deixar que cada um creia naquilo que quiser, já que todas as religiões são igualmente “boas”, e todos somos “irmãos” e “filhos de Deus”. E, para evidenciar sua disposição ecumênica, tais igrejas promovem celebrações com a presença de líderes de religiões não cristãs. Não veem mal nenhum em cultuar ao Senhor lado a lado com pessoas que consideram Jesus um simples profeta, ou mesmo um impostor. Cristo morreu na cruz para salvar todo mundo, não é mesmo? Deus, o Pai, não rejeitará alguém só porque tal pessoa viveu e morreu negando o Seu Filho unigênito, certo? 

Essa mentalidade pseudo-cristã e bizarra ficou evidente num episódio na cidade alemã de Speyer Rhineland em 10 de novembro de 2013, na Igreja Memorial da Reforma, templo considerado um monumento à Reforma Protestante. Ali foi promovido um concerto inter-religioso cristão e muçulmano, e o ato de abertura foi o cântico de chamada à oração proferido pelo imã muçulmano(o mesmo entoado nas mesquitas, os locais de culto do Islamismo. Líderes evangélicos e membros daquela igreja se fizeram presentes, além de uma orquestra de músicos profissionais, num evento grandioso do ponto de vista humano. De repente, uma mulher chamada Heidi Mund, erguendo uma bandeira da Alemanha na qual apareciam os dizeres “Jesus Cristo é o Senhor” surgiu na galeria, proclamando o senhorio de Cristo sobre aquele país e repetindo a famosa frase de Martim Lutero: “Aqui estou eu, e não posso fazer outra coisa”. Em resposta, os organizadores do evento a expulsaram do lugar, já que a mensagem dela não lhes era conveniente. 

Quem agiu mal nessa história? A manifestante cristã não pode ser condenada por ter repudiado tamanha afronta ao bendito Nome de Cristo. O líder muçulmano foi à cerimônia como convidado, e não é razoável esperar dele uma postura bíblica, uma vez que ele próprio não crê na mensagem do Evangelho. Errada é a Igreja Evangélica da Alemanha, seus pastores e demais membros presentes, porque têm as Escrituras nas mãos e, no entanto, julgam-se no direito de promover uma celebração imoral num templo cristão, desprezando por completo os ensinos da Bíblia sobre o senhorio de Jesus Cristo, simplesmente para agradar homens. Errados são os que, embora não creiam sinceramente em nenhum dos pontos mais elementares do cristianismo, ainda assim permanecem no ministério pastoral, e, pior, influenciam negativamente congregações inteiras. Errados são os que, de tão frios espiritualmente, não podem mais reconhecer uma heresia ou mesmo uma blasfêmia. 

O evento, afinal, aconteceu. A mulher que gritava “Jesus Cristo é o Senhor da Alemanha” foi retirada, e o concerto prosseguiu. Entretanto, a questão fundamental é: Deus aceitou aquele culto? O Pai de Jesus Cristo Se alegrou com a realização de um evento no qual cristãos professos se uniram em oração com muçulmanos, os quais consideram o Filho somente um profeta (aliás, um profeta menor que Maomé)? O Altíssimo foi honrado quando pessoas, em tese, cristãs, disseram, não com palavras, mas através de atitudes, que crer na mensagem bíblica da salvação consumada na cruz pelo Senhor afinal não é algo tão importante assim? Evidentemente não! Vem então outra pergunta: será que a intenção dos adeptos do ecumenismo, ao buscarem a comunhão com religiosos das mais diversas crenças sem chamá-los ao arrependimento e fé no Salvador, é realmente cumprir a vontade de Deus?

sexta-feira, 1 de maio de 2015

A unidade da Igreja e a impossibilidade de comunhão espiritual com os incrédulos

A unidade da Igreja é a vontade de Deus claramente expressa nas Escrituras. Textos como os de João 17:20-23, Atos 2:42-47, Atos 4:32-35 e Efésios 4:1-6 exaltam essa unidade, enquanto outras passagens, tais como 1Corítios 3:1-9 e Judas 19 condenam as divisões no Corpo de Cristo. À luz da Bíblia, rivalidades e ausência de comunhão entre denominações cristãs são consequências do pecado de líderes e membros. No capítulo 5 de Gálatas, o apóstolo Paulo chama de “obras da carne” as discórdias, dissenções e facções, incluindo-as na mesma lista em que constam a prostituição, bebedices, idolatria e feitiçaria. Sem dúvida, a falta de unidade é uma grave ofensa contra o nosso bendito Senhor que deu a vida por todos nós que n'Ele cremos. 

Também é vontade de Deus que a Igreja se abstenha de manter comunhão espiritual com os incrédulos, sejam eles adeptos de crenças não cristãs ou falsos cristãos seguidores de heresias. Exemplos claros de textos bíblicos exortando-nos a não compactuarmos com práticas religiosas diversas do cristianismo encontramos em 2Coríntios 6:14-18 e 1João 4:1-6, e exortações a nos separarmos dos falsos crentes podemos encontrar em Gálatas 1:6-9, Colossenses 2:8, 16-23, Apocalipse 2:2, 6, Apocalipse 2:14-15 e Apocalipse 2:20-24. Logo, em conformidade com a Palavra de Deus, as práticas ecumênicas indiscriminadas, pelas quais cristãos promovem celebrações em conjunto com quem não professa a mesma fé bíblica e cristocêntrica, também constituem grave ofensa contra o Senhor da Igreja. 

A ordem bíblica, portanto, é de união entre cristãos e separação em relação aos “cristãos” hereges e aos adeptos de religiões não cristãs. Aqui cabe esclarecer que a Bíblia não nos manda deixarmos o convívio amigável e respeitoso com pessoas seguidoras de outras crenças (aliás, o amor ao próximo é um dos principais mandamentos de Cristo), mas tão-somente exorta-nos a nos abstermos de compactuar com as práticas religiosas delas. Entretanto, como distinguiremos os cristãos com os quais manteremos comunhão daqueles que se declaram cristãos, mas na verdade seguem uma religião maculada por heresias? Quais critérios devemos adotar, a fim de cumprirmos a vontade de Deus, a qual inclui unidade e distanciamento, comunhão e separação? 

A resposta não é tão simples. Cabe-nos buscá-la nas Escrituras, em humildade, sem nos prendermos às nossas convicções quanto a questões secundárias, sobre as quais a Bíblia não traz uma resposta óbvia e inquestionável (tais como o momento certo para o batismo – se na infância ou na idade adulta, o modo correto de administrá-lo – se por aspersão ou imersão, as questões relativas à predestinação e livre-arbítrio, o cessacionismo ou o pentecostalismo, divergências quanto ao milênio, etc). Importa-nos definir qual é a essência da fé cristã, os pontos fundamentais do Evangelho de Cristo, dos quais não podemos abrir mão. E então saberemos reconhecer uma igreja cristã, com a qual devemos manter comunhão (e, se não o fizermos, desagradaremos ao Senhor), e também reconheceremos uma igreja herética, da qual precisamos nos afastar (e, não o fazendo, desagradaremos ao Senhor). 

Felizmente, homens santos do passado, dedicados estudiosos da Palavra de Deus, já fizeram esta reflexão, buscando definir a essência do Evangelho, os fundamentos da fé cristã, as verdades primárias sem as quais não há cristianismo. Isso foi feito de modo particularmente decisivo em dois momentos históricos importantes, e exposto em duas declarações aptas a definir qual é a fé da verdadeira Igreja de Cristo. Falamos do Credo Apostólico e dos Cinco “Solas” da Reforma. Não é exagero dizermos que todas as denominações cristãs bíblicas concordam com as afirmações professadas pelos nossos pais na fé nestes dois documentos, mesmo aquelas igrejas que não adotam confissões em sua doutrina. Podemos ter a convicção de que este é o resumo do cristianismo não falsificado, por isso temos meios para saber com quem iremos manter comunhão, promovendo celebrações e eventos em conjunto, dividindo o mesmo púlpito, tomando juntos a Ceia do Senhor. Eis a resposta de que precisamos: 

“Creio em Deus Pai Todo-Poderoso, Criador dos céus e da terra. E em Jesus Cristo, Seu Filho unigênito, nosso Senhor, o qual foi concebido pelo Espírito Santo. Nasceu da virgem Maria, padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado. Desceu ao hades. Ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus, está assentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso, de onde virá para julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na santa Igreja universal, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição do corpo, na vida eterna. Amém”. 

“Somente as Escrituras. Somente Cristo. Somente por fé. Somente pela graça. Somente a Deus seja a glória”.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Marxismo cristão? Nunca!

As ditaduras marxistas foram (e ainda têm sido) um dos períodos mais sombrios da história. O projeto de uma sociedade livre de opressão, concebido no Século XIX por pensadores como Friedrich Engels e Karl Marx (autor da obra clássica O Capital), começou a se materializar na sangrenta Revolução Russa de 1917, sob o governo de Lenin – responsável pela execução de toda a família real daquele país. Experimentou notável crescimento durante a ditadura de Stalin, época em que pelo menos vinte milhões de cidadãos da Rússia e países vizinhos foram mortos em decorrência das ações militares ou repressivas promovidas pelo déspota da Geórgia (uma matança três vezes e meia maior que o Holocausto Nazista!). Alcançou o Oriente em 1949, na República Popular da China chefiada por Mao Tsé Tung, mentor da chamada “Revolução Cultural”, um período de intensa perseguição contra todo e qualquer suposto “adversário” do regime. E chegou ao Continente Americano uma década depois, na Cuba de Fidel Castro. 

Nos países em que vigorou o socialismo marxista, os direitos e garantias individuais mais primários foram retirados da população. Na cidade de Berlim, o governo da então Alemanha Oriental chegou ao cúmulo de erguer uma muralha com o propósito de impedir que o povo passasse para o lado ocidental, a parte do território alemão não controlada pela tirania marxista. Em Cuba, milhares fugiram do país em embarcações – muitas delas precaríssimas – atravessando o mar até o Estado da Flórida, EUA, a fim de se livrarem do pesadelo Fidel Castro. Até hoje multidões de norte-coreanos sonham em deixar o país, fugindo para a vizinha Coreia do Sul. De fato, o direito de ir e vir nunca foi respeitado nas nações socialistas, assim como o direito à escolha dos próprios governantes, a liberdade de expressão, a liberdade religiosa e tantos outros. A perseguição ao cristianismo ainda é terrível nos poucos lugares onde sobrevive o marxismo, especialmente na Coreia do Norte, que mesmo hoje mantém cristãos em prisões idênticas aos velhos campos de concentração. 

A sedução marxista contaminou muitos, nos quatro cantos do planeta. Em diversas nações, intelectuais, estudantes universitários e gente simples do povo trocaram seus empregos, estudos e famílias por uma vida na clandestinidade, empunhando armas de fogo e aprendendo táticas de guerrilha em organizações esquerdistas. Praticaram assaltos, sequestros e homicídios, tudo pelo sonho comunista. No Peru, o grupo Sendero Luminoso, encabeçado pelo ex-professor universitário Abimael Guzmán, implantou o terrorismo no campo, intimidando camponeses pobres mediante as táticas mais vis, a fim de conquistar aliados. Na Colômbia, as “Farc – Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia” se uniram aos traficantes de cocaína, gerando uma perigosíssima mistura entre ideologia política e criminalidade. Quanto estrago, quanta loucura, quanta perdição em nome de uma utopia fadada ao fracasso, que é a ilusão de transformar o mundo num lugar de paz e fraternidade através da força! 

Entretanto, há quem se diga cristão e, ao mesmo tempo, socialista. Pior, há quem pense que o projeto marxista é o meio pelo qual Deus irá libertar os oprimidos deste mundo! Existe um grupo de cristãos professos imaginando que os novos céus e nova terra não serão trazidos com o retorno triunfante de Cristo, o julgamento dos incrédulos, a derrota definitiva de satanás, a destruição do pecado, a glorificação dos eleitos, nada disso. Antes, acreditam que as forças opressoras do capitalismo são o real inimigo, e este será derrotado com a ascensão de governos populares, chefiados por operários e camponeses! Pensam que Marx cometeu um “pequeno equívoco” ao incentivar a implantação do ateísmo e a perseguição religiosa, mas, exceto por esse “deslize”, o economista alemão estava antevendo os planos de Deus para a redenção da humanidade quando escreveu “O Capital”! 

Diante de tamanha aberração, resta ao verdadeiro cristão, aquele que acredita nas Escrituras, nas realidades espirituais ali mencionadas e na suficiência de Cristo, repudiar veementemente essa teologia louca e herética, a qual tenta submeter a Palavra de Deus ao projeto humanista e ateu de Marx. Pois o Reino do Senhor não é deste mundo (João 18:36), aqui somos como peregrinos e forasteiros (1Pedro 2:11), nossa luta não é contra a carne e o sangue (Efésios 6:12), nossa esperança em Cristo não se limita a esta vida terrena (1Coríntios 15:19), temos convicção do retorno glorioso do Senhor Jesus à terra (Atos 1:11), nosso verdadeiro tesouro está nos céus (Mateus 6:20) e nosso anelo é vivermos a eternidade com o Senhor (João 14:3). E, sendo assim, socialismo e cristianismo representam duas cosmovisões absolutamente antagônicas e duas crenças totalmente incompatíveis. Marxismo cristão, nunca!

sexta-feira, 17 de abril de 2015

A calamitosa situação da igreja evangélica brasileira no Século XXI

Desde a chegada dos primeiros missionários europeus, logo após a Proclamação da Independência, os quais vieram pastorear imigrantes luteranos de língua alemã, seguidos pelos pioneiros batistas e presbiterianos de língua inglesa e pelos pentecostais da Assembleia de Deus que desembarcaram em Belém do Pará, a chamada igreja evangélica brasileira conheceu uma série de movimentos e tendências, até chegar nos dias atuais, época em que mais de um quarto da população se declara “evangélica”. Em menos de duzentos anos, saltamos de um punhado de pessoas para dezenas de milhões! 

No entanto, a esmagadora maioria das denominações ditas “evangélicas”, de seus pastores e membros adotam um sistema de valores e crenças muitíssimo diferente da doutrina proclamada pelos crentes do passado. Se alguém fizer uma pesquisa séria junto à população brasileira, descobrirá que a fé genuinamente bíblica e cristocêntrica – seja a de tendência tradicional ou a carismática – é compartilhada por uma parcela reduzida do nosso povo. De fato, o que se entende hoje por “igreja evangélica” não tem relação alguma com a doutrina expressa nas Confissões de Fé clássicas (de Ausburgo, de Westminster, a Confissão Batista de Londres, etc) ou com aquela sistematizada nas obras dos teólogos assembleianos. Infelizmente, o evangélico brasileiro comum crê em outras coisas. 

A fé do evangélico professo neste início de Século XXI é moldada por líderes como Edir Macedo, R. R. Soares, Valdemiro Santiago e o casal Estevam e Sônia Hernandes. Não tem absolutamente nenhuma relação com o ensino de Lutero, Calvino, Weslley, Spurgeon, Daniel Berg ou David Wilkerson. Não possui raízes na teologia de Agostinho e Atanásio, nem nos escritos dos apóstolos Paulo, Pedro e João. Não olha para o Senhor Jesus, o Cordeiro de Deus que veio ao mundo, não para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate de muitos. É uma doutrina nova, criada em meados do Século passado e popularizada no presente, de conteúdo paupérrimo, sem profundidade alguma. Não simples (aliás, isso seria uma virtude), mas simplista, banal, rasa. E, o mais grave, não conduz a Cristo; antes serve à carne, à velha criatura não salva, não regenerada. 

Primeiramente, o evangélico brasileiro, assim como a maioria da população, não gosta de ler. Lê tão-somente alguns versículos da Bíblia, os que contêm alguma promessa ou palavra de encorajamento, e livrinhos de poucas páginas escritos pelos líderes das denominações mais populares. Também, como um “bom brasileiro”, ama assistir à TV, e costuma acompanhar programas televisivos como “Show da Fé”, “Vitória em Cristo”, etc (nos quais a maior parte do tempo é usada em pedidos de ofertas, ataques pessoais velados e propaganda). Consequentemente, o conjunto de valores e crenças desse evangélico padrão é extraído de livros motivacionais de trinta ou quarenta páginas e da programação “evangélica” apresentada na televisão, sendo “complementado” pela pregação de domingo do pastor local (que sofre das mesmas limitações citadas acima). 

Além disso, o evangélico brasileiro comum gosta muito de ouvir música gospel, e, como não conhece as Escrituras, se permite ser doutrinado pelas letras das canções de “louvor” (lamentavelmente, escritas em sua maioria por artistas que também não entendem nada de Bíblia e teologia). Dessa forma, refrãos musicais flagrantemente contrários aos ensinos bíblicos, contendo mensagens humanistas, revanchistas ou expressando um entendimento equivocado sobre batalha espiritual são tratados como se fossem expressões autênticas da Palavra de Deus. E isso contribui ainda mais para consolidar o erro na mente do ouvinte, que já come e bebe heresias dia e noite. 

Como fruto da ignorância teológica e bíblica, o típico evangélico brasileiro não entende que a razão da sua própria existência é a glória de Deus. Não se considera um pecador indigno, incapaz de, por méritos pessoais, agradar ao Senhor. Antes, considera-se “fiel”, porque crê em Jesus, dá o dízimo e não pratica certos pecados específicos. Entende que, sendo filho, tem o direito de exigir a realização de todos os seus sonhos (e o Pai Celeste, a obrigação de cumpri-los). Espera resolver cada um de seus problemas “amarrando o diabo” e “determinando a vitória” em nome de Jesus. Crê em maldições hereditárias. Acredita que até os crentes podem ficar endemoninhados. Só pensa na eternidade quando a morte se aproxima. Confunde emoção e barulho com manifestações do Espírito Santo. Seu anelo é ficar rico e desfrutar abundantemente dos bens materiais. Imagina que a salvação é obtida através da repetição de uma simples oração “aceitando Jesus”. Detesta a pregação expositiva do Evangelho, mas vibra com as palestras motivacionais. Pensa que o pregador mais “espiritual” é o que não prepara o sermão e só fala de improviso. Não se preocupa com reverência. Acha que a oração do pastor é “mais forte” que a do membro. E por aí vai! 

Essa visão mesquinha, egoísta e distorcida das Boas-novas leva o evangélico comum a não se importar com o seu testemunho pessoal. Quem não tem como objetivo viver para a glória de Deus e ignora as exortações bíblicas sobre o dever do cristão de ser “sal da terra e luz do mundo”, fatalmente torna-se desleixado nesse quesito. É lógico que a maioria evita pecados escandalosos e grosseiros (exemplos: adultério, embriaguez), mas não vê problema algum em contar fofocas, causar intrigas, deixar de pagar as contas em dia, assistir a filmes e programas de TV repletos dos piores valores mundanos, ser orgulhoso, divertir-se com piadas imorais, zombar do próximo, vestir-se sem nenhum pudor e modéstia, tomar emprestado e não devolver, trabalhar de forma desidiosa, descumprir compromissos, participar de discussões de baixo nível, insultar pessoas, enfim, manter um comportamento idêntico ao da média dos incrédulos. 

Por tudo isso, a situação da igreja evangélica brasileira neste Século XXI é calamitosa. Por sua profunda ignorância bíblica e doutrinária. Por seus líderes desprovidos de conhecimento teológico, arrogantes, marqueteiros, amantes do dinheiro, que vivem tentando levar para as suas igrejas os membros de outras denominações. Pelo falso louvor musical, o qual usa ritmos da moda para embalar letras grotescamente antibíblicas, repletas de heresias. Por seu púlpito contaminado, de onde são proferidas palestras motivacionais domingo após domingo, enquanto a pregação do Evangelho é posta em terceiro plano. Pelas suas práticas bizarras, típicas de quem não lê a Bíblia, não ora e não tem vida devocional nenhuma. Por seu amor ao dinheiro e aos bens materiais, que são o seu verdadeiro tesouro e o anseio maior de seu coração. Pela completa ausência de santidade, que gera um vergonhoso testemunho público. 

Ah, quem dera fôssemos, ao invés de cinquenta milhões de “evangélicos”, dez milhões de crentes autênticos! Ah, se alguns milhares de pastores deixassem seus ministérios e fossem aprender a Palavra do Senhor em seminários comprometidos com a sã doutrina! Se a maior parte dos líderes famosos simplesmente se aposentasse e dedicasse o resto da vida a gastar sua fortuna bem longe do povo de Deus! Se a vendagem de CDs e o interesse por shows “gospel” caíssem a menos da metade, e só sobrassem grupos interessados em cantar louvores ao Rei dos reis, sem ambicionar o megaestrelado! Se no lugar de mil novos livros de autoajuda fossem publicadas cinquenta obras de sólido conteúdo teológico! Que maravilha seria se não tivéssemos nenhuma construção faraônica com capacidade para cinco ou dez mil pessoas de uma só vez, e sim muitos templos onde cem, duzentos ou quinhentos servos de Deus O cultuassem em espírito e em verdade! Quem dera a “teologia” da prosperidade e o movimento “gospel” deixassem de existir no nosso país, e em lugar deles tivéssemos o Evangelho de Cristo! Oh, Senhor, tem misericórdia da igreja brasileira!

terça-feira, 31 de março de 2015

Aos seguidores de Karl Barth

Karl Barth foi um dos maiores teólogos do Século XX. As obras do famoso pastor suíço natural da Basileia, considerado o pai da “neo-ortodoxia” protestante, têm influenciado gerações de obreiros e estudiosos de teologia há quase cem anos, desde a publicação da clássica “Carta aos Romanos”, de 1919. Este Blog não segue as ideias de Barth, aliás, discordamos de várias delas, por divergirem do entendimento cristão reformado tradicional em que cremos. Mas nutrimos por ele grande respeito e o consideramos um servo de Deus, o qual amou a Cristo, reconhecendo-O como único Senhor e Salvador. 

Entretanto, constatamos que muitos dos seguidores de Karl Barth da atualidade têm falhado naquilo que o mestre suíço tinha como seus pontos fortes. Pois grande parte dos barthianos contemporâneos desprezam algumas das lições mais importantes que se percebe na trajetória de vida de Barth. Esta é a razão de ser da presente postagem, um texto dirigido especialmente a tais pessoas. E é com temor que o fazemos, reconhecendo que entre elas há doutores e doutoras em teologia, homens e mulheres dotados de notório conhecimento acadêmico. E que muitos dos tais são pessoas amabilíssimas, corretas, cheias de virtudes de caráter. Por isso convidamos você, que hoje segue os passos de Karl Barth, a ler este texto, pois o Senhor, que fala através de iletrados e até de jumentas, pode ter algo a lhe dizer. 

Primeiramente, recordemos o início da carreira de Barth. O então jovem pastor da Basileia era um adepto do liberalismo teológico, socialista, filiado a um partido político de esquerda. Mas então experimentou um grande desgosto ao ver diversos de seus mestres apoiarem abertamente a política bélica do imperador alemão da época. Logo depois veio a Primeira Guerra Mundial e a sensação de perplexidade diante dos horrores experimentados na culta Europa, justamente quando se cria ter a humanidade atingido níveis excelentes em conhecimento e civilidade. Tudo aquilo fez Karl Barth rever suas ideias, voltando-se para Cristo e as Escrituras. 

Em segundo lugar, consideremos a relação de Barth com as Escrituras. Embora formado num ambiente acadêmico no qual reinava o liberalismo, onde todo o conteúdo bíblico que não pudesse ser comprovado cientificamente era descartado, o teólogo Suíço passou a reconhecer o livro sagrado como a testemunha de Cristo, o meio através do qual Deus nos fala eficazmente. Sua postura diante da Bíblia era de temor e reverência, se comparada à da maioria daquela geração. Prova disso foi a sua reação diante do programa de demitoligização do alemão Rudolf Bultmann (pelo qual se propunha desconstruir todos os “mitos” bíblicos, isto é, milagres e eventos sobrenaturais). O ceticismo e a crítica aberta de Bultmann às Escrituras causaram o rompimento definitivo e irreversível entre os dois teólogos. 

Finalmente, vale lembrar qual era o entendimento dele a respeito do significado de teologia. Barth considerava um absurdo que se transformasse a teologia em ciências da religião. A partir do estudo sobre o pensamento de Anselmo de Canterbury, Karl Barth elaborou a Teologia da Palavra, afirmando que esta não pode ser feita objetiva e friamente, mas somente tendo em conta a revelação feita por Deus em Cristo, a qual é recebida por graça mediante a fé. Disse também que só se pode fazer teologia com oração e em obediência. E que apenas por meio da fé, jamais da razão humana, é possível compreender a Deus e Sua revelação. 

É verdade que Barth não compartilhava do entendimento tradicional dos cinco Solas, a essência da fé cristã evangélica reformada. Não reconhecia a inerrância bíblica, negava a condenação eterna dos incrédulos e outros pontos importantes na teologia de precursores como Lutero e Calvino. Porém, seus escritos e experiências mostram um homem desiludido com socialismo e política, decepcionado com o liberalismo teológico, desgostoso com o “academicismo” e o tratamento frio e racional dado às Escrituras nos seminários, disposto a crer na Bíblia e obedecê-la, humilde e reverente diante da majestade de Deus e de Seu Filho Jesus Cristo. São estas características que nos levam a respeitar Karl Barth, ainda que dele discordemos em diversas questões. 

Aos barthianos de hoje, muitos dos quais demonstram uma confiança tremenda nos partidos de esquerda e nos ideais socialistas, amam a teologia liberal, têm um prazer incrível nos debates sociológicos e filosóficos em torno da religião praticados nas universidades, criticam a Bíblia com uma tranquilidade assustadora (especialmente quando estão ministrando aulas nos seminários teológicos), apoiam uma série de práticas simplesmente incompatíveis com a mensagem bíblica (aborto, “casamento gay”, etc) não demonstrando nenhuma disposição em sujeitar-se aos padrões de Deus contrários à cultura vigente, nossa exortação é que mirem-se no exemplo de Karl Barth. Pois o pastor da Basileia, embora sujeito a imperfeições e falhas como qualquer ser humano, soube humilhar-se diante da mão poderosa do Senhor, e essa foi a sua força e o seu principal ensino. E que, considerando a peregrinação de Barth, do liberalismo rumo à ortodoxia, não tomem o caminho inverso, nem mesmo se detenham onde ele parou; antes, caminhem ainda mais que ele em direção à fé cristã bíblica ensinada por Cristo e divulgada pelos apóstolos. Que o Senhor os abençoe!

quinta-feira, 26 de março de 2015

O Credo Apostólico na mente de um liberal

O Credo Apostólico é um dos documentos mais essenciais da fé cristã. Cada uma de suas declarações trata de pontos perfeitamente corretos e absolutamente inquestionáveis para todos nós que cremos e confessamos a Jesus Cristo como Senhor. Seu conteúdo é puramente bíblico, por isso nenhum cristão adepto de uma teologia ortodoxa, fundada na Palavra de Deus, sequer cogita a possibilidade de duvidar das verdades ali contidas. 

Para os adeptos do liberalismo e neoliberalismo teológico, a coisa não é bem assim. Embora as denominações dirigidas por homens seguidores dessas correntes teológicas adotem o Credo Apostólico (algumas o incluem na liturgia do culto), a verdade é que os teólogos de cunho liberal ou neoliberal não creem nas palavras daquela clássica profissão de fé. Nesta postagem nós tentamos decifrar o que se passa na mente de um deles quando recita o Credo. Não com base em “achologia”, mas no que muitos deles deixam transparecer. O resultado seria mais ou menos este: 

– Creio em Deus Pai Todo Poderoso, Criador do céu e da terra. 
(“Mas não um Pai presente, que Se revela com clareza! Também não aquele Criador narrado em Gênesis. Pois tem o Big Bang, a Evolução das espécies...”). 

– E em Jesus Cristo, Seu Filho unigênito, nosso Senhor. 
(“Não existem provas sobre isso. Quem será o Jesus histórico, se retirarmos os mitos sobre Ele que estão na Bíblia?”). 

– O qual foi concebido pelo Espírito Santo. Nasceu da Virgem Maria. 
(“Isso é um mito. Onde já se viu ser concebido dessa forma?!!!”). 

– Padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado. 
(“Isso pode até ser verdade, mas não há provas históricas suficientes”). 

– Desceu ao Hades, ressuscitou no terceiro dia. 
(“Outro mito”). 

– Subiu ao céus, está assentado à direita de Deus Pai Todo Poderoso. 
(“Isso não pode ser verificado historicamente”). 

– De onde virá para julgar os vivos e os mortos. 
(“Não podemos ter certeza quanto a esse futuro retorno de Jesus à terra. E certamente não haverá julgamento nenhum, pois, se Deus é amor, não pode condenar ninguém”). 

– Creio no Espírito Santo. 
(“Não temos condições de saber exatamente quem ou o que é o Espírito Santo”). 

– Na santa Igreja universal, na comunhão dos santos. 
(“Não somente a comunhão da Igreja. Precisamos incluir os budistas, espíritas, judeus, muçulmanos, esotéricos, etc. Não há religiões certas ou erradas”). 

– Na remissão dos pecados. 
(“De todos os seres humanos. Deus salva a todos”). 

– Na ressurreição do corpo, na vida eterna, amém. 
(“Não se pode comprovar a ressurreição do corpo. Deve haver uma vida eterna, mas não temos condições de saber como será”). 

E então, alguém deseja ser pastoreado por um líder com esses pensamentos e valores? É essa a teologia que queremos na nossa igreja? Pense nisso, caro(a) leitor(a)!

sábado, 14 de março de 2015

Piso (e teto) salarial para pastores

Um dos maiores motivos de escândalo para as igrejas na atualidade é a torpe ganância de pastores (ou bispos, “apóstolos”, missionários, etc), homens que se enriquecem no ministério, alcançando altíssimos padrões de vida com o dinheiro de dízimos e ofertas. A opulência desses maus obreiros, adeptos da “teologia” da prosperidade, causa repulsa até nos ímpios, tamanho é o contraste entre as fortunas daqueles e a vida simples e humilde vivida pelo Senhor Jesus enquanto esteve na terra em forma visível de homem. 

Por outro lado, existem outros em situação inversa. São crentes no exercício do ministério pastoral que trabalham intensamente e ganham pouquíssimo, verdadeiros salários de fome, mal tendo condições de prover o sustento de suas famílias. Talvez seja esta a situação da imensa maioria dos pastores missionários espalhados pelos quatro cantos do Brasil, homens vivendo sem férias ou descanso, com horário certo para começar a lida diária (de manhã bem cedo, quase de madrugada), mas sem hora para parar. 

As Escrituras repreendem veementemente quem transforma o ministério em fonte de lucro, movido pelo amor ao dinheiro (conforme 1Timóteo 6:3-10), mas também determinam que haja salário digno para os ministros do Evangelho (ver Lucas 10:7). Por uma questão de bom senso, entendemos ser justo conceder aos pastores um valor mensal suficiente para a provisão das necessidades materiais dele próprio e de seus familiares (alimentação, educação, saúde, transporte, moradia, vestuário, lazer, etc). Todavia, não convém pagar valores astronômicos a alguém em troca do trabalho na seara do Senhor. Sobretudo porque os salários exageradamente altos tornam-se uma cilada para quem os recebe, pois geram corrupção no coração humano. Uma solução razoável seria estipular um piso salarial para pastores, e também um teto salarial. 

Evidentemente, o pastorado não é uma ocupação qualquer. Médicos, engenheiros, operários, professores, advogados ou enfermeiros não terão que prestar contas ao Senhor pelo destino eterno das almas de seus clientes, pacientes, alunos, patrões ou colegas de trabalho, mas os pastores responderão, sim, por cada ovelha que vierem a negligenciar. A proposta de um piso e um teto salarial para os ministros do Evangelho pode inicialmente soar como algo estranho, mas o propósito é garantir a dignidade no exercício ministerial, e ao mesmo tempo coibir a farra dos falsos mestres, marajás da fé, servos de mamom, que tanto envergonham o povo de Deus. 

Naturalmente, o piso e o teto seriam para quem exerce o ministério em tempo integral. Existem muitos pastores trabalhando em profissões seculares oito horas por dia (o que é lícito), e sua dedicação ao pastorado se dá em tempo parcial, em algumas noites durante a semana e aos domingos. São um caso a parte, devem ser remunerados sim, mas não tanto quanto os de dedicação integral. Outro fator importante é que o salário do pastor vem dos dízimos, e algumas congregações são pequenas, outras grandes; umas possuem membros de classes média e alta, enquanto outras são formadas por gente pobre e sem recursos. Logo, o salário do pastor deve ser proporcional ao tamanho da congregação e à renda dos irmãos (levando-se também em conta os anos de exercício ministerial, questões de hierarquia e a formação teológica). 

Como piso, entendemos o seguinte. O pastor exerce um papel de liderança em sua comunidade e deve ser honrado por ela. Isso é bíblico. Sendo assim, deveria receber um valor mínimo correspondente ao dobro da renda média dos membros que trabalham (não da renda familiar, mas da renda pessoal dos trabalhadores assalariados). Por exemplo, numa congregação cujos membros ganham, em média, um salário mínimo e meio, o pastor receberia pelo menos três salários mínimos. Em outra, na qual a renda média é de três salários mínimos, o pastor ganharia não menos do que seis salários mínimos. Se uma congregação é muito pequena, não recebe repasses (de uma matriz, ou Sede) e não possui condições de conceder ao pastor essa remuneração, também não pode exigir que ele se dedique exclusivamente ao ministério. O obreiro precisa então ser liberado para ter sua própria profissão secular, a fim de sustentar a si mesmo e à sua família, e seu tempo semanal de dedicação ao pastorado será menor. 

Para o teto, poderia ser estipulado o valor máximo de oito vezes a renda média dos trabalhadores assalariados da igreja. Tal salário deveria ser reservado exclusivamente aos ministros que atingissem simultaneamente esses três requisitos: 1) ter longa experiência e bons conhecimentos teológicos; 2) pastorear uma congregação numerosa; 3) pastorear uma congregação de pessoas de baixo poder aquisitivo. Por exemplo, imaginemos uma igreja com dois mil membros, a qual demanda imensos esforços e dedicação de seu pastor dirigente, um homem com vinte anos de labor na seara de Cristo. Suponhamos que, nessa congregação específica, a renda média dos irmãos trabalhadores assalariados seja de apenas um salário mínimo. Seria extremamente injusto pagar um valor baixo ao obreiro com tão grandes responsabilidades. A renda mensal de oito salários mínimos lhe garantiria dignidade para exercer suas funções, podendo prover o sustento do seu lar com tranquilidade. 

Ainda no que tange ao teto salarial, seria prudente estipular um valor máximo geral (independente da congregação pastoreada), proporcional à renda média mensal dos trabalhadores brasileiros. Hoje, o brasileiro ganha em média R$1.795,53, segundo o IBGE (conforme o site Portal Brasil). Entendemos ser justo fixar como valor limite para o salário de quem exerce o ministério pastoral o equivalente a seis vezes essa média nacional (atualmente, R$10.773,18). A razão é simples: não é bom que um ministro do Evangelho alcance um padrão de vida absurdamente superior ao do povo que ele próprio se propõe a pastorear. Não mediante o salário recebido de sua igreja. Se o obreiro deseja um ganho maior, que complete sua renda com uma profissão paralela (exemplo: professor universitário, escritor, etc). 

Um piso e um teto. O valor mínimo, estabelecido para evitar que um homem seja explorado por sua própria congregação, trabalhando excessivamente, dedicando-se de corpo e alma à causa do Reino de Deus sem obter uma contraprestação decente. O valor máximo, fixado para coibir a mercantilização da fé, o enriquecimento no exercício do pastorado, a supervalorização de um líder que deveria primar pela humildade e jamais cobiçar os tesouros deste mundo. Esses valores de referência, como não estão determinados em nenhuma lei, seriam observados somente pelas denominações que desejassem fazê-lo. Mas, quem sabe, uma proposta nesse sentido teria a vantagem de levar o povo de Deus a uma reflexão acerca do significado e importância do pastorado. E, ao mesmo tempo, exporia a feiura da avareza, tão comum entre os (maus) pastores. Esta é apenas uma ideia, algo a ser pensado. Que outras ideias surjam, práticas sejam revistas e o Nome do Senhor seja glorificado!